Everglow é a favor do empoderamento feminino através do comércio ambulante no trem em Pirate

Vou começar esse post dizendo que eu sou muito mal interpretada pelos fãs do Everglow. De vez em quando, aparece alguém nos comentários dizendo que eu só sei criticar as coitadas e que, numa realidade extremamente alternativa onde elas conhecem meu blog e leem as coisas que eu escrevo, elas ficariam muito tristes. Pois eu venho aqui fazendo a minha própria defesa dizendo que não é bem assim: mesmo depois de meses, Bon Bon Chocolat e LA DI DA apareceram no meu Wrapped 2021. 

Enfim, Everglow tá de volta depois da péssima, detestável e repugnante First com um conceito que não se distancia muito da imagem forte que elas querem passar e, com isso, não atrai muito a minha atenção. Ainda assim, parece que um comeback das gatinhas é sempre muito esperado pela fanbase, então eu não posso perder a oportunidade de garantir minhas views usando o grupo de isca. Pra isso, eu decidi ouvir Pirate sem esperar absolutamente nada. 

Quer saber o que eu achei? Só depois do MV.

Quem leu meu post sobre First vai lembrar de um parágrafo específico (ou mais de um, não tenho certeza) onde eu critico o MV todo por parecer muito caro e não contar nenhuma história, apesar de ter um visual promissor. Inclusive, eu acabo imaginando o que poderia ser feito ali, como explorar o lado mais distópico e realmente dar uma emoção pro produto final. Pirate é o resultado disso: não tem um roteiro fantástico nem nada do tipo, mas é sim uma espécie de distopia/space opera mais bem trabalhada com um orçamento que faz jus a coisa toda. 

E já que meus desejos foram atendidos pela Yuehua, surge então o interesse de destrinchar um pouco mais isso aqui. Como música, acho que Pirate pode ser a tentativa mais feliz do Everglow em tentar lacrar sem parecer vazio ou forçado. Eu gosto do conceito de piratas espaciais espalhando caos e feminismo pelo universo, e acho que a letra casa muito bem essa ideia, como se fosse de fato uma história sendo contada pra quem assiste. Não temos muito de interpretação, apenas um monte de carões e figurinos closudos, mas se a gente levar em conta o enredo todo, acaba sendo legal ver as meninas em posições de poder absoluto, empunhando espadões e empinando motos no espaço. 

Ainda falando da sonoridade, Pirate poderia ser muito bem o tipo de música que não me agrada, principalmente quando vem do Everglow e seus pancadões barulhentos. Porém acho que o jogo se inverteu aqui e eu acabei gostando quase que de forma instantânea, juntando elementos inconsistentes que me lembram So What do LOONA, e refinamentos não-irônicos de Cool, do Weki Meki. O resultado é um EDM crocantíssimo que cai muito bem em momentos onde eu simplesmente não quero levar o kpop a sério, mesmo que em quase três minutos e 40 a estrutura se perca um pouco. 

Sinceramente, achei que fosse ser viúva de LA DI DA por mais tempo, mas o Everglow fez a curva e me deu uma carona na espaçonave pra gritar por aí que esse é o poder e a gente que aceitar porque dói menos. O pancadão, junto com um fecho, já virou o som assinatura delas e talvez não dê pra fazer muita coisa a essa altura do campeonato; aliás, não tem problema nenhum em soltar um farofão desses, mas é importante que rolem algumas experimentações dentro de um certo nicho musical pra não cair na mesmice como outros grupos por aí. O segredo pra acompanhar o Everglow é dar uma chance sempre que puder, mas sem esperar muito. E aí, músicas não-intencionalmente divertidas como Pirate surgem. 

Escute também: Don’t Speak

Acho que os EPs do Everglow nunca me agradaram de verdade porque eu dificilmente gosto de uma b-side delas (Untouchable foi exceção). O Return of the Girl pode ser um pouco decepcionante pra quem procura alguma coisa diferente na discografia delas, mas como sempre o grupo desova um popzinho que, geralmente, a gente não associaria a elas. Dessa vez, Don’t Speak cumpre esse papel, com uma pegada leve mais voltada ao disco e algumas influências de grupos clássicos femininos dos anos 50. É aquilo: talvez não viva muito na minha playlist, mas também não ofende.

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Um comentário

  1. Concordo com o que o Lunei disse: achei a música bem com cara de 2011. Quando ouvi, me pareceu uma mistura de Don’t You Worry Child com Where Have You Been com algo a mais pra diferenciar, e como eu gosto de ambas, foi um ponto mais que certeiro pras meninas! 🤞🏻
    https://www.youtube.com/watch?v=1y6smkh6c-0
    https://www.youtube.com/watch?v=HBxt_v0WF6Y
    P.S.: Tomara que continuem nas farofas de fácil digestão e se tornem um ótimo contraste aos traps horrendos do BostaPink. Se querem pintá-las como bad girls, podem muito bem fazer isso por cima de instrumentais audíveis

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