Reflexão: se meu eu do passado soubesse que o aespa algum dia lançaria algo como Girls…

Prestes a completar seu segundo aniversário de debut, o aespa segue sendo um daqueles grupos que criam muito burburinho por se manterem fiéis ao lema “ame ou odeie”. Não que elas sejam exatamente líderes de alguma revolução musical dentro do kpop, mas ainda fazem parte do projeto megalomaníaco da SM, onde todos os atos da empresa estão conectados de alguma forma que eu nem sei se o velho Sooman vai fazer questão de explicar.

Por aqui, as vespinhas continuam sendo as mais trabalhadas, com um enredo e universos próprios. E, pelo que parece, Girls encerra a primeira saga do grupo contra a pavorosa Black Mamba (vocês já vão entender o motivo de eu ter usado especificamente esse adjetivo), então as divulgações foram pesadas, com dois pré-lançamentos propositalmente distintos entre si. Confesso que, mesmo percebendo o tamanho da ambição da SM com esse comeback do aespa, eu fiquei empolgada.

Vamos ver o que o aespa tem pra contar pra gente em Girls.

Enquanto eu penso no multiverso da SM como uma grande lavagem de grana, eu também acredito que tenha sido isso que entregou de volta o título de pioneirismo pra empresa. Mesmo odiando o aespa muito mais do que eu amo, uma coisa a gente precisa admitir: dessa nova safra de grupos, talvez elas sejam o que mais provoca emoções profundas em quem ouve. Não importa se é de desgosto, se é de paixão, se é de tristeza, enfim, mas os sentimentos existem e, sempre que sai alguma coisa nova, é motivo de embate e discussão acalorada pelos becos mais escuros e constrangedores do Twitter. E eu acho corajoso, ao mesmo tempo que eu acho isso fruto de muito dinheiro envolvido, se manter nessa linha, o que acaba dando maior identidade pro aespa nesse mar de debuts que aconteceram de 2018 pra cá. 

O que eu quero dizer é que não existe meio termo quando a gente vasculha o que o aespa já lançou enquanto grupo. Uma música do naipe de Next Level, por exemplo, não é algo que se escuta pra ficar indiferente; ela provoca o ouvinte o bastante pra emitir opiniões do tipo “que lixo!” ou “resetaram a indústria musical”, é um sentimento de idolatria ou desprezo enormes dependendo de quem consome, quase duas torcidas rivais de futebol se encontrando. É justamente o que eu mais gosto de acompanhar enquanto blogueira fundo de quintal. Nada é mais divertido do que ver adolescente puxando cabelo e arranhando a cara de outro adolescente por um quarteto de garotas tão expressivas quanto uma folha de papel. 

Daí justamente no último ato que mataria a Black Mamba, onde tudo deveria transcender os limites da loucura, o aespa mete essa. Sério, se eu tivesse um pau, ele teria murchado no mesmo instante em que Girls começou a tocar. Simplesmente não me passa a sensação de que o mundo pode acabar caso a jararaca tome o poder de tudo, não é desesperadora, não se apropria do épico, não rompe barreiras, não tem o poder da amizade, nada. É mais uma demo ruim que foi descartada pelo NCT lá em 2019 e, por acaso, alguém achou que seria uma ótima ideia ressuscitar (porque o fato de jogar uma faixa fora aparentemente não significa grandes coisas pros produtores da SM). 

E a Black Mamba morre de um jeito tão ridículo, sabe? Aliás, a gente mal vê ela no MV, assim como as habilidades de cada integrante que ficaram famosas depois do lançamento do último EP; são referências e certos closes que fazem alusão de que o aespa finalmente invadiu o covil dela (que é um grande edifício corporativo no meio de uma cidade distópica). Sei lá, definiram esse conceito de ficção científica e depthcore pro grupo, mas parece que faltou pesquisa pra deixar tudo tão convincente quanto o episódio um do Culture Universe, e como a própria música já não ajuda tanto, o resultado final é bobo. Talvez por não ser tão vanguardista, Girls pode ser um hit tardio e conquistar seu espaço de forma orgânica entre aqueles que não gostaram, mas eu sinceramente duvido muito que isso aconteça comigo. 

A não ser pelo break que sampeia brilhantemente Army of Me da Björk (inclusive é a minha parte preferida da música toda), Girls é uma bela de uma broxada. Com o orçamento desse MV, daria pra construir um puta roteiro como o T-ARA fez em 2012 com muito menos, mas a história da queda da Black Mamba parece corrida demais pra caber em quatro minutos e meio. Uma pena, acho que a SM perdeu uma oportunidade enorme de fazer um bagulho mais grandioso e ainda conseguir os mimos da fanbase, aí sim Girls arrancaria perucas. Do jeito que as coisas saíram, deixo com vocês as conclusões da minha reflexão: se meu eu do passado soubesse que o aespa algum dia lançaria algo como Girls, eu jamais teria falado tão mal dos singles anteriores. Ou, pelo menos, teria um pouco de consideração antes. 

Escute também: Illusion

Não tem como: a grande estrela desse segundo EP do aespa é Illusion, que, mesmo sendo um pré-lançamento de junho, consegue equilibrar perfeitamente os aspectos da personalidade do grupo conforme eu disse mais pra cima. Não é um hyperpop violento e nem costura três músicas diferentes em uma; na verdade, Illusion é bem simplona, apostando no instrumental eletrônico de forma constante sem muitos elementos acontecendo de surpresa e ao mesmo tempo. O que faz de Illusion uma faixa premium na discografia do aespa é que ela consegue agarrar todo o empoderamento feminino que o grupo tem com uma sensualidade avassaladora nos vocais, o que deixa a música com uma aura bem estranha e magnética, exatamente a sensação de ver um fogo-fátuo (will o’ the wisp), muito ligado à lendas urbanas e folclores, vagando no meio de um pântano à noite. Se eu fosse apontar um erro, seria o fato da SM ignorar o potencial dessa daqui e dar um MV pro cocozão que é Life’s Too Short no lugar. 

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Um comentário

  1. As outras músicas eu até consegui ouvir até o final, mas essa não, parei o MV na metade, o que é uma pena, pq eu quero gostar do grupo, por toda a ideia futurista, mas essas músicas não me descem de forma nenhuma, desisto!

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