Pacotão AYO GG | As 100 melhores de 2021 (40-26)

Edit 06/01: Sim, eu atrasei os posts de novo, mas por favor, tenham piedade do trabalhador brasileiro.

Feliz ano novo! Como passaram a virada? Apesar de ainda me sentir doente e ter ficado em casa isolada com meu namorado (que também tava doente), foi tudo muito bom, sossegado e gostosinho. Espero que todos possamos ter um novo ano cheio de felicidade, saúde e bons lançamentos no mercado asiático.

Como ainda estamos falando de 2021, vamos pra próxima parte do ranking do AYO GG, onde o negócio vai ficando cada vez mais estreito e competitivo. Apesar de conter algumas faixas que começaram a fazer barulho um pouco mais tarde, outras foram cogitadas para a última parte o tempo inteiro. Vamos ver quem foram as cortadas nessa bateria. 

40. Weki Meki – Sweet Winter

A última do Weki Meki nessa lista (e olha que esse EP rendeu aqui) é Sweet Winter, uma das b-sides mais gostosinhas de 2021. Eu amo como isso aqui flerta com bossa-nova, house e ainda acrescenta umas batidas tribais ali no meio do caminho, criando uma estrutura riquíssima e interessante de se ouvir, além das harmonizações inesperadas que rolam pela ponte. É uma música complexa, daquelas que a gente não se vê gostando tão fácil, mas é aí que mora a graça de Sweet Winter, porque ela consegue ser uma coisa mais chill e que te bota pra cima ao mesmo tempo. O I Am Me demorou pra sair (em termos de comeback mesmo), mas foi um ótimo sinal de um Weki Meki que está amadurecendo dentro dos seus próprios limites e estilo. Claro, elas podem sempre soltar uma farofa crocante, porém é bom saber que o grupo consegue ser mais sóbrio assim quando quer. 

39. LiSA – Akeboshi

A LiSA, ao contrário da tailandesa, nunca decepciona a galera. Depois de se estabelecer como a rainha das OSTs, a gata não sossegou e entregou mais bops animescos, mas o que teve uma vida mais longa comigo foi Akeboshi, de longe a melhor coisa que ela já lançou nos últimos anos. Essa é a abertura da adaptação para TV do filme Kimetsu no Yaiba Infinity Train, e, apesar de nunca ter me interessado em ver a franquia, acho que Akeboshi dá uma vida a mais pra tudo. É um número rock como sempre, mas a adição de elementos de metal sinfônico, parecendo um daqueles shows de tirar o fôlego do Nightwish ou do Within Temptation, além de embarcar num instrumental mais oriental em alguns momentos, e isso faz com que a faixa seja tão poderosa, talvez até mais poderosa do que a história do anime em si. Aqui também é possível perceber a extensão vocal inacreditável da LiSA, daquilo de ter timbres e registros completamente opostos um do outro. Dá pra entender porque ela é uma das artistas mais queridas do Japão hoje.

38. Brave Girls – Fever

Mesmo fazendo um sucesso estrondoso e, principalmente, inesperado, o Brave Girls não prometeu muita coisa com esse comeback. Modestas demais, né? Summer Queen é um dos melhores EPs dos últimos tempos no kpop porque ele consegue ser brega, sexy e atual, provando o poder do Brave Brothers como produtor. Fever é um ótimo exemplo, encerrando o álbum com uma faixa que não é exatamente cintilante e animada como a sonoridade dele se propõe, mas é tão empolgante quanto. Isso aqui grita segunda geração a todo momento, desde o rap cheio de autotune, e que não soa vencido de jeito nenhum (till six in the morrrniiiinn), até essa abordagem mais sensual que tinham aos montes nos álbuns de, sei lá, um Dalshabet ou 9MUSES da vida. Tudo isso embalado num disco-funk maravilhoso, com toques meio michael-jacksonescos, com gritinhos e harmonizações típicas do soul, ali no refrão e os vocais graves e, por várias vezes, sussurrados das meninas fazem de Fever a melhor b-side desse álbum incrível.

37. PIXY – Moonlight

Sabe aquilo que eu comentei do PIXY saber entregar b-sides como ninguém hoje no kpop? Pois é, elas sabem, mas é um grupo novo; a gente nunca sabe se é “sorte de principiante” em conseguir um contrato com um produtor bacana ou, enfim, nuguzagens que fazem a curva e se destacam no meio de tanta coisa famosa e ruim. Mas aí o segundo EP delas saiu mais ou menos no segundo semestre do ano e não foi sorte coisa nenhuma: o PIXY tem, sim, um catálogo fantástico de b-sides. Apesar do MV de centavos lembrando uma versão pobretona de Break the Ice da Britney Spears, Moonlight é uma delícia. Segue a mesma proposta da música acima: é calma e não explode em nenhum momento, mesmo que a gente queira muito que isso aconteça. A linha de baixo de Moonlight é tão classuda e hipnotizante, casando super bem com os elementos mais dark pop dos vocais e da proposta do grupo em si. Só falta o PIXY servir uma title tão boa quanto as faixas dos álbuns.

36. TWICE – Cruel

Outra amostra de músicas que conseguem impactar mesmo com um instrumental mais chill é Cruel, mas o engraçado é que, ainda assim, ela consegue caminhar em outra direção. Apesar do Formula of Love ser o início de um declínio do TWICE como grupo, elas ainda conseguem servir faixas extremamente coesas, e o melhor: que saíram das próprias integrantes. Cruel é mais uma canetada da Dahyun, que também escreveu Scandal e Bring it Back, duas músicas que eu amo de paixão, e ela tem se mostrado uma ótima letrista, que se entrega de verdade ao que sente e consegue exprimir isso em palavras. A música é um disco-pop melancólico de quem foi maltratada e busca vingança, e o refrão mostra exatamente isso: ele é constante e os vocais são até meio frios e dissonantes, quase como um lamento de quem alcançou o que queria, mas não se sente exatamente feliz com isso. Os falsetes são maravilhosos, quase abençoados, e o TWICE conseguiu emular a sua melhor Kylie Minogue aqui. 

35. STAYC – Stereotype

Já o STAYC segue brilhantemente na contramão desses grupos mais novos que andam surgindo. O Black Eyed Pilseung acertou em dar uma identidade diferente pra elas em meio a tanta coisa igual na indústria e, principalmente, depois de estourarem a bolha com um debut forte o bastante (ainda distante dos girl crushes de sempre, mas igualmente forte). Stereotype é sobre quebrar a forma da adolescência e crescer, isso fica muito claro com todo o enredo do MV e da música. E o fato delas terem desacelerado um pouco aqui pode ser broxante pra algumas pessoas, mas acho que a faixa tem pontos específicos que fazem com que ela seja memorável o bastante. O refrão mesmo é um ótimo exemplo, liderado por sintetizadores perfumados e fofinhos enquanto as meninas harmonizam no fundo, além de ser totalmente cantado com esses registros vocais que ainda passam pela puberdade, dão a ideia de que o STAYC é um grupo em processamento ainda, sem pular etapas. É como se a gente visse elas crescerem na nossa frente enquanto empoderam meninas mais novinhas a serem o que elas quiserem ser.

34. Perfume – Polygon Wave

Já comentei várias vezes que 2021 foi um ano inesquecível pro Nakata, que finalmente se reconectou com a sua persona produtora e ofereceu os mais diversos hits, pra todos os gostos. E eu fiquei tão feliz do Perfume ser incluído nesse pacote depois de tanta judiação com a discografia das coitadas. Tudo bem que o MV não é lá aquelas coisas além de um cenário cheio de polígonos e uma vibe mais caseira dentro dos moldes futuristas do grupo, dirigindo um carro pelas ruas de Tóquio até a dimensão desaparecer, mas Polygon Wave como música é maravilhosa, evocando os melhores tempos do Daft Punk pra fornecer os melhores tempos de Perfume em anos. Ela soa muito mais orgânica como um número retrô do que qualquer outra coisa que o Nakata tenha feito pra elas, de ser estranha e familiar ao mesmo tempo, e remeter a outras loucuras instrumentais da carreira delas, mas com uma roupagem mais moderna e adulta. É complicado ver um grupo tão importante perder sua relevância ao longo dos anos, mas Polygon Wave foi a virada de chave pra que o Perfume e o próprio Nakata se reencontrassem de novo. E eu espero outros anos tão produtivos quanto esse.

33. Chungha – Killing Me

Depois do Querencia tem música? Tem. E ainda bem que teve porque o álbum de 21 faixas da Chungha ficou conhecido depois de um tempo só como o álbum de 21 faixas da Chungha. Depois disso ela sumiu; compreensível, afinal trabalhar um conceito desses deve ser extremamente cansativo. É aí que surge Killing Me, mesmo que não diretamente ligado a isso. O EDM é datado e caótico, mas funciona tão bem nisso de se perder na noite depois de uma desilusão amorosa que te quebra em pedaços, em conjunto com as matrioskas, que representam tanto as fases do término quanto o fato de se forçar a se descobrir e encarar suas feridas internas, quase uma auto-terapia. É uma música feita pra ser vulnerável, e fazer com que o ouvinte sinta toda essa catarse com ela, e é tão curioso como Killing Me entrega tudo com tão pouco, sem a intenção de realmente estourar a bolha (porque se fosse uma diva pop ocidental com essa daqui, faria sucesso instantâneo com as gays de charts), mas mesmo assim conseguiu ser a melhor da Chungha em 2021. 

32. Red Velvet – Pose

Nem vou comentar muito sobre a porqueira do Red Velvet voltando depois de quase dois anos de hiato, com a Wendy despencando do palco do Gayo Daejeon e a Irene se envolvendo em uma polêmica com a estilista lá (vou deixar pra falar melhor na lista de piores de 2021), mas essa era teve Pose e, basicamente, serviu tudo com ela. Eu amo ballroom de balada, daqueles que dá pra entregar uns passos de vogue na frente do espelho, e eu acho que o Red Velvet sabe muito bem fornecer esse tipo de sonoridade sem cair na mesmice. Pose tem uma estrutura muito esquisita, principalmente no pré-refrão onde o instrumental cresce de forma desproporcional e incômoda, e tudo fica ainda melhor com os vocais nada melódicos e quase falados da Joy e da Yeri. É uma faixa experimental que não soa pretensiosa em nenhum momento, e assistindo ao stage, dá pra perceber que é uma daquelas músicas de coreografia legal que te faz parecer extremamente gostosa e closuda. Ótima faixa pro 2021 do Red Velvet não cair no esquecimento.

31. Brave Girls – Chi Mat Ba Ram

Só quem tem menos de 18 anos ouviu essa daqui e não se arrepiou com a introdução Brave Sound Drop It LTDA. As velhas da fanbase entraram em polvorosa com Chi Mat Ba Ram e não tem uma vez em que eu me arrepie e quase chore logo nos primeiros segundos de música porque é muita nostalgia envolvida, aquele tipo de nostalgia que você realmente viveu e sente saudades. Tudo aqui soa tão cafona, mas tão gostoso ao mesmo tempo, os saxofones recheando a faixa de cima a baixo sem pudor, e os elementos de eletropop que só o Brave Brothers sabe fazer tão bem. A felicidade das meninas é quase palpável, não tem como assistir ao MV sem sorrir do início ao fim, e o fato de Chi Mat Ba Ram ser segunda geração por completo me deixa tão contente porque o Brave Brothers não abriu mão da sua identidade sonora pra experimentar algum maneirismo atual dos girlgroups, soando exatamente como o Sistar ou o AOA soariam nos seus tempos de glória. Eu enxergo muito o Brave Girls sendo uma resistência anti-tudo hoje, e eu espero muito que isso se consolide como uma espécie de tendência, mesmo que dentro do nicho do grupo. As rainhas do verão 2021 (e do restante dele também). 

30. STAYC – ASAP

E já matamos a próxima do STAYC aqui nesse mesmo post. Uma escolha meio duvidosa da minha parte, ainda mais numa posição relativamente alta, já que eu lembro de ter criticado no dia da estreia, mas ASAP foi um grande viral do Tiktok e, enquanto eu rolava o feed nas minhas horas vagas, o instrumental grudou na minha cabeça de um jeito que não saiu mais. O refrão é uma delícia, bobo e apaixonado, com essa atmosfera mais bubbly. A Sieun quando canta faz meu coração pular no peito, e ela é a grande protagonista nessa música, servindo caras e bocas como uma adolescente faria. Acho que ASAP é uma grande repaginada do aegyo, misturando-se ao incontrolável teen crush atual, mas que soa muito orgânico e gostoso aos ouvidos. Lógico, a estrutura da música é desajustada e até tenta entregar uma dualidade entre bubblegum pop e sintetizadores mais pesados, mas é fácil ignorar isso e seguir somente com as partes boas. O importante de tudo é que o Black Eyed Pilseung sabe onde pisa com o STAYC, sem medo de errar nas produções e anotando os pontos a melhorar pra que o grupo seja o mais completo e versátil possível no futuro. 

29. Nada – Spicy

Ano retrasado, a Nada trouxe uma das melhores crocâncias nugu do kpop, e em 2021 ela se comprometeu com a conquista e entregou Spicy, talvez uma das melhores farofas industriais que eu já ouvi na vida. A personalidade da Nada é isso aqui, e ela sabe muito bem se aproveitar da sua imagem mais fierce&bold pra fazer faixas tão sem-vergonhas quanto essa daqui. A voz rasgada e agressiva da Nada é tudo pra mim (no pun intended), e eleva muito a experiência de ouvir isso aqui. O refrão, potente e violento, carrega sintetizadores metálicos que transformam o trap em um ballroom excelente, uma mistura que nunca fez sentido na minha cabeça até essa música existir. Sem contar os ganchos latinos, com uma flauta se rastejando pelo instrumental tal qual uma cobra pronta pra dar o bote, enquanto a Nada objetifica homens e serve as melhores reboladas que você vai ver de uma solista coreana. Essa é uma daquelas músicas que facilmente cairiam no gosto da fanbase internacional, mas que, por algum motivo, não conseguiu se destacar. Uma pena porque a Nada é a maior baddie do cenário, e a que melhor sustenta essa personalidade hoje.

28. FAKY – 99

Enquanto isso, o FAKY vai sobrevivendo de singles soltos e dando tudo o que as dez gays que acompanham jpop querem. 99, que faz parte do dorama Rika Reverse, é mais uma daquelas que seriam tudo no ocidente, mas não consegue porque veio de um grupo japonês, e eu sei lá qual é a neura da galera com grupos japoneses. Trazendo alguns elementos que as falecidas E-girls usavam muito e outras coisas bem comuns num jpop de boa qualidade, 99 é um funk setentista puro, quase trilha sonora de algum filme de espionagem como a franquia 007, e a letra safadíssima sobre nunca se sentir satisfeita e exigir 100% de devoção é maravilhosa. O fato delas terem feito uma performance especial em parceria com a Adidas no dia internacional da mulher é um plus, enfatizando o prazer da mulher acima de qualquer coisa, e de quebra vendendo bem a imagem de grupo global que elas possuem. A melhor do FAKY esse ano.

27. IU – Lilac

A IU entregou o álbum e a música da sua vida. Literalmente. Depois de crescer diante dos olhos da Coreia do Sul, que ficava atenta ao seu próximo movimento com a ansiedade de quem espera sempre o melhor, a irmãzinha da nação anunciou o impossível: ela faria 30 anos em 2021. Sim, a IU cresceu e conseguiu embalar o fim dos seus vinte anos num city pop cintilante e melancólico, revisitando toda a sua carreira e subvertendo o clichezão de utilizar o trem como um artifício pra passagem da vida em uma coisa linda e emocionante. Eu amo cada detalhe de Lilac, amo desde o mural com os álbuns anteriores dela representando destinos, amo o bilhete cheio de referências e amo demais como o conceito de primavera como estação se conecta tão bem com as primaveras da vida, de vivenciar vários ciclos e sentir que a cada idade é um novo desabrochar. Essa IU adulta, que sabe aproveitar cada aspecto de si mesma, me deixa muito feliz até hoje, e quando a música termina numa onda de saxofones nostálgicos me lembra até a sensação de ver uma fita de casamento dos meus pais. É meio que isso, né? Todos vimos a IU desabrochar e Lilac é como um vídeo antigo que se repete diante de nós, fazendo com que a importância dessa garota pra música coreana num geral seja finalmente compreendida. 

26. YOUHA – Abittipsy

Quem lembra quando a YOUHA se embebedou com o resto da ceia de ano novo em Abittipsy? Parece que essa saiu há tanto tempo que pode ter passado despercebida pelas listas, e confesso que por mim também (apesar de que ela tenha ganhado muita força lá pelo fim do ano de novo). Ainda assim, Abittipsy continua sendo um retrozão adorável, que se disfarça de fofinho, mas é sobre ficar louca das ideias e se humilhar pro ex de madrugada, que é quando pessoas bêbadas tendem a fazer merda. O que move essa música é o instrumental synthwave texturizado que, ao invés de te levar pra baixo, como muitas coisas inspiradas nos anos 80 fazem, te levanta completamente, como se você quisesse dançar como a YOUHA dança, como se não houvesse amanhã. E, no contexto todo da letra, quem dera não tivesse mesmo um amanhã. A forma como o título brinca com o fato de estar bêbada, como se ela estivesse falando que está “a bit tipsy”, mas de um jeito enrolado que só faz sentido na cabeça de quem tá pra lá de Bagdá é maravilhoso. Acho que a YOUHA nunca se imaginou fazendo a alegria de meia dúzia de blogueiros brasileiros depois que saiu do Future 2NE1 e, consequentemente, da YG, só que ela precisa saber que foi la sensación del botecón aqui. 

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Um comentário

  1. Sonho um dia que a NaDa e a CL trombem em algum Starbucks de Seoul, em que a CL vai lá por ir e a NaDa decidi dar um dia de luxo a ela depois de juntar umas moedinhas wons, façam um troca de números do telegram e façam um feat

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