f5ve é realmente um grupo administrado por gays de fórum em Sugar Free Venom

Pra pequena parcela de aproximadamente cinco pessoas que acompanham jpop hoje em dia, o f5ve finalmente lançou seu primeiro full álbum ontem, numa data bem cabalística pra representar que elas são um quinteto que se chama “cinco” e coisa e tal. Tudo bem, minha mãe também nasceu num 05/05 e ontem teve festinha na casa dela, por isso segurei o post do comeback pra hoje, um dia seis, estragando completamente o marketing do grupo. Mas como eu estava lowkey ansiosa com o que as bonequinhas de Shibuya iam entregar, vim escutando o álbum inteiro no ônibus voltando do trabalho (e sim, até aquela faixa). 

Semanas antes do comeback sair oficialmente, eu notei esse ft. Kesha num post que a conta do f5ve soltou nas redes sociais com a tracklist e fiquei um pouco embasbacada. Não que a Kesha seja relevante ou que ela consiga alavancar a carreira do grupo a patamares mundiais (risos), mas achei inusitado. Ainda sem uma única pista do que a música poderia oferecer, fiquei pensando o que a Kesha poderia acrescentar no som do f5ve, que por si só carrega vislumbres de outras sonoridades tipicamente nipônicas, e como os produtores fariam isso funcionar.

Agora temos Sugar Free Venom e podemos perceber que o som japonês do f5ve não existe. Não é cartunesco como Lettuce, não tem eurobeat noventista como Underground, não é jpoppy como Magic Clock e está longe de ser a perfeição esquisita de UFO. Na verdade, essa é a tentativa mais ocidental do f5ve até o momento. Calcada em hip hop, ela soa até mesmo um pouco linear em comparação aos outros singles, que pareciam vir numa crescente interessante de miscelâneas instrumentais. Talvez qualquer outro grupo emergente de gatinhas ao redor do mundo poderia ter lançado isso sem problemas.

No entanto, algumas coisas em Sugar Free Venom me ganham. A interpretação delas, mais séria, não dura segundos quando a gente nota alguns elementos visuais. Me parece ser uma grande homenagem aos anos 2010, as roupas, os cenários, a coreografia, a direção, a edição. Tudo parece tão tosco e barato que lembra até mesmo um clipe do próprio Happiness em começo de carreira, como se elas tivessem prestando honras ao passado com ares de “sabemos que era tudo muito bobo naquela época e agora temos a oportunidade de usar o pós-modernismo ao nosso favor e dizer simplesmente que é camp”. 

Quando a inserção da Kesha entra, eu tive a certeza de que a galera envolvida com o f5ve é um bando de gays da pan. Antes mesmo do resgate do meme dela sendo louquinha no metrô de Tóquio, a menção do feat em forma de um telão de karaokê já foi o suficiente pra me arrancar risadas, mas acho que as imagens dela cantando foram a cereja do bolo. Eu gosto da Kesha, apesar de não ter escutado nada além de Tik Tok e aquela outra que eu esqueci o nome. É bem legal quando um artista (entre aspas?) se permite dessa forma, usando coisas vergonhosas do passado e transformando em parte essencial de quem eles são e, com isso, liberando umas brincadeirinhas desse tipo. 

Sugar Free Venom não é o melhor single delas, nem de longe. Aliás, o f5ve vem sofrendo do mesmo mal que o resto do pop anda passando nesse ano, com pouquíssimos soltando algo realmente memorável. Se eu fosse definir essa música, eu diria que é a mesma energia da péssima Firetruck, mas canalizada da maneira certa. Porque, no fim das contas, é um girlcrush. Mas tem algo nesse grupo que me prende, que me deixa na expectativa pelos próximos passos. Acho que é o fato de serem adultas que já trilharam o caminho do idolismo e agora fazem o que der na telha, ou por todo mundo envolvido abraçar de verdade a comunidade online e propor experiências como transformar a Kesha num telão de karaokê com imagens do meme. Sei lá. Às vezes um respiro fora da caixinha entediante do kpop já é o suficiente. 

Bluesky | Twitter

2 comentários sobre “f5ve é realmente um grupo administrado por gays de fórum em Sugar Free Venom

  1. Gostei de Sugar Free Venom como a bagaceira inofensiva que é e que só vou lembrar que existe quando der play no álbum completo novamente.

    Ditto isso: Real Girl a melhor do álbum. Ameeeei!

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