Atenção: talvez eu traga um spoiler ou outro sobre os animes listados aqui. Avisando pra caso você não queira ler.
Eu ando com uma boa vontade pra escrever coisas aqui pro blog, daí aproveitei o embalo pra desenrolar a respeito de alguns assuntos que normalmente eu não falaria, mas não tenho outro espaço pra falar, e sei que vocês praticamente não dão dois centavos pros posts que não estejam chapiscando a última gatinha do kpop que soltou um peido em forma de música. Então vou usar meu local (sim, tenho local, tenho moradia, tenho nome, tenho história) pra falar qualquer baboseira que eu esteja afim.
A baboseira da vez é que, em algum momento desse ano, eu completo três décadas de vida. Não é uma idade que se completa sempre (parando pra pensar, nenhuma idade se completa sempre, são todas momentos únicos da nossa existência, mas); decidi parar de ficar deprimida por isso porque não tem nada que eu possa fazer e resolvi transformar em uma enorme desculpa pra desovar listas e listas de coisas que eu gosto. Jeitos de preparar batata. Estabelecimentos do McDonald’s que eu já fui. Filmes que as pessoas me recomendaram e eu nunca me dei o trabalho de assistir. Coisas assim.
Meu aniversário mesmo é só em julho e sim, vai ser comemorado com uma lista do tipo (que eu julgo ser a mais importante de todas), mas, pra iniciar o esquenta, vamos falar de animes. Vocês sabiam que eu já fui uma consumidora assídua de animes? De catalogar no MyAnimeList e tal, pois é. Já devo ter mencionado essa curiosidade sobre mim em algum momento. Não sei quando foi que eu parei de ver; talvez o último que eu tenha completado (e gostado muito) foi Lovely Complex durante o primeiro ano da pandemia e, a partir daí, devo ter reassistido Evangelion e, mais recentemente, tenho almoçado e jantado na companhia do canal exclusivo pra Naruto Shippuden na Pluto TV.
Anime é um elemento extremamente nostálgico da minha história. Desde novinha, quando meu pai assinou TV a cabo e eu passei a ter acesso ao saudoso Animax, mas também desde muito antes, com o SBT e Naruto, Globo e Dragon Ball Z, Record e Pokémon, PlayTV e Ranma ½. Lembro de almoçar assistindo Tokyo Mew Mew, de sair pro colégio com CardCaptor Sakura, de comentar Jigoku Shoujo e xxxHolic com as minhas amigas. Sailor Moon, Gantz, Speed Grapher, Love Hina, Trigun, Ghost Stories e tantos outros. O Animax foi o único canal do mundo a transmitir o último episódio de Excel Saga, totalmente galhofa, pornográfico e antiético. Você sabia disso?
Enfim, listei aqui 10 músicas de animes que eu gosto bastante (30 é muito, eu to com sono). Esqueci de colocar A Cruel Angel Thesis aqui… Será que esqueci mesmo? Ela é tão boa assim?
10. Porno Graffitti – Melissa
Sei que muita gente, quase unanimidade, prefere a versão Brotherhood de FMA. Eu me incluo nessa porção aí, podem abaixar os punhos, mas também tenho carinho imenso pela primeira justamente por ter assistido no Animax religiosamente depois de chegar da escola. Teve uma época no Orkut onde você adicionava um monte de trecos no seu perfil, joguinhos, o tal do Buddy Poke e, também, músicas. Com 12 anos, eu era fascinada por essa faixa do Porno Graffitti, então coloquei lá pra todo mundo saber que eu era uma otaku esquisita. Melissa, pra mim, grita fim de tarde comendo bisnaga com requeijão e achocolatado ainda vestindo uniforme. É uma faixa imbatível também, como grande parte dos hits dessa banda. Os irmãos falham na transmutação pra reviver a mãe, o Al some, o Edward perde o braço e a perna e, no fim, uma linha de baixo sujíssima e kimi no te-deeee ki-ri-sa-i-teeee.
09. Halcali – Long Kiss Goodbye
Comentei no Blue esses dias que estava almoçando enquanto passava Naruto Shippuden na TV e esse era o encerramento da vez. Tenho uma história engraçada com esse anime. Eu parei de acompanhar mais ou menos nessa época aí e, depois, só vi coisas soltas (e Boruto, ugh). “Por quê”, você pergunta. Eu preciso mesmo dizer o que acontece nesse arco? Você vai abrir essa minha ferida sem nem pedir licença? Essa é uma música que me deixa bem chateada porque ela tem contexto pro momento da história. Três mulheres que perderam figuras masculinas importantes nas suas vidas. Deixaram uma mulher grávida sozinha no mundo. Ele nunca se despediu dela. Ele nunca conheceu o filho. A dupla de rappers entoando um tenho esse sentimento estranho de que nunca mais vou ver você até hoje me emociona.
08. Abingdon Boys School – Howling
Tem esse anime chamado Darker than Black que o Liu me obrigou a ver logo quando a gente começou a namorar. Essa porra tem duas aberturas e as duas são pedradas extremamente fortes. Lembro de marcar no MyAnimeList depois de ter dropado esse lixo de vez que esse era um anime horrível com ótimas músicas, caso alguém se interessasse em ler meus comentários por lá, porque é exatamente o que ele é. Ainda hoje, Howling bate diferente em mim. É como se eu tivesse sido sugada em um túnel de vento, buscando equilíbrio e falhando miseravelmente, até ser expelida pela saída de ar no meio do inóspito, como se eu fosse nada. Eu entendo porque os meninos em puberdade se apaixonam pelo Japão. Existe algo muito empoderador nesse nicho de músicas em específico. É irresistível segurar a mão estendida como convite pra ser o protagonista da sua própria história.
07. NICO Touches the Walls – Hologram
Eu disse que gostava mais do Brotherhood assim como vocês, galera. Muita gente associa essa banda a uma outra abertura do Shippuden (que eu amo também), mas sei lá. Tem algo na melodia de Hologram que mexe comigo. Podem ser esses acordes de guitarra dançando felizes demonstrando que essa é, mesmo, uma música alegre e otimista. Pode ser a sinceridade de cada verso porque NICO Touches the Walls sempre foi uma banda sincera em tudo que fez. Quando uma galera se reuniu em Shimokitazawa pra fazer música, eles fizeram mágica. Imagina só se a gente passasse a colocar pop nesses nossos riffs, a beleza que seria. É a fórmula perfeita pra músicas de anime de lutinha com protagonistas buscando o propósito da vida em suas jornadas de herói. Hologram é pop, contagiante e pulsante, é uma carta aberta, um sonho de aquarela com todas as cores me mostrando coisas que eu fui muito cego pra enxergar.
06. eufonius – Megumeru
Sei que comentei antes que tenho dificuldade pra expressar emoções, mas essa sequência que eu montei sem querer parece me contrariar. Eu tenho mesmo dificuldade com as minhas emoções, pessoal. Coincidentemente, os momentos em que eu mais deixei os sentimentos aflorarem estão relacionados com animes. Quer dizer, você realmente tá me falando que não tem nada dentro do seu peito quando o Tomoya finalmente aceita a filha dele com a Nagisa? Você não tem medo de conhecer o amor da sua vida e perdê-lo pra sempre? Porque, infelizmente, as pessoas morrem, sabe. Aqui temos uma viagem pra dentro de nós mesmos. Não é sempre que uma mídia me deixa uma lição de casa, mas Clannad conseguiu instigar algo em mim, que se projeta pra fora do entretenimento até hoje. Por isso eu faço terapia pra descobrir porque não consigo chorar com facilidade. A vida é muito curta.
05. Aya Hirano – Bouken Desho Desho?
A líder do seu clube de atividades paranormais e excentricidades, na verdade, é Deus. O que você faz com essa informação? Eu não vivi a febre de Suzumiya Haruhi no tempo certo. Tinha um certo preconceito em ver a figura dela por todos os lados por uma boa parcela dos anos porque realmente esse anime (e muito mais a personagem, pra ser sincera) virou mania entre todos os otakus da internet. Hoje eu gosto bastante. Tem um estilo avant-garde e fora do comum pra contar a história de uma garota que, na verdade, é sozinha. Esse lance dela ser uma falha no espaço-tempo nada mais é do que o estranhamento que todos nós sentimos perante a sociedade na adolescência, por isso é a melancolia de Suzumiya Haruhi. Um ótimo jeito de contar um coming of age. E a melancolia da abertura também, que nos convida a embarcar nessa aventura que é se descobrir.
04. Akeboshi – Yellow Moon
Outra que involuntariamente me emociona toda vez que eu ouço. Vocês podem perceber que tem bastante Naruto aqui nessa lista, mas é o anime que mais me acompanhou durante esses anos todos e muitas músicas permaneceram comigo. Ainda vai aparecer mais uma logo a seguir, mas a participação da parte clássica termina aqui com Yellow Moon. Por costume, eu não gosto tanto de encerramentos. Acho que os estúdios têm a tendência de escolher músicas fracas pra envelopar os episódios e, por isso, muitas das vezes eu simplesmente pulo, mas não com essa porque eu tenho uma memória muito específica. Lembro de passar uma das minhas férias no apartamento do meu avô em Santos e, como lá não tinha TV a cabo, eu levei meus DVDs do Naruto pra passar o tempo. Esse apartamento, essas férias, esse momento, encapsulado por coisas tão corriqueiras, mas tão bonitas, vive no meu imaginário. É meu porto seguro.
03. nobodyknows+ – Hero’s Come Back
Como o Lunei apontou muito bem uma vez, não existe outra música que represente tão bem o shounen quanto Hero’s Come Back. É como se a energia da batalha fluísse sob seus pés, uma força sobrenatural te empunhando pro alto, um emaranhado de sentimentos estranhos que se embolam no topo do estômago. Não é nada tão simples quanto a empolgação; é o poder que essas histórias têm de nos mover, principalmente quando se é um adolescente descobrindo o mundo. Uma faixa épica, um flow atrás do outro, um mito passando de boca em boca, o mito de que ele voltou. Naruto voltou pra Folha. Crescido, maduro, aprendendo a controlar a Kyuubi e não conseguindo porque ele é o herói que se deixa levar pelas próprias emoções. É intrínseco. A música faz parte da história e vice-versa, e não tinha como ser diferente. Nada está acima disso aqui em termos de anime de luta.
02. Orange Range – O2
Às vezes eu tenho vontade de esmurrar minha cabeça na parede, repetidas vezes. Talvez assim eu perca a memória do dia em que eu, que já tinha perdido os miolos com a primeira temporada de Code Geass, dei início à segunda e foi muito, muito mais impressionante do que tudo que eu já tinha visto desse anime até então. O quê?! A CC recupera as memórias do Lelouch, que terminou a temporada anterior com o cérebro lavado, com um beijo?! Eu nunca vou esquecer a explosão no meu peito quando ele volta a ser o Lelouch de antes. Porque ele ficou um imprestável, sabe? E aí, quando ele desperta, toca ESSA MERDA (fatos sujeitos a falhas de memória). Eu pulei uns cinco metros da cama e devo ter quebrado o estrado. Não sei se vocês sabem, mas o Orange Range é meio que uma banda paródia. Tipo o Ultraje a Rigor, mas sem um Roger ferindo 500 direitos humanos, tocando no programa do Danilo Gentili e apoiando o Bolsonaro (pelo menos eu acho). Code Geass tem uma história tão densa e a abertura é isso daqui, caras… Ouvi tantas vezes dali em diante que eu simplesmente tenho a letra dessa música TATUADA no meu cérebro. Como eu amo essa porcaria. Só não amo mais do que a próxima.
01. Chiaki Ishikawa – Uninstall
Ao contrário do que eu devo ter insinuado no começo do post, Evangelion é um dos meus animes favoritos. Assisti, pelo menos, umas quatro vezes em diferentes idades e é interessante como ele te impacta de um jeito único em cada uma delas. Quando eu era novinha, vi pelo Animax e, apesar de não ter entendido nada, foi um baque. Nunca tinha visto nada como aquilo. A última vez que vi eu já tinha meus 27 anos durante as férias do trabalho e fiquei uma semana em depressão. Esse gênero de crianças dilaceradas pelos horrores da sociedade é bem forte no Japão e, pra ser sincera, eu curto. Crianças são seres muito resilientes. Diante da dor atroz em ver um amigo morrer, elas encontram forças e isso acaba ensinando muita coisa. Outro trabalho semelhante nesse sentido é Bokurano, mas não quero falar do anime porque deve ser uma das piores adaptações que eu já assisti na vida. É no mangá (o meu favorito de todos os tempos) que mora a alma dessa história. Crianças são escolhidas pra comandar um robô gigante que representa a Terra, e aí eles precisam lutar com outro robô gigante cheio de outras crianças de outro planeta. Quem perde, extingue a vida nativa de onde veio. Quem ganha, sacrifica a própria vida pra que os outros continuem vivendo. Não existe lado bom. É surpreendente como essa música extrai a essência exata que a história passa, de que somos frágeis, pequenos, somos nada. Um conto niilista. Escutem enquanto leem a letra, imaginem a nossa realidade nos anos que temos pela frente aqui nesse planeta. Impossível não se arrepiar.

LOBOTOMIZAÇO na praça da liberdade às 22h pra assistir code geass de novo… só de ouvir o2… nem gosto tanto da música em si, mas lembrar do anime… pqp… eu engoli esse anime quando assisti, e acho que quando eu eventualmente assistir de novo, vou sentir como se fosse a primeira vez. essa porra é boa ASSIM
quando falam de músicas de anime, eu não consigo não mencionar mugen loop. lembro como se fosse HOJE e eu estivesse na frente do meu computador de monitor quadrado, assistindo kaichou wa maid-sama, no primeiro episódio do segundo arco, quando trocou a opening, e os pratos da bateria mal me dão tempo de pensar que lá vem mais uma balada preguiçosa quando a guitarra entra e eu passo a prestar atenção no que, três minutos depois, eu viria considerar a melhor opening de anime que eu já ouvi (ainda insuperada). sério, é ridículo, eles não precisavam chamar uma banda de vkei blist pra fazer uma música tão visceral e emocionante pra um shoujo bobinho sobre uma presidente do grêmio que trabalhava meio-período num maid café e era perseguida pelo hafu padrãotron5000 da escola dela, mas there we are
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