Feliz ano novo, meus queridos! Espero que a virada tenha sido ótima pra todo mundo que estiver lendo isso e, assim como eu, se emocionou hoje com a posse do Lula como presidente do Brasil pela terceira vez. Primeiro dia do ano e a gente se enche de esperança pelos próximos 365 dias que vêm pela frente, ainda mais num dia como hoje, mas eu sinto no meu coração que 2023 vai ser muito melhor do que a gente deseja. É o que todos merecemos depois de puro sofrimento e trevas. Estamos na última parte da lista das 100 melhores do ano, aquela que reúne o que realmente não saiu do meu ouvido desde a primeira vez que tive contato.
Porém, como hoje é dia primeiro, vou aproveitar o espaço pra fazer aquele textão que eu costumo fazer nas playlists mensais, comentando sobre as perspectivas pro ano que se inicia, falando dos posts mais vistos em 2022 e agradecendo a todo mundo que se dispôs a acompanhar o que eu escrevo, nem que tenha sido somente por um dia. Num geral, os lançamentos do pop asiático foram bem melhores, ainda que tenham rendido menos música. Aos poucos, o girl crush tedioso vai perdendo espaço e grupos mais interessantes ganham proporção, entregando bops fabulosos cuja validade é bem maior. É o que eu espero pra 2023.
Aproveitando, quero agradecer também a todos os amigos que fiz nessa minha vidinha de blogueira. À blogosfera fundo de quintal, com Dougie, Lunei, Wendell, Gui, Bruna, Arthur, Joe, Sobrinho, Paulo, Carla e Rod, que sempre me deram força e divulgaram meus textos por aí. Ao grupinho do zap (que já tem algumas pessoas aí de cima), as Maris, Kayo, Cainan, que vivem falando besteira o dia inteiro, ao mesmo tempo que me mantém informada sobre os últimos acontecimentos. A Nath, que me ajudou a não deixar o blog cair no esquecimento, contribuindo sempre que pode, e a Bea, que já nessa semana entra aqui pra dividir outros assuntos comigo. Kasper e Gio, duas malucas que também apoiam o AYO GG sempre que podem. E você, de qualquer lugar que seja, que tá lendo até aqui.
Antes de irmos ao top 10, vamos falar de números. 2022 terminou com exatas 78.577 visualizações e 24.661 visitantes em 135 postagens, um aumento de 78% em relação ao ano anterior. É uma felicidade que nem cabe dentro de mim, e podem ter certeza que esse ano a gente vai trabalhar pra continuar crescendo e estourando a bolha. Em ordem, os dez posts mais vistos do blog em 2022 foram:
– As fotos vazada da Nancy, ou como é importante a comunidade combater a misoginia dentro do kpop (12/01/2021);
– Red Velvet erra o ponto do bolo em Birthday e causa uma tremenda dor de barriga nos convidados (28/11/2022);
– Por onde andam as ex-participantes do SIXTEEN? (08/05/2021);
– Afinal, o que aconteceu com o Honey Popcorn nesse fim de semana? (19/01/2021);
– Como afundar seu grupo na m*rda de vez, estrelando Naeun e sua irmã (14/06/2021);
– (G)I-DLE botou mais do que um cropped e reagiu pra caralho em Tomboy (14/03/2022);
– Atsuko Maeda, ex-idol, atriz, mãe: o que existe por trás do monstro de vendas do AKB48 (08/02/2021);
– Por quanto tempo mais o stalker da Nayeon seguirá livre + linha do tempo do caso + saiba como ajudar a proteger (27/01/2021);
– Hoje é meu aniversário: nada mais justo que falar sobre como a Lee Gai “enganou” a indústria do kpop por um ano (19/07/2022);
– Dispatch revela dossiê tentando achar culpados de ambos os lados, mas só prova ainda mais que a Chuu é a mãe dos CLT (19/12/2022).
Obs.: Ditto fica pra 2023, ok?

10. Acid Angel from Asia – Dimension
– MELHOR SUB-UNIT –

Começando esse parágrafo com o óbvio: o Jaden Jeong é um idiota sem profissionalismo nenhum. Quando ele bem entende, simplesmente pula fora de um projeto que passou anos chorando pra sair do papel, e é bem possível que isso aconteça com as coitadas do tripleS. Há quem diga que gênios são assim; já eu acho babaquice mesmo. Por isso eu odiei cada pedaço de mim quando ouvi Dimension pela primeira vez porque é como se ele tivesse ido no céu e cortado um pedaço de nuvem pra gente sentir o gosto. Tudo aqui funciona perfeitamente bem. Ainda que eu não tenha gostado tanto assim da imitação do NewJeans que ele organizou em dois dias, aqui o Acid Angel from Asia reúne tudo de bom que funcionou no saudoso Odd Eye Circle e condensa num ótimo synthpop maduro, que conta com uma ponte roqueira surpreendente e uma brasileira na produção. Não sei se depois ele disbandou a unit por não ter vendido 100k e deu a desculpa de serem rotativas, mas o desgraçado fez arte de novo.
09. LE SSERAFIM – The Great Mermaid

O primeiro EP do LE SSERAFIM foi uma viagem pelo antro feminino. Todas as faixas são empoderadoras a sua maneira, algumas mais classudas e elegantes, outras mais delicadas, e outras como The Great Mermaid, que é feroz e imponente, além de carregar uma ironia gigante por ser mal produzida de propósito. O charme do autotune aqui é ser parte do instrumental, consumindo os vocais do grupo como se fosse uma máquina com consciência, possuindo tudo que estiver pela frente até que elas mesmas sejam os próprios instrumentos. É um megazord desfigurado, que apela pelo gigantismo da figura feminina em assumir seu papel de dominância na própria vida, tomando o conto da Pequena Sereia como pano de fundo pra dizer que Ariel não é mais a sereia que perdeu a independência por um par de pernas. Gosto demais de como a música bate forte nos metais soando como badaladas do inferno. Ela só não foi a maior do LE SSERAFIM esse ano porque, de algum jeito, elas conseguiram se superar.
08. DAOKO – spoopy

Significado de spoopy: algo que deveria ser assustador, mas acaba sendo fofo. Tipo filhotinhos de cachorro vestidos de fantasma pro Halloween. Ou a DAOKO, com a sua voz macia, cantando as frases mais bizarras por cima de um reggae eletrônico absolutamente maluco. E não existe motivo pra ficar horrorizado quando, nos nossos ouvidos, essa mistura acaba se tornando uma das coisas mais deliciosamente agradáveis do ano. Quanto mais eu escuto, mais instrumentos eu encontro (e mais dimensão e volume eles ganham): o baixo que desenha a melodia toda, a guitarra grooveando, a percussão enlouquecida. E, claro, a “flauta árabe” que invade o refrão enquanto a voz da DAOKO reverbera onomatopeias que eu nem sei se foram planejadas ou uma adição engraçada na produção final. De qualquer forma, spoopy é a prova definitiva do porquê acompanhar jpop. Ela pode até não ter sobrevivido ao topo do pódio na versão definitiva do ranking, mas é um daqueles números drogados ao qual eu sempre vou recorrer quando eu estiver tão bêbada a ponto de não saber meu nome.
07. Seulgi – Los Angeles
– MELHOR ALBUM TRACK –

Apesar do single ser algo que chegou atrasado na carreira da Seulgi, é inegável o fato de que esse conceito sombrio combinou demais com ela. O maior exemplo disso é ter uma música feito Los Angeles no catálogo, de forma que ela soe tão assustadora e apocalíptica quanto poderia ser. Consigo imaginar a Seulgi nos pés da emblemática Rota 66, enquanto o sol tenta aparecer tímido entre as nuvens carregadas. Uma katana nas costas, duas pistolas prontas para atirar em cada lado do casacão preto de couro, que combina com o par de coturnos manchado de sangue. Ali ela espera pela horda de vilões que, em algum momento, vai aparecer ao som do drop eletrônico do pós-refrão, uma batida cybergoth que poderia embalar muito bem as cenas de ação de um possível MV, que seria tão artístico e cheio de referências como 28 Reasons foi. Nenhuma outra solista pareceu tão badass quanto a Seulgi aqui, e mesmo que eu acredite que a SM logo vai esquecer que ela debutou, fica bem complicado dizer que não houve entrega aqui.
06. (G)I-DLE – Tomboy

Cara, Tomboy foi um enorme “cala boca” pra quem, um dia, duvidou que o (G)I-DLE voltaria. Eu inclusa, tá? Jamais poderia imaginar o grupo fazendo um comeback tão forte, unido e coerente quanto esse, e por muito tempo ele figurou entre as minhas três favoritas de 2022. Ainda que esteja em sexto, Tomboy foi um caos delicioso de se acompanhar. A saída da Soojin foi a catapulta que o (G)I-DLE precisava pra ser ainda mais catártico do que sempre foi, e com um pop rock em mãos, a Soyeon transformou a ruína que a Cube deixou pra trás em arte revolucionária. Nunca antes um grupo idol abordou o espaço deixado após um integrante ser expulso; era como se todo mundo tivesse que fingir que aquela pessoa nunca existiu e, consequentemente, apagar as memórias que tinham até aquele presente momento. Em Tomboy, elas fizeram questão de lembrar que, ou somos (G)I-DLE, ou somos nada. Apagaram o G do nome e, com um palavrão censurado, gritaram que elas nunca morreriam, não importa o que acontecesse.
05. LE SSERAFIM – Antifragile

É muito engraçado o LE SSERAFIM usar um fucking meteoro como artifício pra dizer que elas são inquebráveis. Nem tanto no sentido literal, mas como unidade. Elas enfrentaram a saída da Garam meses depois do debut e tinha tudo pro grupo ser abalado de tal forma que fosse irreversível, mas o que elas fizeram? Lançaram uma música que diz, de forma insistente e repetitiva, que a união ali não vai se desfazer tão fácil. Antifragile é subversiva. Ela surfa na onda que o Motomami deixou pra reviver o latin pop na Coreia do Sul de uma forma que nunca tinha sido feita antes. É como se um bairro inteiro de imigrantes latinos emergisse das profundezas no meio de Gangnam, pronto pra afrontar quem for capaz de lançar um olhar torto. Além disso, Antifragile é cruamente sexy. Daquelas que não tem medo de demonstrar e seduzem na cara dura. E ela se aproveita do fato de ser um hit cozido em banho maria; o LE SSERAFIM vai te conquistar mais cedo ou mais tarde, com todos os seus “ti-ti-ti-ti-ti-ti”. É só questão de tempo.
04. IVE – After Like

Dizem por aí que After Like é a nova música oficial do ano novo, mas o que eu acho mesmo é que o IVE, junto da Starship, foi extremamente perspicaz em abrir o bolso pra investir num sample tão caro e icônico quanto I Will Survive, da Gloria Gaynor. Isso não só fez com que o lançamento se tornasse um marco histórico dentro da fanbase, como estourou a bolha e fez com que as pessoas de fora também utilizassem a faixa nos stories dos fogos da virada (tipo a minha mãe). E, num geral, fez com que o IVE refinasse seu som a tal ponto que seria uma espécie de hino da comunidade. Pra mim, o que separa After Like de Love Dive é justamente o fato dela ser redondinha, sem skips, sem partes que me façam pensar como “caídas”. O replay factor é gigantesco, o sample foi extremamente bem usado, já virou a música pop unânime dentro do meu círculo de amigos porque todos reconheceram I Will Survive dentro dela (e olha que nem todos ali gostam de pop). Tem drama, tem close, tem performance. E, sei lá, se o IVE superar isso, acho que eu morro.
03. DAOKO – MAD

MAD é o que o Renato Russo quis dizer com festa estranha com gente esquisita em Eduardo e Mônica. Se eu tiver uma viagem de ácido em algum momento da minha vida, eu vou fazer questão que coloquem essa música de fundo, pra eu conseguir enxergar minhas entranhas e entender finalmente se o mundo é ou não uma rosquinha. Ou pra ligar a televisão às três da manhã com esse clipe, num volume não muito alto, mas que seja o suficiente pra incomodar os vizinhos, e começar a fazer ginástica ao som dele. A DAOKO consegue resumir de forma perfeita o que a gente sentiria se passasse por, pelo menos, metade do que a Evelyn passou em Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo, enxergando a nossa realidade em 300 dimensões diferentes, até o drop nos segundos finais fazer com que eu me sinta descendo pela descarga. É uma faixa eletrônica nesse nível aí, maluca, bizarra, como se a DAOKO estivesse dentro da nossa cabeça cantando coisas que eu não faço a menor ideia. É um ritual satânico? É uma receita de bolo? É uma premonição sobre a morte do Shinzo Abe? Nunca saberemos, mas deixo o grave me contagiar mesmo assim.
02. ExWHYZ – Wanna Dance
– MELHOR DEBUT; MELHOR JPOP –

Quando um grupo que a gente gosta muito acaba, parece que uma parte de nós vai embora junto. Não que eu conhecesse o EMPiRE há tanto tempo assim, mas por ser o ato da WACK que eu mais gostei nos últimos meses, receber a notícia de que elas fariam um show de despedida me pareceu um pouco cruel. Mas, às vezes, as coisas terminam pra que outras ainda melhores possam surgir. É o caso do ExWHYZ, que juntou as seis meninas do grupo antigo num novo, com uma nova abordagem musical; aliás, diferente de tudo que a WACK tinha feito até hoje. Em parceria com o produtor Mondo Grosso, elas debutaram com Wanna Dance, uma das faixas mais sentimentais e bagaceiras que eu já ouvi. É quase aquela sensação que o trecho de Natasha, do Capital Inicial, traz: elas só querem dançar, independente do fim do mundo. Eu acho de uma crueldade ímpar, por falta de expressão melhor, como a blogosfera ignorou o jam fantástico que é essa música. Wanna Dance foi essencial pra me distrair durante a minha mudança de casa e sucessivas crises de ansiedade que eu tive com isso: ela é existencialista, delicada e explode nos momentos certos. Basicamente, ela cura onde dói.
01. KARA – When I Move
– MELHOR KPOP –

Prevejo algumas caras tortas pra música que embalou meu “ano”. Primeiro que ela saiu no final de 2022 praticamente, então não teria nem tempo dela me impactar tanto assim, mas eu discordo um pouco. A primeira posição não precisa ser necessariamente daquele lançamento que me acompanhou por dez, doze meses, e sim aquela que mudou trajetórias, sejam por conta de momentos importantes ou por ser só boa mesmo. Pra mim, o que faz de When I Move a melhor do ano é todo o sentimentalismo que envolve o comeback. Foi o retorno mais esperado por mim e o que mais correspondeu às minhas expectativas (por isso, exatas 100 posições separam essa daqui do SNSD). Só que, mais do que ser o que eu esperava, o KARA me pegou desprevenida. Elas não precisavam voltar se não quisessem. Cada uma tem sua vida, sua profissão, seus afazeres, a comemoração de 15 anos podia ser por foto, todas bebendo horrores em algum lugar de Itaewon com a legenda “obrigada Kamillia” e vida que segue. Mas não. Todo mundo se reuniu pra trazer algo que fosse significativo e, ao mesmo tempo, uma benção do pop. When I Move grita “buceta” a todo momento, mantendo o ânimo lá em cima, servindo glitter atrás de glitter. Também honra o legado da Hara como parte intrínseca do grupo, cumprindo o sonho dela de ver todas reunidas pra mais um comeback, além de agrupar de vez a Youngji, tão importante quanto para o KARA ser o que é. Eu até me emociono quando falo desse retorno. Sinto cada nota de When I Move pulsar no meu corpo, sinto a alegria que elas sentiram em gravar isso. Ser um grupo de 15 anos de carreira com essa energia depois de ter passado por tudo que passou é muito, muito forte.
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“A primeira posição não precisa ser necessariamente daquele lançamento que me acompanhou por dez, doze meses, e sim aquela que mudou trajetórias, sejam por conta de momentos importantes ou por ser só boa mesmo.”
Ahazou, disse tudo, vou usar essa sua citação sempre para passar pano para nos meus #1 duvidosos Hahahahah
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KKKKKKKKKKKKKKKKK pragaaaa
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Que top MARAVILHOSO! Essas também foram algumas das minhas músicas favoritas de 2022. Bom ano novo pra nós e para o presidente Luís Inácio Luly da Silva!
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o #1 gritou na minha cara que não posso me considerar “kpopper” e ter ignorado a volta do kara.
e, de acordo com os meus cálculos, tenho 47 músicas novas para ouvir.
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