Trabalhei igual uma cavala fudida nesses últimos dois dias e não tive tempo nem de lembrar dos demais aspectos da minha vida, como esse blog fuleiro que eu continuo tocando. Porém, as boas novas são que minhas férias começam semana que vem e vou conseguir atualizar com frequência e qualidade melhores, além de tirar alguns projetos de pauta do papel, então aguentem só mais um pouquinho.
Ontem, por exemplo, a maior trabalhadora do mundo depois de mim finalmente fez um comeback decente que dá a devida sequência ao que a gata fez na época do Querencia (a gente fala “época” porque realmente parece que esse audiobook de 21 faixas foi lançado há anos). A Chungha, mesmo sendo pessimamente administrada pelo CNPJ de microempreendedor que chamam de empresa, conseguiu sua liberdade provisória do mausoléu da MNH e chacoalhou o mundinho do top 1000 com o anúncio de um segundo full álbum que promete ser tão grande ou maior que o lendário Querencia. E como a bicha sabe servir uma faixa de verão fresquinha, a música veio bem a calhar.
A grosso modo, Sparkling é uma delícia. Eu tenho uma sensação física de estar tomando uma Sprite bem gelada num calor de 35 graus enquanto o sol queima cada camada da minha pele, ou ainda mais específico, como os instantes em que uma latinha de refrigerante se abre. Tudo isso numa modesta porém linda embalagem de celofane, provando que a MNH não tá nem aí pra existência da coitada e montou um cenário com dois blocos de isopor e cola quente, mas dá pra relevar bastante a característica caseira-mãe-a-professora-pediu-pra-levar-cartolina-amanhã e até associar a algo mais lúdico, já que a própria música é bem leve.
O que eu acho engraçado nisso tudo é que a Chungha agarrou a oportunidade de fazer um retrô mais colorido assim justamente quando a trend tá em baixa. Algo, aliás, que eu nunca pensei que combinaria com a imagem dela de solista, mas caiu super bem. Sparkling tem um instrumental bobo, quase uma versão mais “barata” daquilo que definem como Sunmi-music, usando uma base qualquer de um teclado Casio antigo. É como se ela fosse propositalmente feita pra soar assim, desafiando a lógica de quem escuta algo como Bicycle e vem parar aqui. E, melhor ainda: Sparkling parece muito mais legal e com validade maior do que qualquer coisa que a Sunmi tenha feito nesse sentido.
Agora a Chungha tem uma you can’t sit with us pra chamar de sua (até quando desacelera as duas músicas parecem igualmente ruins nessa parte) e, não sei se é o carisma ou qualquer outra coisa que eu não identifiquei como de repente o vocal forte e dramático dela em cima de um instrumental tão antagônico, mas Sparkling ganha fácil nos meus ouvidos. É o tipo de coisa que eu torço a cara pelos primeiros 30 segundos até uma chave virar dentro de mim e eu me pego curtindo e até sorrindo. E, bom, eu amo a Chungha, não importa o que ela faça ou que experimento químico ela tente dentro dos seus álbuns. Talvez eu me forçasse a gostar disso de qualquer maneira.
Agora essa daqui foi inesperada, desde a sua concepção. O Apink continua sobrevivendo relativamente bem depois de dez anos, uma polêmica de bullying e a saída da Naeun na primeira oportunidade que ela teve, sendo aí um dos atos mais estáveis da indústria, surpreendendo absolutamente todo mundo que não botava fé nenhuma nas ex-seguidoras de Inri Cristo. E agora, num movimento mais uma vez imprevisível, a empresa resolveu juntar as duas únicas gatinhas que ainda não tinham debutado solo numa unit chamada CHOBOM, com um conceito… Diferente.
Eu vi muita gente falando mal da ideia por trás desse debut, debochando como se fosse uma piada de mau gosto ou só desacreditados por verem algo fora da esfera atual do kpop, mas eu amei Copycat desde o início. Pra quem vê assim, de forma superficial, dificilmente acreditaria que algo do tipo pudesse dar certo, mas, esteticamente, agrada muito as velhas da blogosfera fundo de quintal. Quando as primeiras fotos saíram, todo mundo entrou em parafuso com a possibilidade de vir um novo Crayon Pop, de ver duas integrantes do Apink cantando trot engraçadão ou até um EDM com cheiro de década passada. As expectativas criaram um multiverso de escolhas onde todas funcionavam. Eu mesma comparei com a icônica dupla de manequins do Japão e rendeu até uma interação no Twitter.
O resultado? Um número semelhante aos que tem no álbum mais recente da Doja Cat, o que não me desagrada (aliás, fiquei bem surpresa de ver essa disparidade), mas também não posso dizer que fiquei extremamente feliz e contemplada com o que eu recebi. No final, Copycat funciona muito bem pela estética e, principalmente, pela coreografia do refrão que, se não viralizar no Tiktok, eu desisto de tudo, só que, como música, provavelmente não vai ser algo que vai tocar fervorosamente na minha playlist. Pelo menos eu vivi o bastante pra ver esse tipo de conceito voltar à tona no kpop, já que eu fiquei apaixonada por todas as fotos que saíram e mais ainda pelo MV. Um memorável produto de arte visual, com certeza.
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[…] Mas o que incomoda é quão baixo orçamento está esse MV. Assim, nem os EPs da Chung Ha o custo era baixo assim, quem dirá para um single de um LP. E analisando melhor, tirando o cenário principal, em que tudo gira em torno dele, o resto é um fundo meio furtacor, meio papel de celofane de buffet infantil (Amei as referências da Rafa, morria de rir!!!). […]
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Gostei muito das duas, e realmente, elas servem p/ agradar muito mais o povo véio no k-pop. Essa geração prefere um trap catarrento
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eu passei a gostar bem mais de copycat depois desse post
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