Antes de começar de fato a review e dar um panorama sobre esse comeback, vamos falar do surto coletivo extremamente hilário da fanbase que achou que isso seria o retorno do Girls Generation? Não, sério. Sone é masoquista e gosta de se fazer de palhaço, e a SM sabe disso, por isso quando postaram essa foto aqui nas redes não colocaram hashtag nenhuma. E esse é o fato que me faz gostar ainda mais do velho Sooman: ele tá pouco se lixando que o maior girlgroup da empresa e da história do kpop tá prestes a completar 15 anos; bora investir na carreira da nossa DJ!

Pois bem, eu tinha cantado essa bola no Twitter dias antes de ser revelado oficialmente de que tudo se tratava de fotos promocionais para o comeback da Hyoyeon. E como eu gosto de ver sone sofrendo, além da velhota ter créditos comigo depois de Second, obviamente eu fiquei do lado da DJ HYO e vibrei muito quando soube que ela ganharia um EP porque, se ela voltasse pro lado eletrônico da carreira, eu teria munição pra falar mal. Ou não.

Vamos de Deep pra começar essa semana bem.

E não é que é bom? Quer dizer, “bom” é um adjetivo muito forte nesse primeiro momento, mas é uma música funcional dentro do que se propõe. O que isso quer dizer? Que a Hyoyeon nessa faceta de DJ aposta em qualquer coisa que seja irritantemente grudenta, de péssima qualidade e faça o imaginário do público do Tiktok. Foi assim com Dessert em 2020, onde a gata percorreu todos os cantos do prédio da SM pra divulgar a música e fazer challenges com outros funcionários de lá. Não deu certo pra mim (tanto que eu detesto Dessert até hoje), mas talvez eu não esteja incluída nesse corte que ela mesma fez. 

Com Deep, a fórmula parece se repetir. É um hyperpop, de certa forma, bem denso, obscuro, que conversa com essa estética de viúva negra que ela adotou. E, apesar de ser um panelaço só, a música parece bem mais organizada e, por que não, ousada. Isso soa meio contraditório, né? Deep é previsível no que diz respeito ao instrumental e ao que se espera da própria Hyoyeon, mas também é imprevisível por ser redonda e coerente na sua única e exclusiva função: ser bagaceira.

Como o Dougie disse na review dele (o que também foi uma percepção minha antes de ter lido) é que a Hyoyeon atua como o Pedro Sampaio da Coreia do Sul, que é essa coisa de fazer música eletrônica e abocanhar 856 parcerias, se botando cada vez mais em evidência. Querendo ou não, hoje, o nome mais ativo do Girls Generation, além da Taeyeon, é a Hyoyeon, e ela foi muito inteligente em se assumir DJ e tomar outras diretrizes pra sua carreira. Você vê a Hyoyeon cantando pop enlatado? Pois é, ao unir a principal plataforma de consumo com uma fórmula instantânea, porém diferenciada para solistas no kpop, ela conseguiu montar um esquema bem complexo pros seus trabalhos sozinha. 

Deep não é feita pra se levar a sério, assim como Dessert também não foi. Só que eu consigo enxergar mais refinamento e autenticidade aqui do que nos anos anteriores, e isso acaba sendo a melhor parte de acompanhar a Hyoyeon solo. Porque, sendo DJ, ela é uma tiazona que se vende como jovem e, inesperadamente, isso dá certo, e só dá certo com ela. Cantando qualquer baboseira como nos encontramos como dois tubarões numa roupinha de mulher-aranha, a Hyoyeon subverteu o pavoroso hyperpop ao seu favor e lançou uma das melhores farofas descompromissadas desse ano. Eu não me preparei pra isso, e sei que você também não. 

Eu falei que esse era o primeiro EP solo da Hyoyeon, mas 80% dele é reciclagem. Além disso, a outra inédita nem é tão relevante assim. 

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