Excepcionalmente hoje não teremos a Xepa, já que essa semana foi bem parada (tirando o hino do Perfume) e dá pra juntar tudo no domingo que vem. Em vez disso, decidi tecer alguns comentários sobre o que eu achei do ano até agora e definir meu top 10 lançamentos do pop asiático (convite indireto feito pelo Lunei lá no Miojo Pop e que acabou virando tag na blogosfera). Só lembrando que a minha lista vai ser um pouco diferente por conta de, né… Only girls allowed.
Bom, 2021 tá devagar, pelo menos no kpop. Não lembro do ano passado ter sido assim para os girlgroups mesmo com a pandemia, e ainda rendeu os melhores bops por conta da trend retrô (uma das melhores em tempos). Confesso que se eu tivesse com o AYO GG desde essa época, acho que eu teria aproveitado muito mais o processo de escrita. Quem lê não imagina como é chato escrever sobre coisas ruins o tempo todo, quem disse que eu queria que o primeiro comeback do aespa fosse do jeito que foi? Ou o Everglow voltando pior do que nunca depois de lançar uma das melhores de 2020?
Uma coisa positiva no meio disso tudo foi voltar a me conectar com o jpop e descobrir como as gatinhas por lá, mesmo com tanta coisa horrorosa pra agradar homem virgem de 40 anos, conseguiram me cativar. Talvez isso não seja um reflexo exato na lista a seguir, mas minha playlist tá recheada de japonesas e espero que isso continue a partir do segundo semestre.
Enfim, quero aproveitar o espaço pra agradecer a cada um que se propõe a acompanhar esse blog durante seus primeiros seis meses de existência. Não pretendo parar tão cedo; minha cabeça tá sempre a milhão pensando em conteúdos diferentes pra incorporar aqui, o que falta é o bendito do tempo mesmo. Inclusive, vocês podem me dar ideias do que vocês gostariam de ver por aqui e eu tento encaixar da melhor forma possível, é só me seguir nas redes que eu sempre deixo no final dos posts. No mais, muito obrigada, mesmo!
Pra montar essa lista, eu usei aquelas chaves de campeonato e coloquei música por música da minha playlist (até o dia 30/06, ela contava com 112 músicas). Depois fui eliminando uma por uma numa espécie de “confronto”, pensando em qual fazia mais sentido pra mim no momento de hoje. Ou seja: talvez eu tenha falado muito bem de uma música lançada em janeiro, mas que hoje seja enjoativa, e o contrário também vale. Fiquei uma hora nesse processo? Sim, alguns confrontos foram cruéis demais comigo, mas consegui finalmente reunir dez músicas desses primeiros seis meses pra vocês ficarem de olho. Será que alguma delas vai entrar de fato no top 10 definitivo no fim do ano?
10. Chanmina – Bijin
Ter descoberto a Chanmina no final do ano passado foi meio o que impulsionou a minha volta ao jpop. Essa mulher consegue servir qualquer conceito sem falhar, e eu digo isso como alguém que consumiu a discografia inteira da lenda em menos de uma semana. Não sabia muito bem o que esperar de Bijin na época que saiu, mas o jeito que essa música cresceu em mim ao longo do tempo é absurdo. Bijin significa beleza e aqui a Chanmina representa uma rainha da beleza absoluta, sem defeitos, que se perde nos seus próprios ideais. Eu vivo por esses versos agressivos quase que nunca narrativa direta sobre a sua relação com os padrões absurdos de beleza impostos pelo Japão enquanto descreve os próprios perrengues que passou sendo uma nipo-coreana em um país tão eugenista.
09. 3YE – STALKER
Nunca na minha vida eu prestaria atenção nesse grupo que saiu sei lá de qual buraco, mas elas lançaram STALKER e tem algo nessa música que me deixa completamente hipnotizada. Talvez seja esse refrão totalmente inspirado no house noventista e que só ganha força na sua segunda parte com as meninas cantando “act like a stalker, stalker”. Sou bem difícil com atos se fazendo de minas fodonas (só olhar as reviews do blog), mas aqui funciona muito bem, o que reforça que não é necessário saturar uma demo ruim do Blackpink toda vez que for emular essa personalidade mais badass. O 3YE tirou leite de pedra e lançou um produto classudo derivado do EDM, e até mesmo a ponte industrial não destoa tanto da sua principal proposta, que é ser um retrô ousado que agrade a todos.
08. YUKIKA – Lovemonth
A YUKIKA segue sendo a rainha da blogosfera brasileira em 2021, e esse pré-lançamento serviu apenas pra aumentar nossas expectativas pra ouvir qual história a nossa Forrest Gump japonesa radicada em Seul contaria dessa vez. Lovemonth é uma música tão graciosa que fica impossível não se apaixonar. Um ótimo representante do city pop clássico, que traz de volta toda essa atmosfera de Tóquio dos anos 70/80 e que parece ter saído de uma playlist conceitual qualquer do Youtube, mas ainda assim com pequenos toques contemporâneos. Isso aqui não soa velho ou cansativo em nenhum momento; é o tipo de música que você quer ouvir independente do seu humor porque ela vai te botar pra cima. São em faixas como essa que a mágica da YUKIKA é tão forte que você consegue tocar com as próprias mãos e sentir o calor que vem dela. Quase como um abraço.
07. EMPiRE – IZA!!
A essa altura do campeonato, é meio difícil levar algum grupo da WACK a sério, sempre com meninas gritando em cima de instrumentais ainda mais altos, sendo muitas vezes insuportável de ouvir. Não é o que acontece em IZA!!, um electro house dark extremamente competente se você tá afim de ouvir algo fora da sua zona de conforto, mas que ainda tenha uma sonoridade bem familiar. O EMPiRE talvez seja o único grupo da WACK onde as integrantes são boas cantando e possuam o mínimo de carisma, e isso faz com que os lançamentos delas sejam acima da média da empresa. Eu gosto da forma como IZA!! cresce, principalmente no pós refrão no fim da música, que exala uma energia meio caótica e ainda conversa com o MV com essa coisa meio Alice in Borderland meets Pussy Riot.
06. WJSN – New Me
O comeback do WJSN ainda é uma das melhores coisas que aconteceram esse ano. Não só pelo single principal (que poderia ter entrado aqui se não fossem somente dez músicas), mas me agarrei tanto ao EP ao longo dos meses a ponto de eu me sentir na obrigação de comprar o físico. Acho que o que me fez escolher New Me ao invés de UNNATURAL é que eu sentia saudades de uma midtempo sensual, e elas foram as pioneiras do estilo esse ano, preenchendo o vazio que o Weki Meki tem deixado desde The Paradise. Tudo em New Me grita “gostosa!”; é uma faixa bem madura repleta de camadas de sintetizadores que te levam em uma viagem cósmica de auto-conhecimento. Deve ser muito gratificante ouvir essa música em um carro sem capô, dirigindo infinitamente por uma estrada sozinha no fim de tarde, sentindo a brisa bater no rosto. O ponto forte, além de toda a estética sonora, é o fato de acabar em fade out. Não tem como ser mais nostálgico que isso!
05. LOONA – WOW
Complicado viver em um mundo onde não tivemos essa belezinha como single. A energia de gostosa de bar que emana de WOW é enorme, eu sinto que um grande potencial de performar um número burlesco meio Miss Marmalade com gatinhas no auge dos seus 20 aninhos foi perdido aqui. E só o fato dessa música ter saído outro dia e já figurar no meu top 5 de 2021 diz muito sobre o direcionamento que o LOONA teve nos últimos anos. WOW consegue me transportar pra era do jazz norte-americano com cheiro de cigarro e gosto de uísque, tal qual o MAMAMOO fazia muito bem lá em 2014. Aliás, é um conceito não muito aproveitado dentro do kpop, então a oportunidade de dar um single mais inovador pro grupo realmente foi pro espaço em prol de vendas. Felizmente WOW traz a tona um pouco do pré-debut excelente do LOONA e me faz ansiar por mais memórias felizes minhas com elas.
04. Sunmi – Tail
Até hoje Tail é um grande bafafá na minha bolha social, e não é por menos: finalmente a persona perturbadoramente sensual da Sunmi fez seu retorno, arriscando um dark pop cheio de mistério como seu debut com 24 Hours. Aqui nós temos a tão falada tridimensionalidade da Sunmi, essa capacidade que ela tem de percorrer o caminho inverso e se transportar pra nossa realidade ao invés de nos imergir dentro do MV. Eu me sinto tão hipnotizada por Tail quanto na época que saiu, acho que muito por conta dessa característica musical de me sentir parte da história fora dela, mas também como a Sunmi transforma cada pedacinho da música em conceito. Não existem furos ou excessos aqui; a narrativa de enlouquecer por uma paixão é descrita por cada segundo do vídeo e também da música, o que faz de Tail um experimento: o quão apegado a gente pode se tornar por algo ao ponto de se tornar loucura.
03. TWICE – Scandal
Existem muitos palpites sobre o amadurecimento do TWICE: Fancy, Feel Special, I Can’t Stop Me… Mas eu acho que em nenhuma dessas músicas o grupo se mostrou tão adulto quanto nas faixas do Taste of Love, principalmente em Scandal. Isso aqui poderia ser facilmente um single estilo musical da Broadway, onde acompanhamos o TWICE quebrando a quarta parede e pegando todos os homens da cidade numa noite quente em Seul, algo meio miss A em Only You. O piano sugere isso; é uma faixa noturna pra ser ouvida enquanto se arruma pra alguma festinha, um esquenta com as amigas que cantam no espelho o quão gostosas e escandalosas elas são. Esse é um dos instrumentais mais deliciosos que eu ouvi nos últimos tempos, sendo extremamente retrô sem usar uma única nota de sintetizador pra isso. Com certeza, um dos grandes acertos do TWICE na carreira toda.
02. Rocket Punch – Ring Ring
Eis aqui uma música que merecia mais de vocês. Indo no sentido oposto da música acima, Ring Ring grita anos 80 por todos os lados quando derivou mais uma vez o instrumental de Take on Me do A-ha, mas resultando numa música maravilhosa. O fato do Rocket Punch ter vocais acima da média (no sentido de volume mesmo) só aumenta a minha simpatia com a música: basta ela tocar no aleatório pro meu dia melhorar, no mínimo, uns 50%. Combinado com uma coreografia extremamente adorável, temos aqui pura dose de serotonina pronta pra ser consumida; é alegria na certa. Se na época que saiu eu ainda estava em dúvidas sobre ter gostado tanto assim, hoje eu te garanto que é meu lançamento coreano favorito e dificilmente vai cair muitas posições até o fim do ano. O Rocket Punch acertou em cheio nessa belezinha, fui completamente nocauteada de felicidade por uma das músicas mais inesperadamente boas do ano até o momento.
01. Miliyah Kato – Kono Yume ga Sameru Made (ft. Yoshida Brothers)
E pra quem ainda tinha dúvidas de qual seria minha favorita de 2021: tá difícil me desapegar de Kono Yume ga Sameru Made. Eu aprendi muito sobre a Miliyah Kato com o Dougie no blog dele, mas nunca tinha parado pra ouvir de fato as músicas dela. Kono Yume foi mais uma descoberta que fiz em meio aos posts do Pop Asiático.jpg, e me apaixonei de cara pela pegada mais tradicional e a carga dramática que a voz da Miliyah exerce pelo refrão, fazendo um ótimo contraponto com os versos mais ritmados. O shamisen come solto pela música inteira, me lembrando a trilha sonora de Samurai Champloo que combinava muito bem música tradicional japonesa com hip hop. E, sendo sincera, esse tipo de mistura sempre foi um ponto fraco meu. Sou apaixonada pelo trabalho do Nujabes, não seria diferente com essa música. Não sei se até o fim do ano alguém vai derrubar a Miliyah daqui, mas isso não tira o caráter artístico passado versus presente que Kono Yume possui e que me ganhou desde a primeira ouvida.
Músicas esperando a segunda chamada: Wind Blows, do Dreamcatcher; Villain, da Cheetah ft. JAMIE; I Can’t Breathe, do GWSN; Easy, do WJSN The Black; Pool Party, do Brave Girls ft. E-CHAN do DKB; SOS, do TWICE; e Abittipsy, da YOUHA.
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Sobre Tail da Sunmi que é a 24hours 2.0, Será que ela lança a Full Moon 2.0?
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@miyayeah veja isto !
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