E aqui estamos com mais um episódio do Rinha AYO GG, um quadro onde eu boto discografias pra brigarem entre si. Percebi que eu gosto muito de fazer esse tipo de post porque eu acabo descobrindo artistas novas através de recomendações de colegas da blogosfera. O exemplo de hoje, como vocês podem ver pelo post, me contagiou tanto que eu precisei escavar todos os lançamentos existentes.
Graças ao post do Rodrigo do Ásia Asiática, não só o Rinha nasceu, como também achei necessário dedicar semanas pra ouvir a discografia de um dos maiores ícones da cultura pop japonesa, que teve como berçário a época de auge da nossa homenageada de hoje. Servindo como um ótimo contraste rebelde para a também lendária Seiko Matsuda, o Japão precisa agradecer todos os dias aos feitos extraordinários de Akina Nakamori.
Rodrigo, amigo, espero que você goste do post!
Ficha técnica

Akina Nakamori nasceu na cidade de Kiyose, localizada na fronteira entre as prefeituras de Tóquio e Saitama, em 1965. Seu primeiro contato com a música e o crescente gênero idol kayo foi em 1981, ao vencer a temporada do programa Star Tanjou, possibilitando que ela estreasse no cenário no ano seguinte com o single Slow Motion. Porém, o estouro veio com Shoujo A, com letras consideradas provocantes para a época. A partir daí, a carreira da Akina decolou, criando uma discografia rica e diversa ao passear por inúmeros gêneros ao longo do tempo.
Até o momento, a Akina lançou incríveis 25 álbuns inéditos (os únicos que serão levados em consideração, até pra fazer um contraponto com o post do Rodrigo), além de quatro relançamentos, 12 compilações, 11 álbuns cover, dois álbuns ao vivo, um box e seis EPs. Já dá pra perceber que a bicha trabalhou muito desde muito novinha, e todos esses lançamentos contribuíram de alguma forma para que ela se tornasse uma das artistas mais lucrativas da história do país.
Hoje, nosso ícone está em pausa indefinitiva tendo o descanso que merece depois de carregar a indústria japonesa nas costas (com altos e baixos sim) e sabendo do tamanho da contribuição que teve para formar as novas gerações de cantouras e cantourinhas. Espero que a Akina, agora com seus 55 aninhos, esteja se cuidando na pandemia e leia esse post quando puder.
#25 – Akina (2017)
15/100

Eu enxergo o Akina como um álbum especial para os fãs, até porque foi o lançamento que antecedeu a suspensão de todas as atividades musicais da Akina por tempo indeterminado. É mais como se ela quisesse se despedir, e a tracklist não tem um ar de até logo; tá mais pra um “é isso aí galera, trabalhei pra caralho, agora vou dar entrada na papelada da aposentadoria”. As músicas não são exatamente melancólicas, mas Akina trabalha com sonoridades específicas que geram um sentimento de partida mesmo. E justamente por conter essa especificidade (ou pelas faixas serem só… ruins) que eu acabei não me identificando com nenhuma música de fato. Vou usar Amore como exemplo pelo feito maluco de me lembrar The Cure, Frozen e um tango qualquer de uma vez só.
Destaques: Amore
#24 – Spoon (1998)
20/100

Tudo que envolve o lançamento de Spoon é uma bagunça. A Akina tinha acabado de trocar de gravadora, a Gauss Entertainment (lançado pelo selo This One), e, consequentemente, seu time de produtores também sofreu uma mudança em relação ao álbum antecessor. A segunda metade dos anos 90 também envolveu uma série de modificações graduais desde sua grande volta em 1993. Com isso, o Spoon nasceu e eu fui de mente aberta ouvir o que o Rodrigo chamou de “bomba pior que algumas coisas na discografia do Oh My Girl”. Não gostei; realmente é um álbum ruim e cansativo, até a própria Akina soa tediosa, sem todas aquelas camadas de graves sobre graves que a diferenciam das demais cantoras que surgiram com ela. Your Birthday, faixa que abre o álbum, segue como a única aposta minimamente interessante da tracklist.
Destaques: Your Birthday
#23 – I hope so (2003)
22/100

Como eu cheguei a comentar no Twitter, o período entre 1996 a 2003 foram tempos obscuros no que tange à discografia da Akina. E o lançamento desse último ano péssimo da safra foi I hope so, que só está na frente de Spoon porque a intenção foi boa. Todas as maiorais têm uma época em que se dedicam a fazer música que alimenta a alma: Madonna e Ray of Light, Lady Gaga e Joanne e, principalmente, Kate Bush e Hounds of Love. I hope so não tem nada a ver com esse lançamento da Kate Bush, mas, esteticamente, me lembrou muito dessa era, além de Utsutsu no Hana ter uma pegada mais pop. De resto, se assemelha a um álbum gospel, com interlúdios instrumentais que quase me botaram pra dormir.
Destaques: Utsutsu no Hana
#22 – Anniversary (1984)
25/100

Afinal, é aniversário de quem? Feliz aniversário pra quem? Só se for pra carreira dela, porque, pra mim, Anniversary realmente é o pior álbum da era kayokyoku da Akina. Apesar de conter alguns grandes hits da carreira dela e de ter recebido alguns prêmios importantes na época, o álbum não é grandes coisas. Pior: ele chega a ser frustrante, já que a faixa de abertura promete horrores, mas a tracklist acaba caindo numa baladeira sofrida sem fim. Anniversary não combina com a Akina e traz uma quebra de expectativa ruim (o bom é que a gente sabe o resto da história, que se desenrolou nos melhores anos de produção musical da lenda). A faixa mais cativante acaba sendo Easy por manter uma sonoridade daquele Japão oitentista que fazia música com certo caráter heróico (eu assisti muito tokusatsu na minha vida).
Destaques: Easy
#21 – Diva (2009)
28/100

E falando em álbuns da Akina que não têm nada a ver com ela, vamos de Diva. Lançado em 2009, foi a primeira vez que a Akina falou que ia parar de fazer música por um tempo, voltando quase cinco anos depois. E digo que Diva não traz nada da Akina porque, revisitando toda a discografia dela, eu percebi que, mesmo mudando a sonoridade diversas vezes, sempre teve um quê de Japão ali, algo que se diferenciasse do restante da música mundial. Além da capa feiosa, né? Dito isso, Diva é a tentativa mais ocidental da Akina, trazendo um EDM vencido pra uma época saturada de EDMs vencidos (não é a toa que vendeu tão pouco). Ainda assim, eu vivo por uma farofa e certas partes da tracklist, sendo seu ápice a fabulosa GIVE TAKE, rende um bom entretenimento. Acho que todos nós poderíamos reviver essa música numa baladinha suja da Augusta no pós pandemia e dar ao Diva o hit que ele merece.
Destaques: GIVE TAKE
#20 – Fixer (2015)
30/100

Mais um representante de como a Akina só gostaria de tirar umas férias de tudo, Fixer é outro álbum cansado da cantora que comemora meio século da sua vida. Por representar uma data tão especial, eu esperava que Fixer fosse mais memorável, mas não consigo escutar ele da maneira que merece. Apesar disso, o álbum brilha em trazer esse conceito de renascer das cinzas, sendo um lançamento bem intimista ao conversar diretamente com a própria Akina, desenhando todos os passos que a levaram até o presente momento. Ele só perde muitos pontos comigo pela densidade dele, que faz com que o álbum fique pesado demais de ouvir sempre. Seu único fio condutor comigo é Unfixable, uma espécie de power ballad muito bonita.
Destaques: Unfixable
#19 – Will (1999)
32/100

Will é o maior exemplo de como transformar um fiasco comercial em um fiasco maior ainda. Até hoje, esse álbum é o menos vendido da carreira da Akina, preenchido por remixes de bombas sonoras do Spoon e músicas inéditas. Enquanto eu ouvia o Will, um sentimento muito dividido tomou conta de mim: as faixas do álbum anterior tiveram uma chance de redenção e melhoraram bastante na sua sonoridade, como é o caso de Genwaku, e isso ajuda na pontuação final. As inéditas, por outro lado, são horríveis. Não tem um single que seja aproveitável nessa tracklist péssima e Will acaba dependendo muito da repercussão das faixas renovadas do Spoon, que trazem certa vida pro álbum. Além das vendas baixíssimas, Will flopou bonito na Oricon, não conseguindo nem um top 50.
Destaques: Genwaku (Amabile “A”)
#18 – NEW AKINA Etranger (1983)
35/100

Depois da trilogia de grande sucesso, a Akina tinha a difícil missão de continuar se destacando no mercado com uma nova imagem. E, apenas cinco meses após o lançamento de Fantasy, nosso ícone estava de volta com um álbum de título bem literal e que representasse bem essa nova fase. NEW AKINA Etranger (ou “Nova Akina Estrangeira”) ainda mantém a identidade kayo que ajudou a Akina a construir sua carreira, mas com novos elementos que indicavam que ela estava crescendo, sendo um dos seus vários lançamentos de transição. NEW AKINA Etranger foi o primeiro álbum da Akina a vencer o Japan Record Awards, mas num geral acrescenta pouco à discografia. Minha recomendação é Renaissance: Yasashisa de Kaete, que me conquistou com os sintetizadores bem diferenciados e melancólicos.
Destaques: Renaissance: Yasashisa de Kaete
#17 – Destination (2006)
40/100

Com seus recém 40 anos completos, Akina continua se jogando em diferentes gêneros sem medo de errar, sendo Destination sua última tentativa ousada de fazer música revolucionária. Acho esse álbum muito refrescante, apesar de muitas músicas se mostrarem esquecíveis depois da primeira ouvida, sendo que apenas GAME continuou na minha playlist. Ainda assim, como o Rodrigo destacou no post dele, Destination tem aquela pitada de conceitualidade que a Akina demonstrou com muita força nos seus melhores anos, de 1985 a 1995, e eu considero que aqui foi uma baita tomada de fôlego depois de lançar tanta coisa sofrível nos anos anteriores, mostrando que estava viva e com vontade de produzir.
Destaques: GAME
#16 – Variation (1982)
45/100

Esse pode ser um dos grandes choques desse ranking, mas a verdade é que eu não me encantei tanto assim pelo segundo lançamento da trilogia de estreia da Akina. Variation, que ainda detém o título de álbum mais vendido da sua carreira, é um típico número do kayokyoku repleto de guitarras, trompetes e percussão bem marcada e, talvez, muito do seu sucesso tenha vindo da controversa Shoujo A. Chocante pros padrões da época, a Akina botou a velharada japonesa de cabelo em pé ao cantar que meninas viram mulheres no cair da noite, dando a entender que ela saía pra oferecer sua bichana aos 17 anos. Na verdade, Shoujo A é só uma declaração de amor mais intensa, mas a sociedade daquele tempo ficou indignada, o que só reforçou a imagem rebelde em comparação com sua rival puritana Seiko Matsuda. Infelizmente, o Variation só é memorável pra mim por conta dessa música mesmo, que, sozinha, já tem um apelo muito grande.
Destaques: Shoujo A
#15 – Resonancia (2002)
50/100

Em uma tentativa de transformar a Akina em uma Jennifer López ou uma Shakira japonesa, Resonancia abre o novo milênio com uma aposta mais latina oriental, graças à globalização pela qual o mundo todo estava passando. Ao contrário do que eu esperava, o Resonancia é um álbum decente, sendo carismático e sensual o suficiente pra se passar um final de semana em Ibiza bebendo todas num iate. Acho que, de todas as vezes que a Akina se mostrou la chica sensación de latinoamerica, ela encarnou a melhor delas aqui e algumas faixas da tracklist envelheceram feito vinho, tipo Eyes on you. Eu gosto muito desse “coro” de homens cantando frases em inglês no refrão, parece que todos estão flertando com a Akina e também é a música perfeita pra vender a ideia do álbum todo (inclusive a capa, que eu achei uma crocância só).
Destaques: Eyes on you, Kaze to Taiyou
#14 – Possibility (1984)
55/100

Possibility ainda é um álbum de transição, mas é o responsável por marcar o final da linha que separa uma Akina idol de uma Akina artista. Muitos elementos reforçam essa ideia, como toda a sonoridade ser uma mistura super elegante do kayokyoku e coisas mais experimentais que seriam grandes destaques da sua discografia dali pra frente. Eu tenho dois destaques desse álbum, e os dois são muito bons a ponto de destoar do restante da tracklist, mas acho que Southern Wind cresce de uma tal forma ao longo dos seus quase quatro minutos que seria impossível deixá-la de lado. A voz da Akina ainda não é madura o suficiente aqui, no entanto, acompanhar esse desenvolvimento durante a música é o que torna Southern Wind tão boa de se ouvir.
Destaques: Southern Wind, Blue Misty Rain
#13 – Cruise (1989)
58/100

Muito da construção do Cruise vem de acontecimentos da vida pessoal da Akina, que culminariam em uma tentativa falha de suicídio no mesmo ano e seu primeiro afastamento da música. Sendo assim, aqui temos um álbum extremamente denso e amargo, com faixas inteiramente dedicadas ao sofrimento, amores acabados, mentiras e desespero. Ouvindo o Cruise, me senti angustiada; talvez influenciada pela história que existe por trás dele, mas a Akina passa uma ideia de um cruzeiro sem fim pelos nossos sentimentos, até que o navio afunde. Uragiri abre o álbum já com essa aura melancólica, atuando de forma tristemente bela sobre a narrativa de uma mulher traída (o que logo se tornaria notícia quando a imprensa soltou que seu ex-noivo teria terminado o relacionamento pra ficar com ninguém menos que sua rival da indústria, a Seiko Matsuda) com o primeiro verso dolorido que diz você escondeu de mim traços de uma mulher desconhecida na sua bochecha.
Destaques: Uragiri, Akai Mystery
#12 – Shaker (1997)
60/100

Eu achei que esse seria um péssimo álbum, mas devo dizer que a Akina brilhou aqui. Me atrevo até a comparar Shaker com outros lançamentos ocidentais mais ou menos da mesma época, como Mezzanine do Massive Attack, Dummy do Portishead, Post da Björk e até a trilha sonora de Cowboy Bebop, bebendo avidamente da fonte do trip hop e do acid house europeu. Shaker é um álbum perspicaz e incompreendido, que brinca com sonoridades malucas pra construir uma parede musical que te teletransporta pra um pub inglês dos anos 90 que cheira forte a cigarro. Appetite: Horror Plants Benjamin, por exemplo, é tão confusa e doida que parece ter saído do Luigi’s Mansion antes mesmo do jogo ser lançado, mostrando como a Akina é visionária, estando de olho nas tendências do outro lado do globo, e que não tinha receio de meter a cara no diferente.
Destaques: Yoru no Nioi, Appetite: Horror Plants Benjamin
#11 – La Alteración (1995)
62/100

Como a Akina experimentou muito durante a carreira, ela possui diversos momentos de transição que serviam como uma espécie de laboratório de sonoridades. La Alteración é mais uma época de mudanças nas personalidades das suas músicas, uma ponte entre seu antecessor e as loucuras do Shaker. Eu enxergo também uma certa liberdade artística aqui, talvez um dos pontos mais altos que ela tenha tido por todos esses anos, assim como um grande conforto desbravando a tracklist. É um álbum bem variado, que brinca com subgêneros do rock clássico, baladas emotivas e ballroom de boate, mas o maior destaque pra mim é Shitataru Jounetsu, uma salsa bem sensual e elegante que vende bem a capa do La Alteración, com elementos tribais e um refrão cantado de forma ofegante. É uma delícia ouvir a Akina cantando “potori, potori mata shitataru” pra mim quase como um segredo.
Destaques: Gaia: Chikyuu no Sasayaki, Shitataru Jounetsu
#10 – Crimson (1986)
65/100

Enquanto eu fazia esse post, li uma review bem interessante a respeito desse álbum. Crimson, um álbum inteiramente escrito por mulheres (como a lenda Mariya Takeuchi), é o sucessor de um grande lançamento em níveis conceituais e emblemáticos, dando à Akina a difícil tarefa de trazer algo que fosse minimamente comparável; ela só não conseguiu, como se deu o luxo de renovar mais uma vez seu som sem medo de errar. Apesar da nota geral, o álbum tem uma boa tracklist que sabe dosar momentos mais calmos com experimentações que lembram a trilha sonora de qualquer jogo mais antigo do Sonic. Mind Game é um ótimo exemplo disso e, já puxando o gatilho para a review que comentei antes, o trabalho de usar a voz de forma mais suave acaba mantendo essa linha de mistério que marcou o ano de 1986 da Akina, utilizando um som barulhento cheio de texturizações de sintetizador. Essa faixa, inclusive, tem diversos momentos brilhantes, contrastando os sussurros da Akina (em seu timbre mais bonito da carreira) com as flechadas vocais que rasgam o instrumental.
Destaques: Mind Game, Pink Champagne
#9 – Prologue (1982)
70/100

Akina debutou oficialmente após três meses de gravação do Prologue, álbum que foi pensado fora da caixa dos padrões da época, de músicas rápidas, agitadas e que trouxessem a empolgação do milagre econômico que o Japão vivia no pós-guerra. Os resultados não foram os esperados, mas a estreia do ícone foi maravilhosa e repleta de qualidade. Aos 16 aninhos, Akina trazia em seu recém repertório músicas do naipe de Anata no Portrait, que abre o álbum com um piano dramático e sua voz diferenciada em fase de amadurecimento; ali ela já trabalhava os graves sobre graves que a tornariam única no mercado japonês. Poucas debutam com um produto capaz de deixar sua marca na história, mesmo com vendas não tão expressivas (afinal, as cantoras nessa época se estapeavam pelo spotlight). Foi com Prologue que Akina chamou a devida atenção e deu início aos melhores anos da sua carreira.
Destaques: Anata no Portrait, Jouken Hansha
#8 – Bitter and Sweet (1985)
73/100

Lembram de todos os álbuns de transição que a Akina lançou depois da sua trilogia de estreia? Bitter and Sweet marca sua primeira consolidação artística, imprimindo um estilo que seria ainda mais refinado ao longo dos anos; não é a toa que ele é o álbum mais bem avaliado da Akina no Rate Your Music. Obviamente, muito do seu êxito vem do ótimo time de produção, que consistia em nomes bem conceituados na indústria, mas não atribuir o sucesso do resultado final ao crescimento profissional da Akina é covardia. Bitter and Sweet talvez seja um dos melhores títulos de álbum que eu já vi na vida, é algo que entrega um resumo exato do que esperar: uma tracklist sob forte influência do idol kayo, mas, de alguma forma, adulta, madura. É o doce e o amargo na sua melhor essência, e acho que a música que melhor traduz isso é Babylon. O registro vocal provocante da Akina, os efeitos metálicos, as reviravoltas sonoras, todo o instrumental dessa música me dá arrepios de tão bem feito.
Destaques: Kazarijanai yo Namida wa, Babylon
#7 – Fantasy (1983)
78/100

Dos três álbuns “puramente kayokyoku” que abriram a carreira da Akina, Fantasy pode ser considerado o mais consistente entre eles, aquele que entregou exatamente o espírito otimista e alegre que transparecia à medida que o país crescia. Isso não quer dizer que seja um álbum óbvio; na verdade, sua tracklist é muito bem pensada pra dar o tom de uma história fantasiosa onde a Akina é a protagonista. O fato de ter uma faixa introdutória totalmente falada diz muito sobre a perspicácia dessa mulher. Fantasy tinha tudo pra ser um álbum que eu detestaria em circunstâncias normais, elevando o dream pop a níveis altíssimos com riffs de guitarra super característicos e arranjos fofos que explodem a todo momento, mas eu gosto tanto do atrevimento inocente de músicas como Aitsu wa Joke que esse lançamento disparou na lista.
Destaques: Kizudarake no Love, Shishunki, Aitsu wa Joke
#6 – Femme Fatale (1988)
80/100

E, se por um lado o álbum acima traz muitas memórias de um Japão que construía sua própria sonoridade, em Femme Fatale a Akina se jogou em uma das suas primeiras tentativas de entregar um som mais ocidental, se mostrando a grande visionária que é. Femme Fatale não é um álbum comum pra época e ele brilha exatamente nesse sentido, sendo um trabalho que junta tudo que foi feito nos lançamentos anteriores e transformando em um produto totalmente novo. Tem muito hard rock de pano de fundo, que se misturam aos experimentalismos eletrônicos do Crimson e dão origem às faixas mais dançantes da sua carreira. Dakishimeteite é extremamente apaixonante, se desenrolando em linhas surpreendentes de dance pop e guitarras sensuais. Se o Femme Fatale não te enfeitiçou, você ouviu errado.
Destaques: Reversion, Dakishimeteite, La Liberte
#5 – D404ME (1985)
82/100

A partir daqui, a briga é de gigantes. Abrindo meu top 5 da lenda, temos D404ME, um álbum muito interessante que desbloqueou memórias que eu pensei estarem enterradas no meu subconsciente. Eu sou muito fã dos anos 80 (da música em geral) e aqui a Akina realmente viveu todas as sonoridades que a época poderia proporcionar, como o Rodrigo apontou muito bem. Kanashii Romance me lembrou dos tempos que eu precisava me deslocar por 12h de ônibus pra visitar meu namorado. O nome da música já me traz muita melancolia, ainda mais que eu meio que estou revivendo tudo isso com ele longe por um mês; de fato, um romance triste, que era embalado por clássicas músicas da new wave durante meu trajeto de volta pra casa. Mas, apesar de Kanashii Romance ser enorme, não é dela que eu quero falar. Se eu pudesse extrair fragmentos de momentos da minha memória, com certeza eu escolheria a minha primeira reação ao escutar Meu Amor é… O cheiro de churrasco com a minha família em Diadema me invadiu, quando as festas de ano novo eram preenchidas com samba até de madrugada. Até escrever isso me deixa meio sensível. A Akina deu seu nome aqui, transitando entre o samba ao pop japonês ao merengue com extrema naturalidade.
Destaques: Kanashii Romance, Monalisa, Meu Amor é…
#4 – Fushigi (1986)
85/100

Talvez outro grande choque dessa lista é o Fushigi estar em quarto lugar, mas não acho que seja demérito. Como eu disse, somente o creme de la creme da lenda merece estar no top 5, e Fushigi não deixa de ser menos genial por isso. Lembram do meu comentário sobre o Crimson? Aqui está a contraparte dele. Foi o primeiro álbum da Akina que eu ouvi (seguindo a ordem da lista do Rodrigo) e não pude deixar de ligar esse trabalho a outros de grupos que eu gosto muito, como Garlands do Cocteau Twins e Pornography do The Cure. É o ápice do experimentalismo da Akina, onde eu consigo enxergar o quanto ela se entregou pela música até ela mesma virar… Música. Os vocais da Akina estão processados de tal maneira que ele se torna mais um instrumento, aquele que dita o ritmo da música ao mesmo tempo que é abafado por uma cortina de sons. Ela já abre o álbum com essa característica em Back Door Night, lembrando muito o trabalho de voz que a própria Lizzie Fraser fez no Cocteau Twins, e garantiu a confusão de vários japoneses que pensaram ser problema com a mixagem final; coitados. Fushigi não tem esse nome à toa: ele só quer te confundir e te levar a outras realidades, e cabe a você aceitar o convite.
Destaques: Back Door Night, Marionette, Mushroom Dance
#3 – Stock (1988)
88/100

Foi muito difícil decidir qual álbum tomaria a quarta e a terceira posições, mas na minha situação atual, acho que o Stock fez mais por mim (e isso diz muito dos álbuns a seguir). Como a gente tá no meio de uma pandemia infeliz com um governo infeliz, eu tenho evitado me sentir triste ou reflexiva e procuro mídias que me deixem mais alegre. O Stock, com sua sonoridade principal voltada pro hard rock e produção comandada pelo vocalista da banda Fence of Defense (e participação do Aska da banda Chage & Aska), faz isso muito bem. Eu amo a força que Crystal Heaven exerce, como se a Akina vestisse por completo, pela primeira vez, aquela faceta rebelde que atribuíram a ela, só que agora de um jeito adulto. Os visuais dessa era também dizem muito a respeito: Akina, gola alta e uma corrente de ouro enorme que dão o ar intimidador que ela precisava pra fazer o álbum todo, muito influenciado principalmente pelos três últimos trabalhos da Momoe Yamaguchi, funcionar e ser levado a sério.
Destaques: Farewell, Crystal Heaven, Shoujo Densetsu
#2 – Cross My Palm (1987)
90/100

Cross My Palm… Quem diria que um álbum em inglês da Akina chegaria tão longe comigo? A coragem de se jogar em um país completamente novo e diferente, em questão de política, idioma, costumes, história faz com que Cross My Palm seja um ponto de resistência incrível da Akina perante a música. Não deu certo pro público-alvo; mesmo com uma equipe totalmente estadunidense e apoio gramatical e fonético de três meses, o sotaque extremamente cursivo provavelmente causou estranheza, mas eu enxergo como um ato xenofóbico (tanto dos EUA quanto dos fãs que negligenciam a existência do álbum) porque aqui nosso ícone acertou em cheio nas tendências ocidentais da época. Eu ousaria a comparar com Like a Prayer da Madonna, em questão de sonoridades parecidas e por terem lançamentos próximos, mas Cross My Palm alcançou um tímido peak de #90 na Billboard. Em contrapartida, o álbum foi um sucesso estrondoso no Japão justamente pela sua qualidade. O cover da faixa-título é extremamente sensual, enquanto que Political Moves grita dance pop ocidental por todos os lados. Certamente é um álbum que merece a sua atenção.
Destaques: Cross My Palm, Political Moves, Soft Touch, No More
#1 – Unbalance+Balance (1993)
95/100

Seria meio injusto comigo e com a própria Akina não colocar Unbalance+Balance no topo da lista, levando em consideração todo o contexto em que ele se insere. Sendo o primeiro lançamento desde o fatídico episódio que quase terminou em tragédia, esse álbum, produzido por ela mesma, é incrível em todos os sentidos; considero ser a força de viver da Akina, um lugar para o qual ela sempre quer voltar, até porque se ela não existisse mais nesse mundo, Unbalance+Balance também não existiria. Aibu é uma das melhores músicas que eu já escutei. Apesar do nome (que significa, literalmente, “dar uns pegas”), é a maior prova de que a Akina está renovada, de alma lavada, mostrando suas cicatrizes. Ela é maior que a música, maior que suas dores. Akina Nakamori é gigante, e Aibu é seu renascimento perante todos. Já nem sei quantas vezes eu chorei ouvindo Aibu nesse meio tempo desbravando a discografia da lenda. Se em Cruise, ela cantava sobre o sofrimento de amar, em Unbalance+Balance o amor pelo outro já não é mais nada. Estou confortável com o que temos hoje; quero ser uma estrela cadente que cruza o céu. Esse álbum vive o presente sem pensar no amanhã. Com seus equilíbrios e desequilíbrios, é uma celebração à vida.
Destaques: Aibu, Nemuru Yori Nakitai Yoru ni, Norma Jean, Not Crazy to Me
Resumo
#25 – Akina (2017) – 15/100
#24 – Spoon (1998) – 20/100
#23 – I hope so (2003) – 22/100
#22 – Anniversary (1984) – 25/100
#21 – Diva (2009) – 28/100
#20 – Fixer (2015) – 30/100
#19 – Will (1999) – 32/100
#18 – NEW AKINA Etranger (1983) – 35/100
#17 – Destination (2006) – 40/100
#16 – Variation (1982) – 45/100
#15 – Resonancia (2002) – 50/100
#14 – Possibility (1984) – 55/100
#13 – Cruise (1989) – 58/100
#12 – Shaker (1997) – 60/100
#11 – La Alteración (1995) – 62/100
#10 – Crimson (1986) – 65/100
#9 – Prologue (1982) – 70/100
#8 – Bitter and Sweet (1985) – 73/100
#7 – Fantasy (1983) – 78/100
#6 – Femme Fatale (1988) – 80/100
#5 – D404ME (1985) – 82/100
#4 – Fushigi (1986) – 85/100
#3 – Stock (1988) – 88/100
#2 – Cross My Palm (1987) – 90/100
#1 – Unbalance+Balance (1993) – 95/100
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Amg morrendo com a parte do OMG
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Ameiiiiiii amg mds o U+B é realmente icônico
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to ouvindo ele agora de novo aiiii
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Vc vai ser muito massacrada com esse #2 do Cross, e eu vou te defender!
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não tem como cross my palm maior que todos JUSTICE FOR CROSS MY PALM
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Amooo demais amg o inglês dela não é tão bom mas a músicas são Synth perfect
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Nossa deixei pra ver o post agora (é muita música que eu não conheço kkkk tanto que nem sabia nada da Akina, da Seiko, das polêmicas, enfim…), foi muito louco ir vendo um após ao outro, escutando meio que metade de cada uma das músicas elencadas e ainda assim ficar uma hora no post kkkk É louco ver a vida da Akina apenas pela lente do trabalho dela (de forma não cronológica ainda) e compreender as nuances do que você descrevia e de como isto se mostrava nas músicas, deve ter dado um TRABALHÃO pra você fazer tudo isso e, mano, ficou incrível (até pensei em tentar algo assim no Aquário, mas não sei se tenho coragem kkkk)
Como não conheço absolutamente NENHUM dos álbuns, acho que vou listar aqui os que me interessei a descobrir com calma mais pra frente porque são muitos álbuns e tô até meio perdido kkk
– Shaker -> porque me lembrou MUITO a vibe de brit pop da Kylie Minogue em Impossible Princess e parece bem fora da casinha
– Crimson -> além de ser um álbum todo escrito por mulheres, já me ganhou quando você disse que parece música do Sonic
– Bitter and Sweet -> transições consolidas sempre tem potencial de render bons álbuns e a forma como ela tá cantando em BABYLON, subvertendo os maneirismos do próprio instrumental mais idol, é muito louco
– Fantasy -> “sua tracklist é muito bem pensada pra dar o tom de uma história fantasiosa onde a Akina é a protagonista”, como não querer saber mais de um álbum meio narrativo?
– Stock -> rock com vocal feminino, aura rebelde e 3ª posição, como não dar uma chance?
– Cross My Palm -> me decepcionei ouvindo o Like a Prayer e o Tell It To My Heart, então tenho certeza que uma japonesa vai conseguir fazer pop americano oitentista melhor que as próprias americanas
– Balance+Unbalance -> este foi mais pela sua descrição do que pela música em si, mas tô muito curioso pra ver este ápice e superação pós-trauma (me lembrou muito, em situação, o STYLE da Namie Amuro, em que percebo também uma vontade de viver e superar tudo de uma forma muito inspiradora, agressiva, triste e feliz, tudo ao mesmo tempo)
O grande problema é que eu preciso ir atrás pra baixar, porque o Spotify é fraquíssimo na discografia dela kkkk (E agora mesmo eu estou num processo de revisita parecido, só que bem menos épico: a trilogia de álbuns japoneses do Boyfriend) Enfim, quando o Rodrigo lançou o post dele eu nem cliquei por receio de mergulhar demais num universo que não sei NADA, mas, depois do último Rinha e dos seus comentários no twitter, eu decidi conferir e ler o post e também o post dele (Rodrigo, se você ler isso, escrevi tanto aqui que nem sei o que escrever no seu post T-T Espero o Lunch Time do Fushigi pra ver se me inspira a querer ouvir o álbum).
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ai que felicidade saber que vc passou uma hora aqui (e outra horinha no post do Rodrigo) e ainda escolheu os álbuns que te chamaram a atenção, sério KKKKKKKKKKK na verdade essas loucuras surgem pq eu gosto de falar e ranquear as coisas, e a forma como o rodrigo conseguiu descrever todos os 25 álbuns de forma resumida fez com que eu me interessasse em escavar a discografia dela. eu passei duas semanas ouvindo, escrevendo e reorganizando os álbuns (alguns eu ouvi mais de uma vez pra ter certeza), é um trabalho de gente doida pq basicamente eu não recebo pra isso, mas acho que a graça é não receber nada além desses comentários gigantes, ou comentários pequenininhos, mas que dizem que gostaram do post, que se interessaram em ouvir, que concordam comigo ou discordam de mim, e tal… minha semana foi uma merda, esse post quase não saiu (depois dele eu tive uma crise, choices), mas no final das contas vale a pena continuar investindo tempo no blog, acho que é por isso eu continuo correndo atrás em trazer posts mais trabalhados. vc deveria fazer também! eu ia adorar ler suas visões em relação às discografias. também to esperando o post do rodrigo sobre o fushigi até agora e JUSTICE FOR CROSS MY PALM
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sem contar que muita música eu upei no youtube pra botar no post, o top 3 por exemplo KKKKKK
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Eu via o pessoal falando da Akina no Groups & Bomfication do Facebook, mas nunca me dei o trabalho de ir atrás da discografia dela. Depois de um post tão dedicado como esse, vou tirar um tempo pra ouvir uma das divas do j-pop
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