Um ótimo feriado para vocês, queridos e queridas. Espero que vocês estejam aproveitando cada segundo desse breve descanso, que é o penúltimo de 2025, já que o segundo semestre do ano reservou todos os domingos para as datas comemorativas. Estou publicando esse post diretamente de Pariquera-Açu, onde minha família se arriscou num bate e volta pela perigosíssima BR-116 pra visitar meu cunhado. E nem por aqui se ouve falar dela. 

Não levo fé nesses cancelamentos de artistas promovidos pelos internautas mundo afora. Ainda que, algumas vezes, os motivos sejam válidos, sempre parece algo muito raso, movido por efeito manada, onde as pessoas apenas reverberam informações sem saberem se são verdadeiras ou não. Eu também já fui uma jovem furiosa. Alguém que usava o Twitter apenas pra “lacrar” outros usuários que deram “um close errado” sem o contexto todo, e já me meti em muita encrenca por isso. 2014 foi há eras. Sou uma nova mulher atualmente. 

Durante a pausa, não tive a oportunidade de comentar o caso da Hyuna, que se casou com o ex-Highlight envolvido no escândalo da Burning Sun anos atrás. Acho plausível quando os fãs, chateados, dizem que ela não teve tato ou sensibilidade com uma questão tão delicada quanto essa, ainda que o cara tenha “apenas” (e, meu deus, as aspas cumprem seu papel fundamental de ironizar o sentido da palavra) visto um vídeo enviado sem consentimento de uma das partes do outro cantor lá tendo relações com uma mulher. Quando eu digo “apenas”, é pelo todo. Eu sei que isso não minimiza o fato dele estar envolvido. 

O que eu não acho de bom tom é dizer que a Hyuna persuadiu o menino ex-Pentagon e acabou com a carreira dele (sendo que ele já era um homem feito quando eles assumiram o namoro em 2017). As pessoas se perdem ao pensarem que idols não são humanos, que eles conseguem tomar decisões por conta própria; nesse caso, os dois deram as mãos e pisaram juntos pra fora das dependências da Cube depois de serem demitidos. A mesma coisa quando falam que ela foi o pivô pro disband do Pentagon, que já era um grupo B de uma empresa B e só foi declinando depois do viral inesperado com Shine. Ter casado com um cara de caráter, no mínimo, duvidoso não significa que ela seja a grande responsável pelo livre arbítrio das pessoas, má administração da indústria, a morte do papa, o aquecimento global e outras coisas. 

Isso posto, é possível dizer que a Hyuna tem vindo numa grande escalada de músicas decentes pra boas desde que terminou com o zé droguinha do Pentagon. Eu já tinha adorado Nabillera, comeback que botou uma sementinha da antiga personalidade da Hyuna assim que os boatos de término surgiram (e que vocês detestaram, não entendi até hoje). Ano passado, em meio às polêmicas do novo casamento, ela pipocou com a excelente Q&A, sua melhor tentativa desde Lip & Hip (que saiu antes dela se envolver com o Dawn, olha só). Seguindo na ótima trilha, temos Mrs. Nail, que pode até não ser cativante como o lançamento passado, mas ainda é muito boa. 

A letra é uma grande sacada pra dizer que ela ainda está por cima. Os números e a falta de compromisso das pessoas em sequer mencionarem que ela faria um comeback provam o contrário, mas a Hyuna é assim, she provokes society. A faixa, embalada num old hip hop sensacional, abre com ela dizendo que nós sabemos que, de alguma forma, ela faz as coisas funcionarem, enquanto o clipe ilustra uma figura da Hyuna um pouco ensanguentada, como se… Tivesse apanhado muito dos haters? E ao dizer que é a Mrs. Nail (reparem no vocativo, usado apenas para mulheres casadas), ela não apenas diz que tem unhas grandes que podem machucar, mas que ela é um prego (que, aqui no Brasil, é uma forma de chamar alguém de chato). E, se você quiser acabar com ela, vai precisar bater com um pouquinho mais de força.

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