Ao contrário do que eu mesma esperava, a discografia do Billlie e o grupo em si são coisas que cresceram muito comigo ao longo dos meses. Vindas de um debut de procedência duvidosa e virais não exatamente consistentes ou bons (tudo na fancam de GingaMingaYo é uma palhaçada), a música das gatuxas sofreu um processo de amadurecimento e ainda me fez comprar a história que a empresa construiu pra elas, sobre a menina que sumiu na vila ao badalar do sino ou algo assim. As produções, por mais simples que possam ser, têm uma característica interessante, um ar de misticismo, um magnetismo que mantém os olhares em cima do grupo.
E pro debut japonês não foi diferente.
Não sei exatamente em que momento a gente tá do pop asiático, mas dentro do cenário coreano as músicas acabam atravessando certas tendências, ocidentais ou não. Até o ano passado, graças à toada do NewJeans, a grande onda era produzir nos moldes do drum and bass, mas antes disso também passamos pelo pop rock e o retrô oitentista, que inclusive ditou as regras durante os anos mais pesados da pandemia até mesmo por conta desse resgate ao passado pra se distrair do presente bio-apocalíptico. Nem sempre uma trend é certeza de sucesso, já mostram aí os anos de chumbo que os girlgroups passaram tentando imitar o Blackpink, mas eu adoro a retomada de estilos que sempre rendem boas músicas.
É o caso de DOMINO ~butterfly effect~, outro lançamento de 2024 que se utiliza dos sintetizadores cintilantes dos anos 80 pra criar uma atmosfera etérea, quase como a sensação de tocar uma nuvem. A estrutura do refrão é majoritariamente, mais uma vez, Take On Me, do a-ha, mas a roupagem é bem mais feminina e delicada como a Kate Bush em Running Up That Hill, só que de forma muito mais acelerada e dramática. Os vocais fazem essa escala quase simétrica com as notas do sintetizador e cria essa parede celestial de sons que fazem meu coração palpitar de tão bonitinho que é, talvez uma versão para menores de idade daquele super-mega-hit retrô do Apink, %%.
O que segura muito DOMINO pra um lado mais, ahm, Billlie são os versos num tom bem mais grave do que o restante, que acabam produzindo essa tensão de que algo sobrenatural aconteceu com todo mundo ali e elas continuam buscando respostas, que é meio o que o grupo tenta contar a cada trabalho. Não sei se me importo muito, mas gosto do contraste, mesmo sem a Moon Sua estar presente. Enquanto o refrão segue esse lado mais sutil, os versos se assemelham muito ao electroclash dos anos 2000, principalmente na segunda parte onde duas divazinhas do grupo fazem um cosplay meio The Veronicas em Untouchable. Achei assim, de uma crocância ímpar.
Só não entendi direito o subtítulo “japanese version” porque, pelo que eu pesquisei, essa música nunca foi gravada em outro idioma , mas nem vou levar em consideração a falta de atenção de quem achou que esse era uma mini coletânea pra apresentar o Billlie no Japão. Isso não faz com que DOMINO seja menos boa, ainda que sequer tenha feito cócegas nos charts da Oricon, o que é uma pena porque é uma música com bastante pulso jotapônico que o Nakata adoraria lapidar e transformar num troço mesopotâmico pro Perfume babilonizar em cima. Pra um mês que quase nunca sai algo que preste, achei que o Billlie trouxe um excelente número pra começar os trabalhos na ilha vizinha.
Quer pedir algum post específico relacionado ao mundinho do pop asiático feminino? Então me faz um pix na chave rafaellasolla@gmail.com, moreco!
Acompanhe o AYO GG nas redes sociais:

essa é contender pra melhores do ano já……… que negócio BOM numa época que nem o aespa com uma música chamada drama tá trazendo muita dramaticidade pra música e o ive morreu desde i am que deus as tenha
CurtirCurtido por 1 pessoa