TWICE garante mais uns anos de desenvolvimento humano na Noruega com I Got You e o poder da amizade feminina

Já em solo brasileiro para os shows da próxima semana, o TWICE começa seus trabalhos de 2024 de uma forma bem mais promissora do que o último ano, o mais pálido e desnutrido da carreira delas. Aparentemente, o grupo vai passar a abrir a agenda de lançamentos com um single em inglês que representa um pré-release ou não e eu mesma acho esse movimento da JYPE bem pouco interessante e até meio inútil, mas estamos aí, né? Ansiosos com qualquer coisa que leve o nome do TWICE por ser o primeiro grande girlgroup da terceira geração a dar as caras no Brasil (estranhíssimo pensar nisso). 

Mas além de alimentarem as próximas parcelas da aposentadoria do a-ha, I Got You conta uma história. 

Como meus colegas de blogosfera já disseram, o TWICE é mais um grupo que abre a gaveta de samples surradinhos e cansados pra transformar numa música que tenta evocar sentimentos mais genuínos que só um synthpop oitentista consegue. E não existe um synthpop oitentista mais synth, pop e oitentista que Take On Me. Ela é milimetricamente montada pra causar algo que a gente não sabe direito o que é, uma efervescência no pé da barriga, um nó na garganta que guarda um gritinho emocionado, um sorriso que surge do nada. É a combinação perfeita de sintetizadores, baterias eletrônicas e quaisquer outros instrumentos que eram moda na época, manejados tão bem quanto uma orquestra sinfônica. Take On Me é uma música querida e, não à toa, a preferida da indústria coreana pra escrever certos roteiros. 

E aí entra a história de I Got You, que é, sim, um presente pros fãs, mas pela primeira vez eu consigo criar alguma simpatia por um número desse gênero. Não só influenciada pelo synthpop, mas principalmente por ele, que cria essa atmosfera conveniente pra contar a respeito de nove meninas que tiveram seus caminhos cruzados pelos dormitórios da JYPE e foram selecionadas por um programa pra formar essa locomotiva monstruosa que é o TWICE, mas que sempre existiu humanidade por trás da faceta idol. Todos os elementos ajudam a enriquecer a narrativa: o barco, o mar agitado, o ato de se navegar, o farol mostrando o caminho e todas as outras coisas que mostram que, apesar dos percalços, a amizade prevalece. E eu, como uma mulherzinha em recuperação de uma adolescência pautada na aprovação de homens, sou movida por histórias de amizade feminina. 

Não sei dizer se sou fã de algo hoje em dia, mas tenho um carinho muito grande pelo TWICE. É um sentimento que cresceu dentro de mim sem perceber e, atualmente, gosto muito de cultivar porque me conecta com momentos que eu, talvez, deveria ter vivido quando mais nova e não consegui, aquele amor inocente, meio bagunçado e desesperado que serve como uma espécie de cura pra menina que ainda mora no meu coração. Esse show pode ser uma terapia pra mim, sabe? De ir com as minhas amigas pra ver outras amigas curtindo momentos juntas, cantando, gritando, chorando. I Got You sumariza isso muito bem, mas o grupo em si e toda a discografia me tirou do último lugar escuro que eu ainda vivia contra a minha vontade. Nos vemos no dia seis!

Quer pedir algum post específico relacionado ao mundinho do pop asiático feminino? Então me faz um pix na chave rafaellasolla@gmail.com, moreco!

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