Não tem como negar que o grande acontecimento da virada de gerações em 2017-2018 foi o surgimento do LOONA, ainda que numa escala real muito menor do que a gente imagina. Pra quem viveu desde o começo, viu que era um projeto audacioso como nunca se tinha visto no kpop, quase um roteiro de série onde cada peça tinha seu lugar de encaixe (e quando não tinha, o fandom cada vez mais enlouquecido por teorias conspiratórias fazia acontecer). Uma vez que você adentrava o chamado loonaverse, era praticamente impossível sair porque a sede por conhecimento era enorme; todo mundo queria saber e palpitar sobre o que já tinha e o que estava prestes a ter.
Na maior parte do tempo, eu penso que um evento como o LOONA nunca mais vai existir. Foi um grupo que não só trouxe esse lado mais pensante-profundo-cinematográfico pro kpop, mas também ganhou muita força na internet. Aliás, o grupo existiu praticamente na internet porque elas tinham essa característica internacional e sem fronteiras, de unir todo mundo em prol de uma causa, que era discutir (e, muitas vezes discutir no sentido constrangedor da palavra). De qualquer forma, seja bom ou ruim, o LOONA ajudou a mudar os rumos do pop sul-coreano e morreu tão rápido quanto, como uma estrela cadente. Dos fragmentos, fizeram-se o ARTMS (com o ODD EYE CIRCLE incluso), solos (?) da Chuu e da Yves, e o Loossemble.
Apesar do nome questionável, Loossemble significa oficialmente “LOONA assemble”, escolhido como forma de celebrar a quebra de contrato definitiva com a BBC e ter a liberdade de trilhar o próprio caminho depois de recolher os cacos da ruptura. Mas também pode ser “LOONA ensemble”, sendo que ensemble significa “um grupo estável de músicos que cantam juntos em coro”; nada mais justo que se apropriar da palavra ensemble pra descrever o grupo, já que as meninas, principalmente Hyunjin e Vivi saíram praticamente de mãos dadas enquanto o prédio da BBC pegava fogo ao fundo (não tinha fogo, mas poderia). Ou seja, juntas elas se levantaram e se organizaram como o coletivo que sempre foram pra seguir o sonho em comum entre todas elas: cantar.
Conforme a BBC perdia cada vez mais garotas no processo e seus futuros foram se desenrolando, parecia claro que as mais “fracas” ficariam pra trás. O Loossemble não tem um grande conjunto de vocais, dançarinas e rappers, e as que restaram são aquelas que justamente eram encobertas por outras mais fortes em qualquer um desses três quesitos que são o básico pra compor um grupo de kpop moderno. As meninas que seguiram com o Jaden são complementares e se viram muito bem, além de terem uma mente criativa como aliada. A Chuu conquistou o país se sacrificando nas propagandas e por ter tido a coragem de expor o esquema sujo da empresa. Já a Yves é uma ótima dançarina e tem escrito músicas pra uma galera.
O Loossemble tem a paixão efervescente. Formado por um grupo de ex-funcionários da BBC, elas possuem o armamento da nostalgia e da vontade de seguir uma nova vida. E Sensitive é um debut bem curioso no meio disso tudo, como o Wendell (que ascendeu junto com o Loossemble!) disse: ela não tenta ser nada além de um punhado de memórias afetivas. Lugares importantes da história do LOONA se cruzam, como se o universo tivesse se partido em mil pedaços e criado uma porção de pequenos multiversos, com Hyeju e Gowon (e Yeojin, a dita / do LOONA ⅓) caminhando por uma escola que lembra Love&Live ou a sala de dança em New, Hyunjin e Vivi perdidas na mansão de love4eva, Hyeju e o carro de Why Not, todo mundo curtindo num ringue de patinação neon assim como em Everyday I Love You, e mais um monte de referências a lugares e lembranças vividas pelo LOONA antes de tudo virar, com ares diferentes porque elas mesmas não querem ser o que já passou. É como se algo novo estivesse nascendo ali.



Sensitive é uma ótima música pra evocar memórias boas, como um estimulante cerebral. Aliás, sabiam que nosso cérebro constantemente deseja viver bons momentos? Existem pesquisas que comprovam como a nostalgia pode aumentar a sensação de conforto e bem estar, mas também impulsiona nossa energia de forma que conseguimos canalizar para tarefas do dia-a-dia. Nesse furdúncio todo de términos de contrato e novas carreiras surgindo para as ex-LOONA, eu enxergo o Loossemble como esse recurso afetivo, carinhoso, sensível. É um instrumento anestésico pra todos aqueles que sentem falta de algo.
ACHO que eu vou fazer uma review do mini porque ele invocou lembranças na minha cabeça.
Vocês sabiam que agora eu vendo minhas artes? Lá na Colab55 tem algumas opções de produtos com estampas que eu fiz e você pode comprar pra ajudar essa pobre coitada que escreve o blog.
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Terceira vez:
Isso foi um lançamento.
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considerando todas as expectativas que existiam, isso é um elogio e tanto!
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