Onze músicas do pop asiático de nove anos atrás

Não tinha nenhuma pauta relevante pra hoje (bom, tem o show do aespa aqui em São Paulo, mas eu disse relevante) e daí eu tive uma ideia pra preencher o blog. 2014 foi um ano muito bom, né?

Girl’s Day – Something

Se no ano anterior teve aquela virada de chave, o Girl’s Day se consolidou como o grande representante das cornas gemedeiras com Something. Até onde eu lembro, 2014 foi o grande auge de mulheres cantando pop maduro enfiadas em algum shortinho ou, nesse caso, vestidos de transparência e fendas fenomenais. E também foi um sucesso enorme com a coreografia sapeca que praticamente implora por aquilo lá, mas que elas insistem em deixar baixo. Eu sempre gostei de Something. Por trás de todo o aparato de gostosa traída e vingativa, tem algo passional nela que realmente mostra o lado mais solitário de todo o ódio. É a trilha sonora daqueles momentos onde o vilão se torna vilão, mostrando todo o caminho percorrido que justifica os próprios atos. Mas quem tá no topo tem mais chances de cair. É nessa de mostrar que está bem que Something faz sua virada sombria e se revela tão melancólica quanto poderia ser. 

Dalshabet – Big Baby Baby

Sejamos justos: o Dalshabet teve poucos momentos. Não só por falta de oportunidades numa indústria onde tudo era motivo pra render umas notinhas na mídia sobre serem as novas garotas geração, e também todo aquele escândalo com as fãs do B1A4 que praticamente afundou o grupo, mas dentro da própria discografia mesmo. O debut e Hit U são bem legais, Joker foi uma putaria (literalmente) de tão sagaz e os últimos lançamentos antes do fim também são bons, mas acho que para por aí. Por isso é fácil destacar Big Baby Baby. O synthpop é praticamente perfeito e eu até diria que é uma das melhores canetadas da carreira do Shinsadong Tiger. Meia dúzia de gostosas esfregando os peitos em croppeds da Shein cantando sobre como o cara tá agindo estranho depois do chá de pica da noite passada? Não tem nada mais relatable no kpop que isso. 

Sunmi – Full Moon

A fase pré-Gashina da Sunmi é tão boa… E melhor ainda é receber esse, ahm, carinho depois da pancadaria surtada (e igualmente boa) em 24 Hours. E aí entendam carinho como quiserem, porque a cena da Sunmi rebolando no telhado ainda mora no meu top 3 fantasias sexuais. Enfim, 2014 também foi mais um ano de grandes hits na carteira do Brave Brothers, mas até aquele momento o querido não tinha trabalhado com mulheres de grandes empresas, tanto que ele deixa isso explícito logo no começo (the first collaboration of JYPE and Brave Sound, here comes Sunmi, eu amo essa intro). E juntando todo esse instrumental sexy ao roteiro de uma história de amor obsessiva com essa coisa de “se eu não posso ter você, ninguém mais pode” que dura até o dia em que a Sunmi vampirona resolve morder o pescoço do carinha elevam as coisas lá pra cima. Não tinha como Full Moon dar errado.

Jun Hyoseong – Good-night Kiss

Enquanto o Secret definhava por conta das escolhas duvidosas da TS (definitivamente uma empresa!), a boazuda da Hyoseong estreava solo, debut esse que provavelmente é o melhor de 2014. Good-night Kiss vive num eterno clímax. É como se fosse um romance proibido porque, a qualquer momento, alguém pode pegar no flagra. E, de fato, a Hyoseong diz aqui que sabe mamar (e muito bem) o marido da amiga. Fodam-se as convenções religiosas e sagradas do matrimônio! A amante aparece rebolando de shortinho na igreja e ainda pega o buquê do chão desejando toda a felicidade do mundo pra fiel. Sério, as camadas dessa música representam tudo de bom que o kpop tinha quase dez anos atrás, com todos esses roteiros e situações questionáveis às quais as idols se submetiam, mas é impossível negar que foram daí que surgiram grandes números do pop coreano. 

Tokyo Girls’ Style – Killing Me Softly

Antes de anunciarem que queriam ser tratadas como “artistas de verdade” e todo o rolê pós-idol que gerou um bafafá em torno delas, o Tokyo Girls’ Style já vinha fazendo um trabalho bem (mais) legal do que muitas das coisas que surgiram depois, vide Killing Me Softly e o álbum de mesmo título. Sempre achei que é um conceito que anda em círculos, que fugia do ideal de ídolos japoneses na época, mas também batia de frente com isso, porque Killing Me Softly carrega uma melancolia estranha ao mesmo tempo em que cinco garotas dançam com vestidinhos colorido num cenário perceptivelmente falso e uma expressão fixa no rosto, como se tudo fosse vazio de significado. Mas não é. Uma revolta do CARALHO essa música e todos os lançamentos interessantes da fase idol do Tokyo Girls’ Style não estarem no Spotify. 

Jolin Tsai – I’m not yours (ft. Namie Amuro)

Eu não conheço praticamente nada de mandopop (ou outros letraspop). Geralmente eu escuto umas coisas soltas ao longo do ano e junto tudo num ranking lá pra dezembro, então não me pergunte muito sobre Jolin Tsai porque tudo que eu sei é que ela é uma senhora boleira que um dia já serviu pancadões efervescentes como esse feat misândrico com outra senhora do pop. No mais, I’m not yours é fantástica. Toda vez que eu escuto, eu sinto como se minha pele queimasse no fogo mais puro do inferno e se regenerasse logo depois, principalmente no (pré?)refrão com a Jolin tramando uma maldição ou algo do tipo. E, lógico, a aparição da Namie esticada no sofá entregando tudo no mirror mirror onr the war e, de forma mais “séria”, no mandarim, junto do MV mais bem produzido que o pop asiático já viu, faz com que I’m not yours seja uma experiência catártica que poucas músicas proporcionam. 

f(x) – Red Light

Tem uma frase que eu guardo desde que o Lunei postou (uma das várias vezes) sobre Red Light no blog dele e que saiu de outro blogueiro fundo de quintal sobre o f(x) estar puxando um trem pra trás. Começamos nossos comentários sobre a música da mesma forma, mas sei lá, não tem como evitar porque quando li isso no Miojo eu fiquei “caralho, exatamente!”; é a definição mais certeira a respeito dos sentimentos que Red Light evoca. O instrumental e as vozes não conversam em nenhum momento, então além de estarem puxando um trem pra trás, é como se elas estivessem fazendo isso pra impedir que dois trens se colidam, ainda que a batida aconteça eventualmente. E que bom que ela acontece. Sabe a mania soberba que kpoppers mais novinhos têm de chamar música ruim de experimental? Bom, isso meio que é culpa do f(x), mas diferente do restante, elas sabiam direitinho o que estavam interpretando. 

Hyuna – Red

Vou contar uma coisa engraçada: um dos meus primeiros contatos com kpop não foi propriamente a música, mas sim uma página do Facebook chamada Jiyoon Sapatão, que tinha postado um vídeo cujo título era “Macaquinho” e começava com a frase “sou cura gay!”. Outra coisa engraçada é que nunca fui muito com a cara da Hyuna, mas lembrando dessa paródia, é impressionante não só como ela é, de fato, a cura gay como também é a solução sapatônica; instantaneamente depois de ouvir Red, me apaixonei pela Hyuna e a tal da bunda vermelha do macaco que até hoje eu não sei direito se em um sentido figurado ou se realmente estamos falando de uma bunda vermelha de macaco. O fato é que Red é a sapequice da Hyuna condensada perfeitamente em forma de música. Tivemos um pouco disso no debut e mais um pouco depois, mas é aqui que a mágica acontece de verdade. 

EXID – Up & Down

Meia pitaya. Mulheres agachadas pela metade. Bexigas compridas (por que não bexigas convencionais?). E o boneco de posto levantando de forma suspeita logo no começo. Só com esses elementos eu já acho impossível Up & Down não dar certo, mas quando a Hani jogou toda a sua *energia* na dança da pélvis naquela fancam parece que todas as peças se encaixaram. Up & Down foi um fenômeno tanto em solo doméstico, quanto internacionalmente, e também foi o começo do que chamam de “EXID sound”, que são essas músicas meio R&B que evocam um único pensamento quando começam a tocar: é o EXID. Eu gosto de como Up & Down brinca com a fase sexual pela qual o kpop passava naquela época, mas, tal como o Stellar em Vibrato um ano depois, faz isso de maneira mais debochada, pegando um conceito que deveria agradar homens e transformando em algo totalmente feminino. 

T-ARA – Sugar Free

Nessa época, o T-ARA era o inimigo número 2 da nação sul-coreana e, se a irmã do Norte não existisse, talvez fosse o primeiro. Elas eram boicotadas e mal faladas onde quer que fosse, então não é surpresa que Sugar Free tenha afundado nos charts simplesmente porque ninguém queria compactuar com um “bando de valentonas” e quem ouviu deve ter feito isso de forma alternativa. Mas eu acho que elas nem deviam se importar mais e usaram esse período pra servir as maiores farofas eletrônicas saídas de um set do Summer Eletrohits, com Sugar Free sendo a epítome disso tudo. Quando eu escuto essa música, é como se a minha alma fosse renovada no pior lugar do mundo; lembro de me sentir assim numa balada hétero meses depois disso aqui sair. E, bom, Sugar Free é bem balada hétero mesmo , como se o DJ Alok ou qualquer outro desses caras que lavam dinheiro tocasse ela esporadicamente num show e ninguém perceberia. 

AOA – Like a Cat

Eu acho o 2014 do AOA imbatível. Teve a invenção das minissaias em… Miniskirt; teve a invenção dos cabelos curtos em… Short Hair; e teve a invenção dos gatos em… Like a Cat! Que de tempos em tempos divide o posto de melhor momento do AOA com a que veio depois dessa. Se você não fica hipnotizado pela Choa num tubinho preto ou com o passinho incrível de um gato sacudindo o rabo, ou simplesmente não berra a plenos pulmões a melhor introdução da história das introduções de música, talvez você tenha morrido por dentro. Like a Cat é o suprassumo do “ser sexy” dentro do kpop, e essa música é tão kpop-coded que dá raiva. Tudo nela é milimetricamente preparado pra prender sua atenção, desde a história completamente impossível de acontecer até o refrão chiclete onde o saxofone imita o som de um gato miando enquanto elas esfregam o rosto tal qual um… Gato! Poucas coisas no kpop conseguem ser tão literais assim. 

Ficaram na rabeira porque 2014 realmente foi muito bom (e aí ao todo são 22 músicas, entendam como quiserem): Miniskirt, do AOA; Guilty, do Stellar; Partition Love, do Tokyo Girls’ Style; Mr.Mr., do SNSD; Catallena, do Orange Caramel; Departure, do SCANDAL; Lonely Night, da Jun Hyoseong; Shh, do After School; Kiss Kiss, do Ladies Code; Holler, do TTS; e Don’t Touch Me, da Ailee.

Vocês sabiam que agora eu vendo minhas artes? Lá na Colab55 tem algumas opções de produtos com estampas que eu fiz e você pode comprar pra ajudar essa pobre coitada que escreve o blog.

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11 comentários sobre “Onze músicas do pop asiático de nove anos atrás

      1. inclusive tava tentando tecer um comentário que não soasse pedante (não deu), mas acho ela de longe a melhor escritora da blogosfera

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      2. Mas a Rafa é diva mesmo, só não gostei dessa com o aespa mas ela é muito sensata adoro ler, ela, miojo e o gosto meu, dougie eu finjo pq ele massacra MT as boleiras e as vezes parece de propósito

        Curtido por 1 pessoa

      1. ah sim, depois que prestei atenção no tweet da kylie e associei mas imaginei que talvez tivesse mais alguma coisa kkkk

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