Hoje foi dia de comeback do STAYC, mas o lançamento é tão boboca e sem graça que não rendeu um comentário sequer da minha parte.
Ultimamente, sempre que elas retornam com música nova e não é nada do que eu, um dia, vislumbrei pro futuro do grupo, eu acabo caindo na armadilha de comparar com o debut. Quer dizer, não é nada tão impactante quanto o resgate maravilhoso do aegyo que o Weeekly fez no mesmo ano, mas o STAYC estreou de um jeito estelar, o que fez com que as atenções se voltassem ao sexteto produzido pela dupla de produtores Black Eyed Pilseung na sua recém-aberta empresa. Num ponto onde o kpop começava a soar desinteressante até no ocidente, So Bad é um respiro adolescente alimentado pelas melhores referências da época, ainda que seja um veneno nostálgico e involuntário para tempos difíceis.
Em 2020, a gente vivia meses tenebrosos de COVID. O cenário musical, assim como o restante das coisas, dava uma desacelerada pra não comprometer os envolvidos com uma doença da qual ninguém ainda sabia muito sobre, mas é interessante notar como esse foi um período no qual a música, de forma paradoxal, esteve mais presente do que nunca. Desse lado do globo, uma nova onda ganhava corpo logo nos primeiros dias de isolamento com os lançamentos da Dua Lipa, Lady Gaga e, principalmente, The Weeknd, que soltou o icônico After Hours nove dias depois da OMS declarar estado oficial de pandemia. Naquele começo de caos real, enquanto tentava entender a suspensão do meu contrato de trabalho, entendi que o desespero e o medo iminente da morte fizeram com que as pessoas se recolhessem no passado e adotassem uma sonoridade mais retrô pra acompanhar os próximos meses, que prometiam ser sombrios.
Não demorou muito pra que o kpop absorvesse essa tendência. Talvez em seu último grande suspiro de produção e criatividade, a Coreia do Sul descobriu Blinding Lights e achou uma ótima ideia refletir essa linguagem musical na sua indústria, o que rendeu os melhores trabalhos de vários grupos que vinham nessa expoente de amadurecimento, como I Can’t Stop Me, do TWICE, ou MAGO, do GFRIEND. Foi também o ano do surgimento da YUKIKA com o magnífico Soul Lady, que nada mais é que a transposição do city pop numa nova roupagem, trazendo aquela sensação implacável de nostalgia e um desejo de voltar pra um período que a gente não viveu, o que só reforça a minha visão sobre retornar ao passado em tempos de futuro incerto. Os sintetizadores invadiram o pop coreano de tal jeito que foi inevitável sentir saudades quando todo esse surto passou, e também foi a oportunidade perfeita para debutar um grupo de novinhas.
So Bad é um debut sólido, talvez um dos mais emblemáticos dessa nova geração. O Black Eyed Pilseung, que já tinha experiência em hinos retrô e foi o responsável pela virada de chave do Apink em 2018, buscou suas melhores referências pra adentrar seu grupo novo nessa trend explosiva do kpop com estilo. Deu certo, já que, até hoje, So Bad é mencionada como o grande ponto alto da carreira do STAYC e, por todos esses três anos, a gente esperou que elas seguissem esse caminho mais impactante, sem deixar de ser, ahm, feminino; conseguiram mais ou menos o mesmo efeito com RUN2U, do ano passado. Só que, no meio disso tudo, parece que existe um buraco negro na carreira do grupo, onde os lançamentos não envelhecem tão bem ou simplesmente não têm força o suficiente pra virar o dia.
Ao mesmo tempo em que é um excelente debut, So Bad atua como um campo minado. Cada futura música permanece latente debaixo da terra até que alguém pise sem saber o que está prestes a acontecer. É uma bomba ou é terra firme? Qual o próximo passo que o STAYC deve dar? O que fazer pra que as pessoas esqueçam So Bad e foquem no que vem pela frente? Talvez o grande mal do grupo tenha sido estrear com uma imagem e som tão característicos a ponto de congelar no tempo, porque o STAYC de hoje não lembra em nada aquele de 2020 do qual a maioria ainda nutre uma memória cativa. Em tempos de incerteza, o STAYC correu rumo ao nada cantando desesperadamente sobre o amor num instrumental tão melancólico e nostálgico que, de repente, a gente se vê materializado naquela época, agora tão distante, de home office forçado e isolamento social. Um sentimento, no mínimo, estranho e que eu quero muito que seja superado com bons lançamentos.
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Acompanhei STAYC desde o debut (literalmente vi o MV de So Bad ir ao ar) por serem do BlackEyedPilseung, já que acho praticamente todas as músicas deles incríveis, mas já fazem uns comebacks que não consigo me importar com o grupo…. Pelo menos a Coreia abraçou bem ASAP (é comentada até hj) e Run2U
Aparentemente a fanbase delas é bem feminina e jovem, e da para perceber os BED tão apelando bastante para essa demografia. Sigo aguardando e esperando o dia que vão lançar o CHEER UP, TT, Roller Coaster, ou qualquer outro hit pelo menos a nível de So Bad.
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talvez os próximos cbs sejam mais promissores, agora que parece que as dividas tão pagas e as gatinhas tão fazendo dinheiro de verdade, já não vão precisar fazer musica tão “infantilizadas”
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