Além de ser o potencial canto do cisne do Cherry Bullet, P.O.W é a maior propaganda enganosa dos últimos anos no pop asiático

Contrariando todas as estatísticas, o Cherry Bullet continua vivo e fazendo seus comebacks, mesmo que sejam anuais. Talvez por estarem numa categoria diferenciada que é a nugu de luxo (ou nugu que ainda não entrou no cheque especial) porque, ainda que a situação seja difícil, elas conseguem entregar números com certa qualidade, ou pelo fato das três queridas terem sido injustiçadas no Girls Planet 999 e o grupo garantiu o status de Juliette do kpop, mas elas permanecem no corre. 

Significa que eu sempre espero alguma coisa delas? Pelo contrário: o Cherry Bullet sempre me surpreende quando o nome do grupo tá numa mesma frase que a palavra retorno, ainda mais quando não acompanha uma negativa dramática do tipo “anunciou disband e nunca mais fará seu”, ou algo assim. A FNC é uma incógnita no quesito musical e os grupos (quando não têm a reputação destruída por alguma doida) sobrevivem além do esperado, então fico feliz em ver como essas divas seguem resistindo. 

O que esperar da terceira parte da saga da cereja? 

Vamos tirar o elefante branco da sala e falar sobre como P.O.W é uma propaganda enganosa, talvez a maior que eu já vi nos últimos anos dentro do kpop. Isso porque os teasers apontavam uma certa roupagem lacrativa, principalmente no pré-refrão, que é extremamente homossexual e dá margem pra um follow-up babilônico, apocalíptico, hecatômbico, o que seria a forma perfeita de encerrar uma possível trilogia de hits retrô, sendo que um é mais gls que o outro. De quebra, ainda promoveria um certo amadurecimento pro grupo, mesmo que isso representasse o fim da marca Cherry Bullet. Não seria a primeira vez que matariam mulheres gostosas na indústria.

Só que P.O.W, além de se enquadrar como queerbaiting por não ter nenhuma das coisas que eu descrevi acima, é uma bagunça. Ela tenta soar divertida (e até consegue em alguns momentos), mas acaba sendo uma versão mais barata do Kep1er, e olha que o Kep1er já é uma versão barata de várias outras coisas baratas. Isso rebaixa o status do grupo pra apenas nugu, como tantos outros que existem nesse montaréu de girlgroups que são a exata cópia um do outro. E é meio triste ver que uma das características que tornava o Cherry Bullet tão único, que era essa forma romântica de trabalhar o retrô, tenha se perdido.

Pelo menos elas ganharam um MV, e não um projeto de faculdade. Os efeitos práticos e cenários são bonitos e o CGI e a edição num geral ficaram uma graça, ainda que tenha aquele gostinho de orçamento baixo. Parece que resgataram aquela fórmula de realidade virtual do debut e deram um novo significado e isso torna a experiência com P.O.W um pouco menos frustrante (e até nostálgica se você acompanha o grupo desde o começo que nem eu), mas é um ótimo MV pra ser visto no mudo e tirar todos os prints que você precisar. 

O resultado desse comeback e todas as tomadas de decisão por trás dele é tragicômico. Com uma produção duvidosa, o Cherry Bullet alcança o ponto mais estranho da sua carreira, onde soa tão genérico e low budget que não consegue arrancar um risinho sequer. Nem ao menos dá pra comparar com outros exemplares mais ou menos da mesma época, tipo o Weki Meki ou o Nature, que também não possuem nenhum dinheiro no caixa e, ainda assim, conseguem lançar umas patifarias muito mais risíveis. Toda essa situação faz com que o grupo encare uma verdadeira sinuca de bico, onde elas poderiam disbandar silenciosamente depois de entregar um dos atos mais bucetudos da sua história, ou simplesmente perder o controle e fazer de P.O.W uma bagaça lixosa e divertida, mas elas falham em alcançar qualquer um dos dois extremos e fazem sua estreia no hall dos comebacks mais inúteis e desnecessários do kpop. 

Escute também: Whistle Like That

De longe, esse é o EP mais fraquinho dessas coitadas que sempre serviram ali uma ou duas músicas legais pra distrair a gente. A tracklist não é interessante e, em alguns momentos, me lembrou até das piores do Secret (o que é subjetivo pra cada um, o Secret tinha MUITAS músicas ruins). Whistle Like That é o que salva o Cherry Dash de não ser um fracasso completo, e ainda ouso dizer que, se melhor trabalhada, tem um potencial enorme pra ser single. Ela segue por aquele caminho retrô romântico que elas fizeram nos últimos dois anos, quase uma mistura da delicadeza de Love So Sweet com a dramaticidade de Love in Space, com uns riffs meio… Legião Urbana? Pois é. Parece até uma demo bem gay dos irmãos de empresa, o SF9, só que adaptada pra um girlgroup. Eu amei e vou fingir que elas lançaram isso no lugar.

Vocês sabiam que agora eu vendo minhas artes? Lá na Colab55 tem algumas opções de produtos com estampas que eu fiz e você pode comprar pra ajudar essa pobre coitada que escreve o blog.

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