Até que enfim essas semanas mortas do pop asiáticos acabaram (apesar de estarem programadas pra voltar já na próxima segunda) e eu posso tirar as teias de aranha do blog. Nada muito digno de nota foi lançado em fevereiro até o momento, tanto que, em quase metade do mês, eu adicionei uma única música na playlist. Mas esse cenário está prestes a mudar de acordo com a fé que eu levo na mais nova palhaçada do Jaden Jeong.

Foram alguns meses de especulação, uma unit lançada na correria e polêmicas sobre quantidade de vendas pra que o tripleS, um projeto tão ambicioso quanto os outros que o Jaden fez parte, finalmente visse a luz do sol. Ou, pelo menos, um pedaço dele, já que espera-se 24 garotas metidas nesse negócio e aqui temos dez delas, e talvez a gente nem veja todo mundo reunido de fato porque o Jaden nunca termina as coisas que ele começa.

O importante é que Rising saiu e chacoalhou o mundo dessa pessoa aqui.

A primeira impressão que eu tenho ouvindo isso é que, inevitavelmente (e infelizmente) o Jaden representou grande parte da essência do LOONA. Isso porque Rising soa como um ótimo follow-up para o que foi apresentado no [X X], em vez do trem descarrilhado que foi So What. Dá pra ter uma ideia do que o grupo seria caso não acontecesse a avalanche de merda que aconteceu desde o hiato da Haseul, e que bom que a gente tem a oportunidade de ouvir o que pode ou não ser um dos vários descartes que ele enfiou no bolso quando meteu o pé da BBC. 

Rising é refrescante. Um R&B delicioso que entrega elegância e atitude nas medidas certas, como de costume no catálogo da Monotree (outra equipe de produtores bem familiarizados com o LOONA). O pós-refrão é uma catarse que pega tudo o que aconteceu até aquele momento exato da música, bate no liquidificador e explode numa ode aos anos 90, integrando elementos de hip-hop por cima de uma base extremamente pop. É como presenciar, em escalas bem menores, um encontro tão icônico quanto Aerosmith e Run DMC em Walk This Way.

Claro que eu acho que poderiam ter estendido um pouco mais a duração da música. Num conjunto todo, Rising parece apressada, como se quisesse chegar ao fim logo, e isso é culpa do modo como a faixa foi estruturada. Uma sequência de dois refrães que dá espaço ao que poderia ser muito bem uma ponte fazem com que a gente fique com aquela sensação de “ué”, ao mesmo tempo que quer ouvir mais. Bom, a gente tá numa era onde músicas menores garantem mais repetições nos streamings, então o tripleS garante, pelo menos, alguns números meus por ser extremamente grudenta. 

Sinceramente, não sei como o futuro do tripleS vai se desenrolar. O Jaden sempre entra de cabeça numa coisa por alguns meses até cansar e pular fora, mas, apesar dele ser esse ser humano desnecessário, eu preciso concordar quando grande parte da graça de acompanhar algo no kpop que leve o nome dele se deve, justamente, a ele e essa megalomania de criar universos são singelos por fora e densos por dentro, recheados de músicas mágicas que parecem não soar da mesma forma em nenhum outro lugar. Por isso, enquanto essas queridas viverem, eu estarei aqui na minha casa aclamando. 

Escute também: New Look

Esse EP de estreia do tripleS é estranho, mas tão bom. Nenhuma das músicas conversam entre si, a tracklist tá numa ordem bizarra (vem uma faixa, depois uma introdução pra Rising e o resto), só que tudo é feito com tanto carinho, é tudo tão redondinho, amarrado, que eu acabo nem me importando. Entre referências a unit que debutou no ano passado (referências essas muito boas) e outras lembranças do espectro do LOONA, eu fico com New Look, que foi uma das faixas que o perfil oficial selecionou pro povo escolher como title mas não passou da peneira inicial. O bom é que souberam aproveitar o potencial que ela tem e traduziram isso em synthpop eletrizante, melancólico, que lembra um pouco… Star/Voice? Sim, mas é muito mais maravilhoso. 

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