2022 tá sendo um ano de revivals emocionantes. Se todos realmente agradaram, vai do gosto pessoal de cada um, mas é tão divertido acompanhar as gigantes de outrora voltando como se fosse um dia comum no kpop de dez anos atrás. Dessa vez, o EXID lembrou que já teve uma carreira foderosa na Coreia e resolveu comemorar uma década de vida com um comeback especial, mesmo que a saída das integrantes tenha representado o fim literal da Banana Culture (casa dos pioneiros do Seo Taiji and Boys, por exemplo).
Depois de cumprirem o contrato com a Tokuma Japan com lançamentos meio mornos, eu fiquei bem curiosa pra saber como o EXID se adaptaria nessa nova geração, já que o próprio Shinsadong Tiger tem produzido umas coisas bem duvidosas nos últimos dois anos e ele seria o grande responsável pelo retorno do grupo que ele mesmo criou. Uma abordagem mais edgy seria inevitável, até pra contribuir com o barulho do comeback, mas em solo doméstico elas sempre trouxeram verdadeiros bops.
Será que Fire é digna de nota pra relembrarmos com carinho do EXID?
Se fosse pra definir Fire pra alguém que não pode ou não quer escutar a música no momento, eu diria que é a mesma sensação de ter contato, depois de adulto, com algo que a gente gostava muito na infância. Ou seja: definitivamente não, a não ser que você não se importe em se decepcionar. E é uma pena abrir o editor de texto pra falar mal do EXID, de verdade. Não dá pra entender o que rolou aqui senão um misto de ideias bem genéricas e piores do que as barulheiras que o Shinsadong tem dado pro TRI.BE. Tem um gosto amargo de nugu, no sentido mais horrível possível, recheado de maneirismos em inglês que, de tão toscos, não fazem a curva e ficam engraçados, o que eu acho primordial quando você se propõe a lançar uma música dessas. Se for pra ser palhaçada, que calce os sapatos e bote o nariz vermelho na cara.
Musicalmente falando, o EXID é bem previsível. Depois do viral da Hani, os singles seguintes tinham estrutura pronta, quase um template que foi montado pra que elas não precisassem mais passar perrengue na vida e continuassem mantendo o sucesso repentino. Nessa leva, surgiram atos icônicos: Ah Yeah, Hot Pink, L.I.E, DDD… Todas filhas lindas e gostosas de Up & Down, com letras sacanas e MVs melhores ainda. Sim, o fato de ser previsível torna tudo ridículo, mas é ridiculamente divertido ouvir a discografia delas porque, mesmo genérico, empolga. Essa era a grande sacada do Shinsadong Tiger com o EXID; não à toa elas mantiveram a relevância por alguns anos.
E mesmo quando elas mudavam a direção com as maravilhosas Lady e Night Rather Than Day, o resultado ainda era fantástico. Aliás, eu gosto bastante desse lado menos escrachado com EXID, principalmente na segunda música que eu mencionei. É tudo tão elegante e classudo que fica difícil pensar nelas como o grupo que usava bexigas em forma de salsicha pra simular uma piroca broxando, e ainda conseguiram conduzir os lançamentos como um quarteto enquanto a Solji (potência vocal do EXID e, talvez, do kpop inteiro) tratava seu hipertireoidismo. Então, o que rolou?
É difícil responder. Fire é simplesmente sem graça, não causa nenhuma reação a não ser um bocejo longo de quem acordou às 6 da manhã. Além dessa sonoridade não combinar em nada com elas, acho que a música chegou extremamente atrasada no cenário, ainda mais num ano onde algumas mesas viraram e muitos grupos estão largando o girl crush de mão. É um pouco frustrante ver o EXID comemorar uma década de um jeito tão aleatório, nada que remeta ao sucesso que elas tiveram ou o acontecimento que as levaram até o patamar atual. Reuniões de grupos da segunda geração são sempre legais de acompanhar, mas a gente precisa aceitar que nem sempre elas são boas de fato. O comeback de hoje é um desses casos: se for pra ouvir EXID em algum momento do meu dia, com certeza Fire não vai ser a minha primeira escolha. E nem a última, eu simplesmente vou esquecer que eu tive contato com isso.
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Pelo menos todas tão muito gostosas (enfâse na LE), melhor coisa desse comeback foi elas
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As duas bsides estão mt boas pelo menos…
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