Dez outros letrapopes que entraram no meu radar esse ano 

Eu sumi, mas as listas de final de ano continuam pra aquecer esse humilde blog para o grande e (não) aguardado ranking das cem melhores de 2021. Essas listas me ajudam a desovar tudo aquilo que eu gostei e não gostei ao longo dos meses e, como qualquer pessoa aparentemente normal, eu não vivo só de kpop e jpop (de jpop acho que eu viveria facilmente, agora kpop é só pra quem quer acabar num hospício mesmo). 

Aqui na blogosfera, o pessoal costuma falar sobre aquilo que gosta de acompanhar. Por exemplo, o Gui dá pitaco em pop ocidental e brasileiro, o Wendell e o Arthur preferem ficar na Coreia do Sul, o Dougie e o Lunei entendem alguma coisa de mandopop, o Rodrigo é praticamente 100% Japão, e assim vai. Pra dar uma variada no meu gosto musical, eu explorei outras letras-pop por aí e descobri muita coisa legal (mais legal do que o kpop tem feito por aí). Pensando nisso, reuni as dez melhores músicas desse nicho que ainda não entram na rotina de posts do blog (por falta de conhecimento), mas que com certeza fizeram minha cabeça. 

10. Daisy Daisy – Don’t Worry Be My Boy (Tailândia)

Começando com essa delicinha synthpop que poderia ser o single de qualquer grupo nugu do terceiro escalão do kpop, Don’t Worry Be My Boy é aquele lançamento bem bobinho com um instrumental que funciona bem comigo em 99,9% das vezes, coberto por uns vocais dissonantes, mas que diverte sem compromisso. Sendo da Tailândia, a gente até passa a imaginar que a cena pop de lá, por algum motivo, segue os passos da sua conterrânea mais famosa, mas aqui a gente tem uma música redondinha que tenta se vender como algo mais sofisticado. O Daisy Daisy é um grupo de (agora) sete integrantes e muita gente já entrou e saiu, mas isso aqui fez um barulho. Espero que elas lancem mais coisas assim. 

09. Vivian Hsu – Rock It Off (Taiwan)

A primeira representante do mandopop nessa lista é a Vivian Hsu, uma quase cinquentona bem famosa em várias áreas além da música, como modelo e atriz. Em Rock It Off, ela se jogou num rockzão mesmo, cantando sobre como ela é poderosa e que ninguém pode dizer o que ela deve fazer. Lembra um pouco o que a Victoria tentou fazer em Diagonal Line, só que menos EDM e mais riff bate-cabeça que parece evocar alguma entidade sobrenatural. O MV vale centavos, mas se aproveita muito das animações e a locação de bar duvidoso num beco da República, e o resultado fica hilário ao tentar se levar a sério. 

08. BNK48 – D-Aaa (Tailândia)

Eu gosto de me torturar e acompanho os grupos 48 até hoje, mas nunca tinha parado pra escutar os chamados “sister groups” de outros cantos da Ásia. É que, na verdade, a grande maioria deles (se não todos) fazem covers do original japonês no seu próprio idioma e, pra mim, nunca fica bom (tem faixas do próprio AKB48 que já são horríveis). Isso até pegar um feriado todo pra assistir The Underclass na Netflix, cujo elenco é composto por umas 15 garotas do BNK48, a franquia tailandesa do Akimoto. E aí entra D-Aaa, a primeira música original delas desde o debut. Bom, isso aqui não tem nada demais; é um número fofinho onde todas cantam sobre o amor por um garoto qualquer, mas eu fui tomada pela construção meio tensa, onde os vocais crescem recatados até explodir cintilantemente em vários aaa-d-aaa-d-aaa-d-a, empacotados com figurinos exagerados que ficaram lindos no cenário. 

07. PiXXiE – DED (Tailândia)

Falando em construções legais, essa daqui faz a mesma coisa. O refrão quebra numa onomatopéia tão gostosa e viciante depois de oferecer versos eletrônicos que flertam bem timidamente com bossa-nova (ou aquela música de cafeteria que todo coreano tem na discografia), e a mistura fica boa demais. De todos os grupos tailandeses que eu vi, o PiXXiE acaba tomando pra si muito do kpop, mas com elementos que fazem com que os estilos sejam muito diferentes; DED é assim. E, como recompensa (pra quem ouve), a gente tem a impressão de que o grupo é muito grande, mas são só três meninas que conseguem preencher a faixa do começo ao fim. 

06. BINI – Golden Arrow (Filipinas)

Essa daqui é inteirinha em inglês e é só ouvir desatento que você vai achar que é uma faixa perdida do Little Mix ou algo do tipo, mas estamos falando de um grupo filipino que pegou um instrumental maravilhoso e transformou num disco music ainda melhor. Golden Arrow reúne toda aquela aura de gostosa retrô em calças boca de sino e paetê que a Coreia do Sul tentou trazer em suas várias versões de Blinding Lights sem deixar derivativo ou enjoado; na verdade, a vibe meio melancólica e os timbres únicos das meninas do BINI deixam a música leve, mesmo passando uma mensagem de empoderamento lacrador. Aprendeu aí, ITZY?

05. Xu Ziyin – Hunger (China)

Quem assistiu Girls Planet 999 vai lembrar dessa figura aqui, que saiu cedo demais, ao mesmo tempo que escapou de uma furada. Sim, Xu Ziyin, com o seu vocal marcadíssimo pela dramaticidade e perfeito para cantar OSTs de dramas wuxia, lançou um funkzinho delícia lá no começo do ano, com várias metáforas sobre ter fome literal e ter fome “daquilo”, enquanto reflete sobre o seu tédio e todas as controvérsias que rolam em torno disso. Topei com Hunger por acidente no Spotify e me apaixonei, ainda mais vendo a Ziyin entregando um número divertido assim. Dá até um aperto no coração saber que o vídeo tem 530 visualizações. Gente, ajuda lá.

04. G.E.M – Superpower (China)

Outra que mergulhou no retrô, só que de um jeito diferente, foi a G.E.M, de quem eu não sei absolutamente nada, mas já amo. Sério, me entregar um MV recheado de referências a séries dos anos 60 (e um fucking Sailor Moon no refrão) e todo o conceito da space age da época é maravilhoso em vários níveis, ainda mais quando a protagonista é uma agente do governo que descobre que o marido tá tendo um caso com um extraterrestre de peruca. Nem o T-ARA fez tanta pesquisa assim, e pra mim esse é, disparado, o melhor MV da lista. Superpower como música também não fica muito pra trás; um eletrodisco incrível que dispara as piores ofensas que um ser humano traído pode dizer. Uma música de corno nem sempre precisa ser uma balada, né?

03. Bích Phương – Đố Anh Đoán Được (Vietnã)

Também não conheço a Bích Phương, mas pelo que eu li, ela é a sensação lá do Vietnã e sempre lança umas crocâncias que duas pessoas no Brasil gostam de acompanhar. Đố Anh Đoán Được é mais uma repaginação da Doja Cat quando ela estourou com Say So e, talvez, seja a melhor Say So asiática que você vai ouvir, enquanto a gata descreve as coisas safadas que quer fazer com o protagonista que participa de uma espécie de game show, mas ele é tão tapado que não acerta nada. Não tem nem três minutos de duração, o que é uma pena, porque é tão gostosinha que você nem vê o tempo passar. 

02. Pam Anshisa – Toxic (Tailândia)

A BoA mataria pra incluir essa no álbum de 20 anos, ou a Chungha faria de tudo pra enfiar na sua epopeia, mas felizmente a Pam Anshisa abocanhou a demo antes. Toxic é um R&B sensual que entrega absolutamente tudo, faz você se sentir uma gostosa que acabou de sair de um relacionamento tóxico e quer oferecer tudo pra todos na balada enquanto você faz aquela faxina rebolando em todos os cantos da casa. Me causa indignação essa garota não ter acontecido ainda (pelo menos com essa música), porque se fosse uma Asiana Gurande (ela assumiu uma nova identidade esses dias) qualquer faria sucesso. Justiça pra Pam Anshisa aqui nesse blog, a maioral da Tailândia! 

01. Lexie Liu – ALGTR (China)

Só não foi maior o bastante pra desbancar o meu mais novo vício. Lexie Liu apareceu com a sua versão de Blinding Lights, mais robusta e agressiva, presa um futuro distópico e pronta pra se rebelar contra o sistema. É num plotão desse que ALGTR tá inserida e, mais que isso, temos um ótimo e complexo número synthpop meio industrial, que traz essa sensação de “estamos todos fudidos na era das máquinas” tão palpável que, às vezes, parar pra ler a letra (muito bem inserida no MV, inclusive, gosto disso no mandopop) faz você entrar em parafuso. Enquanto isso, a Lexie Liu luta contra o próprio planeta Terra e suas milhares de versões fragmentadas por aí, presas em “monitores”, implorando pro futuro ser resetado. ALGTR é hit instantâneo pra qualquer um que ouve e as camadas escondidas no instrumental se tornam cada vez mais interessantes de se ouvir. 

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