Não tem uma pessoa que consuma o kpop atual que não saiba quem é a Hwasa. Na verdade, muitas vezes é comum se confundir com o fato de que a gata faz parte de um grupo, tamanha sua presença e personalidade, mas debutar solo foi a melhor coisa que ela poderia ter feito, desencadeando o fenômeno que o Arthur gosta de chamar de Hwasa-gate.
Apesar de não escutar frequentemente o material solo da Hwasa, dá pra dizer que os lançamentos dela até agora foram muito fortes e apelativos com os dois lados do globo. E, mesmo que eu já tenha enjoado ou não curtido muito, fiquei ansiosa pelo que ela entregaria dessa vez.
Vamos dar uma olhada no MV de I’m a B antes de qualquer coisa.
O Hwasa-gate seria descrito como a aparição excessiva da Hwasa em todas as mídias desde a apresentação que ela fez no MAMA 2018, com aquela roupa de látex vermelho e as botas até as coxas. Desde então, como o Arthur costuma dizer, esse fenômeno contaminou todas as outras integrantes do MAMAMOO e até gente de fora, como se ela estivesse ditando os costumes de um novo nicho de solistas. De certa forma, é verdade mesmo, já que a Hwasa sempre foi vista como a inimiga da família lá na Coreia, mas um ícone de mulher por aqui e isso, de alguma forma, contribuiu com uma discreta mudança de imagem de outros artistas.
Dá pra dizer que ela conseguiu estabelecer uma identidade sonora mesmo com três lançamentos (que, inclusive, foram anuais), já que I’m a B lembra muito Twit com uma base discretamente mais retrô. Temos um drum and bass forte que conduz a Hwasa a cantar, mais uma vez, sobre a sua vida e experiências pessoais, enquanto sensualiza nos figurinos mais questionáveis que só uma it girl poderia vestir. Por um lado, eu simpatizo com a música, principalmente pelo instrumental carismático, mas rola uma certa linearidade aqui; não existem muitas camadas que façam com que esse comeback seja um grande destaque, e aí I’m a B se transforma numa prima menos querida na discografia da Hwasa. A exceção é o break de cítara coreana, que é mais um filler do que qualquer outra coisa.
Então eu tento me apegar aos detalhes, e consigo dizer que a bicha exerceu um poder de criatividade e ousadia muito grande. É até estranho pensar como a RBW permite uma idol explorar tanto a sua intimidade nesse nível, mesmo que com metáforas, trocadilhos e censuras que mascaram um pouco dessa mensagem. A Hwasa sempre se descreve como uma vadia, seja explicitamente ou nas entrelinhas, aquela que balança o senso comum e cria um espaço pra ela mesma. E eu gosto da ideia de vadia ser usada com o hangul 빛, que significa luz e tem pronúncia semelhante ao inglês, porque nem sempre ser “fora dos padrões” é ruim.
Conexões religiosas mostrando o sofrimento bíblico em Twit, usando seu nome cristão em Maria e desabafando sobre seus pecados em I’m a B fazem essa trinca de lançamentos da Hwasa ter um pano de fundo interessante que não é explorado ao seu máximo. Ela é, sim, uma mami gostosona que tem os haters na palma da mão, mas peca em trazer originalidade sonora, o que é bem triste se a gente for parar pra pensar no tamanho que a Hwasa tem perante o seu grupo e as coisas das quais fez parte (o dueto com o Loco e o Refund Sisters são dois grandes exemplos). Talvez essa urgência em fazer o MAMAMOO ter uma “cara suzyficada” cortou as asinhas dos dois lados: é mais uma autobiografia do que um grupo de kpop.
Obrigada ao Arthur que me explicou rapidinho o que era o Hwasa-gate, então os créditos desse post vão pra ele também!
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