Com o Red Velvet se tornando um trio (hipotético, já que sabemos que esse grupo jamais vai soltar outra música na vida; gente, eu sou fã do f(x), eu tenho local de fala), a SM se movimenta internamente pra sinalizar os fãs que elas continuam na ativa, apenas em formatos diferenciados, e ressuscitou a unit lésbica Irene & Seulgi. Na geladeira desde 2020, a duplinha se ocupou com outros projetos até, eventualmente, serem chamadas para botar as aranhas para brigarem no estúdio e retomarem a alcunha de Red Velcro para si mesmas. 

Um puta anúncio, eu diria. Acho que as duas têm um potencial enorme juntas e que deveriam investir muito mais nessa historinha sáfica, sapatonas da xereca perolada metafórica que são parecidas fisicamente e causam uma sensação estranha em quem vê, quase um fetiche de transar com gêmeos. E o time por trás do material visual da unit sabe disso. Não deveria ser algo chocante a ponto de tirar a foto da ostra de todas as redes sociais, mas todo mundo envolvido já entende que elas são esse pilar provoke society dentro do fandom e que qualquer pegada mais sugestiva vende. 

Eu só esperava um pouco mais de… algo?  

Vou ser a advogada do diabo e declarar que Monster é mil vezes melhor do que isso daqui. Pelo menos, ver a Irene virar 180 graus e um jumpscare horroroso pipocar na minha tela me causou um frisson. O dubstep ensurdecedor da faixa fez meu coração bater mais forte. O enredo meio A Criada, o filme mais lésbico da história, com certeza foi uma propaganda enganosa, mas, uau, colocar as duas nos papéis da herdeira e da empregada que se unem numa história de amor doentia e misândrica certamente aqueceu os debates durante a pandemia. Por muito tempo tive vergonha de admitir, mas cansei. Monster é dez. 

Elas apararam as arestas na fabulosa Naughty, que segue mais ou menos a linha elegante do lançamento de hoje, mas de um jeito muito mais interessante. É uma música cheia de camadas, mistérios, você quer desvendar como as duas conseguem ser cópias fiéis uma da outra. Um house hipnotizante, sempre que eu ouço, sinto que afundo do mesmo jeito que na primeira vez. Naughty é uma música que não envelhece, o tipo de instrumental safadíssimo de ballroom que deu uma morrida nos últimos tempos e poderia voltar porque sinto que não tem margem pra erro com esse tipo de faixa.

Agora Tilt? Simplesmente não funciona. Ela engana pelos primeiros versos, instigando nossa curiosidade para entender onde esse trem de pensamento vai nos levar e montando uma estrutura dramática (até demais), como se fosse uma declaração desesperada de duas meninas que estão explodindo de tesão só de se olharem e que qualquer movimento do planeta pode fazer com que elas percam a linha. Sentimento esse que deveria vir no refrão, certo? Errado, porque o refrão é uma MERDA.

Uma casca de ovo vazia, daquelas que a minha mãe pedia pra eu guardar pra ela moer e fazer de adubo mais tarde. E que, se eu não lavasse direito, fedia. O batidão é, na verdade, uma batidinha, que incomoda com o passar do tempo, começa como uma furadeira no seu vizinho num sábado de manhã e vai virando um dedinho do pé que esbarra na quina da cama até se transformar numa ressaca pungente de cuba libre. Não tem emoção, não tem sapatonice, não tem absolutamente nenhum resquício de vontade de fazer com que Tilt seja legal. É uma produção frustrante. É uma ostra que passou do ponto e quase matou um freguês no Bar do Peixe, aqui em Pirituba. 

O EP também tá uma chatice. Não sei o que pensar…

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