Pois é, o quadro ressurgiu das cinzas depois de ter sido criado com a desculpa de falar sobre More & More, mas na verdade é que a intenção disso aqui não é simplesmente relembrar lançamentos (quer dizer, não é só isso), mas sim discutir aqueles eventos na fanbase que foram icônicos em qualquer sentido da palavra. Por exemplo, More & More foi uma música do TWICE que eu mesma não acompanhei na época, mas com o aniversário de três anos, percebi que minha bolha é muito dividida a respeito dela. Com isso e o fato de eu gostar muito de More & More, achei que valia a pena dedicar meu tempo. 

Enfim, explicados os termos, a segunda edição desse quadro pretende discorrer a respeito de um dos maiores atos que o kpop já vivenciou em todos esses anos de história. É um daqueles acontecimentos que passam entre gerações como uma lenda e todo mundo fica igualmente embasbacado com a proporção que levou e a relevância gigantesca que tal lançamento tem pros moldes do kpop hoje em dia. E nem adianta dizer que é exagero porque o próprio Google traz como primeiro resultado quando digitamos as palavras abaixo:

Sim, queridas. É hora de falar do impacto de Genie e o babilônico stage no heliponto da MBC.

Antes de Genie nascer e ganhar o status que tem hoje, o SNSD ainda tentava se encontrar no mar de conceitos que a SM propunha pra elas. De um grupo de garotas em busca dos seus sonhos ao bando de manequins de calças coloridas mandando passinhos que ficariam eternizados na memória de qualquer um que se prestasse a assistir, elas ainda caminhavam para ser o grupo meteórico de meses depois. Mas, pra isso acontecer, a SM precisava de algo. Nada como um milagre, até porque Gee já tinha garantido dinheiro o bastante pra elas viverem confortáveis e lançarem coisas meia boca até a oportunidade surgir, mas talvez todos estivessem esperando um alinhamento dos astros e a criatividade despontar em algum produtor fudido da empresa, ou que uma demo europeia “caísse nas mãos” de algum funcionário. E que isso tudo faria o SNSD lançar o seu magnum opus. 

Genie é uma máquina de sucesso, com uma ideia boa atrás da outra. Como música, é um eurodance estilizado aos moldes coreanos, cuja mente por trás dessa adaptação é o lendário Yoo Youngjin, produtor veterano da SM que se adaptou extremamente bem nessas viradas de gerações e assinou muita coisa, no mínimo, ótima até 2018. Nessa época, ele estava no auge: ele já tinha a versão em inglês de Girls on Top, da BoA, engatilhada e ainda produziria uma faixa do Diamond Candy, da Elva Hsiao. É difícil descrever o efeito que Genie causa em quem escuta sem parecer repetitivo ou distorcido; é uma daquelas músicas que você precisa ouvir pra entender o motivo dela ser tão revolucionária. Acho que é mais a consolidação da imagem que o SNSD tinha de serem deusas intocáveis, começando pela famosa foto das nove em fila vestidas de marinheiras e as pernas enormes de fora que deixavam o grupo com um ar de supermodelos. Porque Genie sempre foi muito mais visual do que qualquer outra coisa, e é aí que as boas ideias que fazem o lançamento ser o que foi moram.

Não tinha uma pessoa que não gostaria de passar o dia todo com o SNSD em 2009, com elas te mimando e dizendo que vão realizar todos os seus desejos não importam quais sejam. A SM se aproveitou muito do estilo daquelas visual novels românticas em primeira pessoa pra construir a narrativa do MV e, de quebra, alimentar as fantasias que qualquer um poderia ter. Junto com a letra, que dá ainda mais gás pra toda essa aura de amor platônico, quase irreal, Genie é um caminhão de fanservice. É como se fosse uma propaganda que faz as perguntas exatas e te oferece um produto que você ao menos precisa naquele momento, mas é um produto que promete curar todos os seus males. A SM sabia que tinha algo poderoso nas mãos, não à toa as fotos promocionais são as mais famosas de toda a carreira do grupo e a música em si se tornou um hino pra todas as ocasiões.

Como era de se esperar, Genie teve uma porrada de stages icônicos, com a SM explorando ao limite todas as possibilidades de uniformes que elas poderiam vestir. É até engraçado ver como a estratégia de fanservice funcionou porque, sempre que elas dão a deixa pra completarem a música (aquele negócio de fanchant que a Coreia ama), a gente se depara com um bando de marmanjo berrando “MALHAEBWA!!!”. E, nessa leva, Genie se transformou na faixa perfeita pra, por exemplo, ver a passagem de ano, graças ao fabuloso trecho que a Tiffany canta e dá nome pra esse quadro acabar sofrendo variações como DJ, happy new year! exatamente quando o ponteiro do relógio bate às 12. Mas o mais lembrado por conta da audácia e o fervo gerado é o do heliponto da MBC, e tudo que envolve a execução desse stage é absolutamente maravilhoso. Estamos em 2009, não esqueçam: a transmissão foi ao vivo e envolveu um drone, tecnologia caríssima na época e que talvez a emissora não pudesse bancar tão fácil. Foi uma jogada arriscada e que rendeu uma audiência de 17,2%, recorde que até então nenhum outro stage bateu. 

Músicas como Genie sempre rendem histórias memoráveis. Ainda que fosse um projeto ambicioso da SM pra catapultar de vez o SNSD, tinha tudo pra dar errado por conta do atraso no lançamento, problemas na arte final da capa que envolvia figuras do período imperial do Japão e uma águia nazista nos uniformes. E mesmo depois de tudo isso, o lançamento do EP poderia ter sido ofuscado porque o Michael Jackson resolveu morrer no mesmo dia. Mas, no fim, a SM estava determinada demais em fazer Genie acontecer e deixar suas nove musas morarem na cabeça de milhares de fãs que existiam e ainda estavam pra existir. Provavelmente, esse foi o single que consolidou o SNSD como a maior potência feminina da Ásia e, talvez, do mundo depois de muitos anos do fim das Spice Girls (vão te dizer que foi The Boys, mas você só ignora o mau gosto). E o stage no heliponto só prova que, em 2009, nem o céu era o limite pra elas. 

Vocês sabiam que agora eu vendo minhas artes? Lá na Colab55 tem algumas opções de produtos com estampas que eu fiz e você pode comprar pra ajudar essa pobre coitada que escreve o blog.

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