Hoje, enquanto fazia minhas coisas de adulta, percebi que é um dia bem curioso no kpop e que, se não fosse pela história recente, seria quase uma ação de marketing para promover Oppenheimer na Coreia do Sul. NMIXX e ITZY lançando suas coisas no mesmo dia… Imagina o terror que poderia vir em seguida se a gente levasse em conta tudo o que aconteceu no passado. Mas não dessa vez, irmãs. Porque as moninhas do NMIXX finalmente tem acesso à música boa e o ITZY entrou nos trilhos de novo desde o comeback simpático do ano passado. É como se, em proporções menores, o Wonder World e o A Class estivessem saindo juntos do forno.
E eu amo ver a JYPE reescrevendo a própria história depois que aquele papo de mixx pop morreu de forma amarga no gosto popular. Não diria que era uma ideia promissora e, sim, algo perigosamente ousado pra se pensar além da teoria, tanto que desistiram depois de dois lançamentos. Ver o NMIXX numa outra roupagem logo no começo desse ano deu um sopro de vida pra essas meninas; pela primeira vez, era possível enxergar verdade no que elas apresentavam, algo que valesse a pena ter seu nome envolvido. Até as high notes da Lily soavam mais radiantes. Ninguém queria ser cobaia das produções duvidosas da JYPE e essa abordagem recente prova isso.
O que me faz crer ainda mais que o debut do NMIXX foi um erro é o fato de Roller Coaster ter as mesmas influências de grupos como o NewJeans, que foi na contramão de tudo que era moda na época. Esse som mais fresco e sóbrio obviamente não é invenção da Min Heejin, mas foi o gatilho pra que outros grupos apontassem na mesma direção. Parece muito fácil agora produzir um garage house, mas é uma daquelas empreitadas que as empresas se matariam para serem pioneiras. Eu acho ótimo que a JYPE tenha engolido essa pretensão de soar vanguardista em prol de uma sonoridade bem mais simples, mas igualmente cativante.
O mesmo vale pro ITZY, que tem esse problema muito sério de querer soar diferente de tudo e acabar sendo mais do mesmo. Era patético acompanhar os lançamentos do grupo esperando mais uma surra de pau mole e de fato receber; conforme os anos foram passando, não tinha nem mais graça rir dos comebacks ridículos que elas ganhavam, aparentemente, pra cumprir contrato. E nem pensem que era divertido zombar delas, muito pelo contrário: ver a energia explosiva de faixas como Icy e Wannabe morrer de forma trágica a cada single era de dar dó.
Cheshire veio pra melhorar isso no ano passado. Depois de anos, foi possível curtir algo do ITZY sem sentir culpa porque é bom de forma genuína e surpreendentemente madura. Bet On Me parece seguir pelo mesmo caminho, ainda mais minimalista, com doses de melancolia sobre acreditar em si mesma e todo aquele enredo de ser uma garota única trabalhado de uma maneira mais intimista. E é bem interessante ver essas queridas sob essa ótica meio Feel Special e conseguir escutar os vocais mais limpos num refrão eletrônico contido. É uma boa música de um grupo decadente tentando se reerguer no meio da corrida pra acompanhar a frenética (e talentosa) quarta geração.
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