Foi bom enquanto durou, mas as críticas do (G)I-DLE não têm mais o mesmo efeito em Queencard

Quem acompanha esse blog penoso, sabe o quanto eu amei a mudança de 180 graus que o (G)I-DLE deu em torno de si mesmo após a saída dramática da Soojin. Tomboy foi o negócio mais transgressor do kpop em muito tempo, quase como se arrombasse a porta da minha casa com um carro de som tocando qualquer rock nas alturas. E o follow-up com Nxde, apesar de soar estranho nos primeiros dias, se tornou igualmente maravilhoso. Não à toa, o grupo inspirou os dois textos mais bonitos que eu já escrevi nesses mais de dois anos de AYO GG.

Dali por diante, o próprio (G)I-DLE estabeleceu uma meta quase impossível de se alcançar, mas nada que a mente efervescente da Soyeon, com o apoio moral das amigas, não resolvesse em alguns meses. Mesmo que isso significasse seguir a mesma fórmula dos dois lançamentos anteriores, os mais fervorosos (eu) bateriam na velha tecla da assinatura musical e ficaria por isso mesmo, até porque, dependendo do humor, é muito chato digerir todas essas mudanças sonoras que essa geração mais nova faz a gente engolir.

Então eu sei que, no fim do dia, eu sempre tenho o (G)I-DLE.

Olha só, eu to em modo férias. E eu tenho lá meus quase 28 anos. Quando eu soube que, pra entender Queencard, eu teria que ver o MV anterior da b-side, já me deu uma preguiça enorme, mas lá fui eu ver o que elas tinham pra me oferecer em Allergy. E, bom, é basicamente uma releitura do 2NE1 em Ugly, uma crítica que funciona muito bem (diria até em níveis iguais com cenários diferentes) nos dias de hoje, falando abertamente sobre influência virtual e pressões estéticas, muito presentes na formação desse recente império do kpop. E esse clima agridoce é o que torna Allergy muito empática, e o gancho perfeito pra ser respondido no comeback oficial. Então por que Queencard não funciona?

Porque a música é vazia de significado. E não tem nada de errado com isso, a não ser que você construa expectativas e não entregue nem metade do que prometeu, que é o caso aqui. Ser boba pelo bem da bobagem é bem melhor e mais digno do que ser boba por não ter conseguido atingir o nível esperado e, tipo, tá tudo bem! Nem sempre as coisas acontecem do jeito que se planeja, mas é TÃO mais honesto admitir o erro do que se segurar no conto da Ugly Betty moderna com toques de sociologia pra parecer mais culta do que realmente é. 

Queencard quer que você acredite que ela é perspicaz demais com essa embalagem esperta (e bem feita, diga-se de passagem) dos anos 2000, recheada de referências a clássicos do girly cinema bem menos manjados, como a icônica batalha de dança da boate e uma releitura da cena da praia em forma de festa na piscina em As Branquelas, enquanto a Soyeon usa os artifícios da beleza extrema dessa mesma época pra formar uma crítica na letra, de uma forma bem descompromissada e cool. Pode ter colado com outras pessoas, mas não comigo. Eu sei que, no final, é uma tentativa fracassada do (G)I-DLE em se superar de novo, já que nem a nova estrutura padrão do grupo foi aproveitada de forma decente aqui. 

Enfim, me parece que a Soyeon se orgulha muito das coisas que fez como a mente principal do (G)I-DLE, mas eu também percebo que, quando elas não dão muito certo, esse mesmo orgulho se vira contra ela em forma de presunção, daquilo de ser muito mais do que realmente é. É um MV bonito, tem uma premissa bacana, as referências estão on point, mas por mim, a gente esquece que Queencard sequer existiu e continua seguindo a vida. Talvez seja a hora de juntar os cacos e rever o conceito mais uma vez? Pode ser. Apesar das presepadas, o grupo mantém essa chama inovadora e revolucionária dentro de si. Só resta aceitar melhor as derrotas. 

Escute também: All Night

Não foi o melhor comeback que o (G)I-DLE já fez e nem o melhor EP que elas já soltaram, mas com certeza All Night é a música mais suja que esse grupo teve a audácia de lançar. E sabe qual a ironia? Nem é uma canetada da Soyeon! A gente tem essa mania de achar que o (G)I-DLE é fruto do esforço criativo de uma única pessoa, mas na real, todo mundo que tem a oportunidade de assinar uma faixa acaba se dando bem na maioria das vezes. Nesse caso, All Night é da Yuqi, em letra e som. E, nossa, como essa música é divertida! O refrão é simples, mas ao mesmo tempo espetacular, explosivo, com aquela energia “tomboy” que elas botaram no comeback de mesmo nome, em proporções menores. E é claramente o destaque desse lançamento bagunçado. Não é a primeira vez que a Yuqi salva a tracklist do (G)I-DLE, mas provavelmente é a melhor tentativa dela. 

Vocês sabiam que agora eu vendo minhas artes? Lá na Colab55 tem algumas opções de produtos com estampas que eu fiz e você pode comprar pra ajudar essa pobre coitada que escreve o blog.

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7 comentários

  1. soyeon tentou vender algo despretensioso mas ela eh pretensiosa demais pra isso kkkkkk sorte q a música em si eh uma farofa crocantíssima entao pra quem tem senso crítico nulo igual eu o resto faz a volta e vira um camp safado q desce facinho kkkkkkk ainda assim concordo com todos os seus pontos, mais uma canetada certeira da Rafa

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  2. Concordei com a sua review inteira, mas você esqueceu de falar o principal: a Soyeon não sabe cantar.Ela é uma boa rapper mas o timbre dela cantando é um dos piores de todo kpop.
    E eu morro de rir com os fãs dela cismando que ela é uma “ace” com essa voz de pata engasgada.

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  3. Eu não sei ainda identificar o que não casou nessa música, porque o início dela parece muito bom, eu não sei se é o ritmo ou a forma que elas cantam que não combinam. Porque eu gostei pra caramba de tomboy, e tipo, são as mesmas cantoras não?

    Curtido por 2 pessoas

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