Perambulando pelo Tiktok nesses dias que a minha saúde física tá uma paçoca por conta da gripe que eu peguei, o algoritmo se organizou de um jeito que, a cada três vídeos, um é humilhando a Amber do f(x). Não a pessoa Amber (apesar dela merecer por conta do monte de polêmicas que ela se meteu), mas o papel dela dentro do grupo enquanto tava na ativa. E eu achei esse movimento muito curioso.
Eu lembro de uma época onde a Amber era praticamente uma deusa dentro do kpop, seja pelo estilo boyish ou pelo canal que ela tinha (tem?) no Youtube, que contava com a participação de algumas personalidades conhecidas e um humor que… Definitivamente era um humor (o nome antigo do canal era What The Pineapple, enfim). Até que, de uns tempos pra cá, com uma crescente onda de elogios pra discografia do f(x) principalmente no Tiktok e no Twitter, surgiu um movimento alegando que os raps da Amber estragaram todas as músicas do grupo. Será que é isso mesmo?
Como “ainda fã” do f(x) e antiga fã da Amber, achei que seria interessante dar a minha própria visão sobre isso, roubando o formato do Dougie em ranquear singles de grupos mortos, só que usando as participações da Amber, do pior pro melhor. Lembrando que a avaliação não é necessariamente do single em si, mas isso pode influenciar também.

D: Horrível
Chu~♡
Como aqui, por exemplo, que não só influenciou como também terminou de estragar o que já era ruim. Nunca achei que Chu~♡ fosse a cara do f(x). Ainda que tenha a desculpa de ser o primeiro comeback delas, quando a gente posiciona um lançamento do lado do outro, essa daqui parece a amiga feia. Péssimo follow-up. E o rap da Amber só existe pra justificar o nome dela no trabalho, descola totalmente do restante da música e me causa calafrios de tão constrangedor. Inclusive eu não duvidaria se dissessem que foi daqui que ela tirou inspiração pra Shake That Brass.

C: Mais ou menos
NU ABO
NU ABO realmente é… Algo, né? A calça de crina de cavalo da Victoria, o cabelo apocalíptico da Krystal, esse cenário que deve ter sido reaproveitado de outros 30 comebacks da SM. Só que, como música, eu acho bem ok. Quer dizer, serviu como um caldeirão de experimentações que foram refinadas em outras faixas do f(x) ao longo dos anos, mas sozinha ela tem seus momentos. O que mata NU ABO pra mim é que ela dura mais que o necessário, e isso é graças aos minutos finais da Amber falando 85 variações de “yeah this is how we do it não sei o que f(x)”.
Hot Summer
O que acontece em Hot Summer é um problema que, geralmente, acontece nas outras músicas do f(x): eu prefiro a Amber cantando. Porque ela dá uma palinha aqui e eu acho um ótimo complemento pro restante dos vocais do grupo, ela nunca cantou mal. Só que Hot Summer cai na maldição do kpop em enfiar rap sempre que possível, e a Amber precisa honrar o posto de main rapper que lhe foi concedido com muita bondade pela SM. Se a gente pegar a versão original do Monrose, elas passam a ponte inteira da música gemendo umas palavras aleatórias, mas a versão sapeca do f(x) achou de bom tom enfiar umas rimas da Amber bem nessa parte.
All Mine
Não tenho reação nenhuma com All Mine. Elas sabiam que a SM não ia dar mais nenhuma foda pro grupo e, ao mesmo tempo, nem todas queriam continuar com isso (só a Luna que ainda sonha com uma reunião, coitada) e, bom, aproveitaram o SMTOWN no Japão pra gravar qualquer coisa que servisse de agradecimento pelos fãs e fizesse com que todo mundo ficasse quieto por alguns anos. E eu acho essa música um grande medley do David Ghetta cujo rap da Amber nem melhora e nem piora. Aliás, ela só entrou nesse ranking por ser um single e ter um rap, de tão qualquer coisa que eu acho.

B: Bom
Chocolate Love
Eu acho essa ideia de CF compartilhado mostrando dois lados de um mesmo produto muito boa. Foi o que a LG fez com o lançamento de um novo celular da linha Chocolate, botando o SNSD pra representar o lado mais chique e sofisticado, enquanto o f(x), recém-debutado, se encarregou de mostrar a faceta mais ousada e inovadora do aparelho. E que, no fim das contas, é a versão que mais importa porque a Sulli sozinha entregou muito mais carisma que o Wonder 9 todo. Eu gosto de como a Amber introduz o rap aqui logo quando a música muda de ritmo, num espaço que o SNSD usou como break e ficou parecendo as irmãs Vandergeld dançando em As Branquelas.
Electric Shock
Levando em consideração que estamos falando do ano de 2012, Electric Shock é um dos momentos mais visualmente bonitos do f(x). Sim, a Luna parece alguém que vai entregar a água que a Krystal pediu mais cedo (sempre tentaram barangar a pobre), mas elas ditaram muitas tendências aqui, apesar da música em si não ser tudo isso que falam. E aí não tinha tanto espaço pra Amber acontecer pro bem ou pro mal. O rap é bem encaixado, diria até que confortável em questão do andamento do instrumental, algo que se ouve esperando, mas não tira a consistência da faixa nem nada do tipo. É aquilo que eu comentei mais cedo: acho mais surpreendente ouvir ela cantando na ponte.
Red Light
É o mesmo caso de Red Light: colocar a Amber pra rimar numa música dessas é a escolha mais óbvia. Mas a questão dessa vez nem é se o rap ajuda ou atrapalha; tem muita coisa acontecendo ao mesmo tempo em Red Light. Pra mim esse é, de longe, o single que consolida o f(x) não só como um grupo experimental, mas também como um grupo que sabia exatamente o que estava fazendo. E também abriu espaço pra que todas tentassem algo novo, que é justamente o que faz Red Light ser só uma participação boa da Amber: todo mundo faz rap pelo que a faixa exige. Ela nunca para, é como uma bomba-relógio, e tudo é tão bem executado que o fato da Amber também rimar é só mais um elemento.

A: Ótimo
La Cha Ta
Incrível como La Cha Ta continua sendo um ótimo debut. Pra mim, é uma daquelas músicas que não envelhecem da forma pavorosa que se espera, mas o fator nostalgia também ajuda a segurar as pontas. E sempre que La Cha Ta toca, eu vou lembrar do f(x) dançando numa chuva desgraçada como se nada estivesse acontecendo. É como se tudo que envolve esse debut fosse muito místico, poderoso, ainda mais sendo um grupo que destoava completamente em som e imagem do não-tão-rookie SNSD. Nem preciso dizer que o rap nos segundos finais é um dos mais icônicos da Amber, e ele fecha a música da melhor forma possível. Uma homenagem bem legal de tudo que vinha sendo feito no pop ocidental da época.
Pinocchio (Danger)
É engraçado como Pinocchio inaugurou uma fase do f(x) em gravar sucessivos MVs dançando em estúdios que parecem caixas, sem nenhum tipo de enredo e com os props mais insanos que a SM poderia arranjar. E, de alguma forma, músicas memoráveis surgiram daí. Pinocchio é uma dessas faixas construídas pra parecerem tediosas, mas que, com uma mensagem subliminar, te fazem ouvir mais e mais. E por ter esse instrumental extremamente mecânico e interessante, o rap da Amber explode de repente e dá mais vida pro negócio todo. É um desses casos raros no kpop onde uma porção de rimas se fazem necessárias e mudam o astral da faixa pra melhor.
Rum Pum Pum Pum
Outro caso atípico, mas dessa vez parece que Rum Pum Pum Pum é uma música feita em torno do rap. E não necessariamente a Amber precisava ter ocupado esse posto, mas é uma faixa que cria oportunidades pra todo mundo envolvido experimentar algo, mas calhou da main rapper tomar o espaço pra si e brilhar na função. Quer dizer, Rum Pum Pum Pum já é toda esquisitona (no bom sentido), trabalhada puramente em cima de percussões que, de tempos em tempos, flerta com uma bateria de escola de samba (!) e canta sobre ser um dente (!!) que vai rasgar a parede do seu coração (!!!). O rap é o de menos, sabe? E, ainda assim, a Amber conseguiu contribuir de forma positiva, deixando a música bem mais agradável do que parece.

S: Lendário
4 Walls
A SM parou de se importar com a existência do f(x) depois de dar um dos melhores singles da sua história enquanto produtora de grupos pop. Apesar de soar “simples” por tudo que elas já entregaram ao longo do tempo, 4 Walls é um belíssimo renascimento pós-saída da Sulli. Esculpido em UK garage com alguns toques modernos de house, é tudo que um homossexual e mulheres afeminadas fãs do f(x) poderiam pedir, mas talvez com toda essa descrição não fosse exatamente uma música pra se enfiar um rap. Pois eu acho que 4 Walls carrega os versos supremos da Amber enquanto main rapper do grupo. Sei lá, ela consegue criar um dinamismo absurdo com o instrumental e com os próprios vocais em outras partes da faixa, e isso tudo só eleva o status de 4 Walls como o melhor single da carreira do f(x).
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eu pessoalmente nunca achei que os raps da amber estragavam as músicas. talvez seja pq eu nunca ouvi tanto fx assim na minha vida, mas as que eu mais ouço não acho tão ruim quanto o pessoal fala, soa mais como bullying contra ela mesmo por conta das polêmicas.
mas no fim das contas, a sm segue tendo um único rapper bom de verdade que é o mark
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