Em Cupid, o FIFTY FIFTY continua provando pros grupos da atualidade que menos é sempre mais

A nova sensação do submundo do kpop fez seu retorno hoje, aguardado por meia dúzia de pessoas incluindo essa daqui que vos escreve. Tem muita coisa envolvendo esse retorno do FIFTY FIFTY que me instiga além do comum, principalmente quando um grupo tão pequeno, de uma empresa minúscula que existe, atualmente, só pela gerência deles, ter ganhado a maior nota da história de um site musical que dizem ser conhecido por macetar os lançamentos. Tipo a Pitchfork. 4,5 de 5 pra um EP que poderia passar despercebido por todo mundo numa coluna especializada e respeitada no país é um feito e tanto. 

Enfim, pra não entregar tudo logo na introdução, o FIFTY FIFTY fez seu primeiro comeback hoje e, numa indústria onde cada vez mais os atos menos relevantes morrem em prol da competição unilateral, ainda mais com a imagem que o grupo carrega sobre essa coisa de sentir a música de forma mais artística e tal, é uma grande conquista. E, bom, como eu “profetizei” no primeiro post que eu fiz sobre elas, é uma ótima pedida pra quem tá cansado de ver sempre as mesmas coisas no kpop atual.

Como Cupid dá sequência aos acontecimentos do EP de debut?

Lembro que, nos comentários do meu primeiro post, alguém comentou sobre todos esses MVs significarem o que é ser idol, e eu acho que faz muito sentido. Essa coisa de serem forçadas a agir de tal modo, de não se sentirem humanas, de estar sempre caminhando num fio tênue entre o real e o metafísico é algo que se conecta em vários pontos com a vida de um idol. E é uma crítica que só pode acontecer dentro de uma empresa de kpop, por mais irônico que isso pareça: isso se chama realismo capitalista. É a ideia de que o anticapitalismo não é mais a solução pro capitalismo; pelo contrário, ele reforça o sistema. E, partindo do pressuposto de que o FIFTY FIFTY levanta questionamentos sobre o que é ser idol com essa constante sensação de “desconforto visual tão intimista”, é o enredo perfeito pra que elas alavanquem a carreira.

Mas eu não vou entrar em teorias de esquerda num blog cujo objetivo principal é dizer se gostou ou não de algum lançamento. E eu gostei bastante de Cupid, a ponto de fazer um fluxograma explicando resumidamente como eu enxergava o universo curioso que o FIFTY FIFTY vinha trazendo. Como vocês podem ver aí em cima, eu atualizei ele, criando ainda mais dobras interessantes nessa história toda. 

Cupid deixa um pouco mais claro como o quarteto parece viver sempre à margem de algo, como se fosse uma moeda jogada pro alto esperando um dos dois resultados possíveis que esse ato tem. Elas são sempre muito românticas ou muito melancólicas; muito calmas ou muito agressivas. Não existe meio termo, senão o nome do grupo não seria “metade/metade”. E aqui é a primeira vez que as coisas se embolam um pouco, fazendo um contraponto com três das quatro outras músicas lançadas. 

No geral, Cupid é refrescante, um citypopesque envolvente que foge das experimentações. Aliás, trilhar um caminho mais comum é uma tendência do grupo desde o debut e talvez por esse motivo a gente consegue criar empatia por elas. Porém o que me intriga mesmo é o que estão escondendo por trás do FIFTY FIFTY, porque a estranheza plástica de Tell Me, a melancolia de Lovin’ Me e os cenários mais kpopescos de Higher tão aqui. É como se elas tivessem vivendo num ciclo com a consciência de que são idols. E não só isso: é como se quisessem avisar alguém. 

O FIFTY FIFTY faz parte de uma safra de grupos que apostam na simplicidade das coisas ao mesmo tempo que criam uma teia de roteiros complexos e humanos que se conectam com a gente, mesmo sem perceber. O NewJeans começou o movimento e tem tido muito sucesso, deixando as demais empresas que querem investir em algo diferente sem ter que esbarrar numa multidão de girlgroups. Mas, para além de todo o conceito, ouvir o FIFTY FIFTY no estágio em que o kpop se encontra é um alívio. 

Vocês sabiam que agora eu vendo minhas artes? Lá na Colab55 tem algumas opções de produtos com estampas que eu fiz e você pode comprar pra ajudar essa pobre coitada que escreve o blog.

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