Mais uma parte do ranking tá no ar com outra leva de músicas que podem ser potenciais hits pra você, leitor. Estão preparados pra ver quais eu desovei dessa vez?
70. Apink – Red Carpet

Depois de cair naquele cesto de nomes aleatórios acusados de bullying no ano passado, o Apink voltou aos trilhos com o lançamento de um full, o primeiro desse revamp. E se engana quem acha que a Bomi investiu em units somente com o CHOBOM, já que Red Carpet é uma parceria de (ex)amigas do grupo. Gosto de como a música progride sempre no mesmo lugar, mas ainda se permite inovar buscando elementos de fora do dance-pop, como quando o refrão se encaminha pra um trap urban só pra dar aquele sustinho. O resultado ficou uma delícia por se encaixar tanto num número de mina fodona, quanto num ato de pista de mulheres veteranas na indústria. Aí a Naeun esperou uns dias pra pular fora depois de aprontar aquela patifaria de ir pra YG, mas tá ali nas notinhas do álbum (porque falta mesmo eu não senti).
69. Kep1er – Downtown

Jogaram fora uma ótima oportunidade de fazer o Kep1er crescer mais um pouco quando tentaram reeditar o debut delas com We Fresh. Enquanto a primeira foi meio que um golpe de sorte, a outra ao menos conseguiu chamar atenção o bastante pra ser criticada e só gerou um sentimento de pena. E o fato desse último EP estar relativamente bom só me deixa mais indignada ainda. Começando por Downtown, acho que foi a primeira vez que eu vi fogo nos olhos dessas meninas. Adoro o R&B com uma pegada mais dark insinuando alguma coisa mais adulta, mas cheio de camadas inocentes até pra não se passar como sexualização das menores do grupo. Se vocês estiverem cansados, sinto muito, porque tem mais das klebinhas pela frente.
68. Utada Hikaru – Find Love

E na contramão de qualquer expectativa que a gente pudesse ter, Utada Hikaru lançou seu oitavo álbum japonês muito aguardado, álbum esse que fez parte daquele período que eu contei no post passado usando a música da Taeyeon. Lidar com algum relacionamento tóxico sempre faz com que a gente repense as nossas atitudes em torno do amor (não necessariamente o amor romântico), e foi o que Find Love acabou me ensinando nesse meio tempo. O medo de mostrar vulnerabilidade e acabar perdendo o controle da situação é uma constante; nada parece ser um chão seguro pra depositar nossa confiança de novo. E tudo isso embalado num instrumental que, a cada segundo, fica mais introspectivo, cheio de incertezas, deixando mais perguntas do que respostas de uma pessoa que só não quer ficar sozinha.
67. AKB48 – Unmei no Uta

Há quem diga por aí que esse último single do AKB48 é um sopro de vida de um grupo que estava morrendo no ostracismo aos poucos, mas eu não concordo, não. A sorte é que, dentro desse lançamento, tem Unmei no Uta, faixa essa que carrega muito mais daquele sentimento que transita entre o melancólico e o épico de alguns singles mais antigos. Não vou mentir dizendo que não gosto das dançantes do AKB48, mas uma música mais emocionante realmente fazia falta. Unmei no Uta fala sobre amores e destino, e é até irônico essa ser uma das últimas participações da Nana Okada depois de se envolver numa polêmica de namoro e anunciar sua graduação em seguida. Ainda que não seja a melhor das suas fases, o AKB48 mostra que ainda tem condições de lançar legados.
66. Billlie – Patbingsu

Eu vi que meus colegas de blogosfera não deram a mínima pra Patbingsu e eu acho isso lamentável. Apenas o Billlie tem capacidade de transformar um blues tão simples quanto esse num pop nostálgico da primeira geração do kpop com um toque de estranheza como só elas sabem fazer. E ainda trazer o MV recheado de propagandas antigas que devem morar no imaginário do coreano médio que cresceu na época. Como letra, Patbingsu é uma bobagem que te ensina a receita do doce (que é uma raspadinha de feijão doce, pra quem não sabe), mas o timing do Yoon Jongshin de produzir um cover da sua própria música e dar para o grupo que ele gerencia foi perfeito em todos os aspectos. Além de fazer as aparições no MV como se fosse uma espécie de Stan Lee, Patbingsu é refrescante pro verão e pro kpop num geral.
65. Hyuna – Nabillera

Agora que a Hyuna é uma mulher livre e desimpedida, todos nós seguimos preparados pro dia que ela vai soltar a sequência piranhesca de Red. Porém, em 2022, ela me divertiu como não divertia há anos, e por isso acho que posso considerar Nabillera como um trabalho de transição. Aqui não tem essa de querer parecer “não-legal” ou jogar ping-pong; Nabillera é autêntica de verdade e chama de volta elementos que fizeram com que a Hyuna se tornasse a Hyuna que conhecemos. Em vários momentos, inclusive, ela soa como na música da bunda vermelha do macaco, e enfiando uma porção de versos safados como “minhas curvas são efervescentes como uma garrafa de coca-cola” são a prova de que ela sempre esteve presente, porém adormecida. Nabillera foi um grito de liberdade que ninguém ouviu (talvez nem o Dawn), mas agora a Hyuna pode voar feito a borboleta que ela sempre foi.
64. aespa – Illusion

Foi em 2022 que a gente concluiu também que o andamento do aespa não tá legal. O último comeback tinha como objetivo concluir o arco da Black Mamba de maneira tão épica quanto a SM pintou toda a lore do grupo, mas a realidade é que Girls é patética. Além disso, as atenções se voltaram às faixas erradas, o EP é um dos mais fracos desse ano e Illusion, que é, de longe, a melhor coisa que surgiu dessa palhaçada toda, foi jogada de canto só com um lyric video. Péssima estratégia. A SM quer tanto manter o status de pioneira que acaba ultrapassando a linha do ridículo quando ela poderia muito bem garantir uma escolha segura pela primeira vez e fortalecer o nome delas. Illusion é tudo que eu queria que o grupo fosse: é estranhamente sexy, electropop de primeira com uma tensão gostosa que percorre o corpo quando o mundo tá prestes a acabar.
63. FIFTY FIFTY – Log In

Ou elas poderiam seguir o exemplo do FIFTY FIFTY e lançar uma Log In. Esse grupo surgiu do nada e alugaram um apartamento na minha mente com um EP totalmente visual e uma história extremamente arriscada, mas que tem aval pra existir por elas serem nugus de empresa recém-nascida. Em Log In, elas viram a chave do próprio conceito e abrem a possibilidade de serem vidas artificiais controladas por algum tipo de sistema, como se elas estivessem sempre vivendo no limiar entre realidade e ficção. Plot distópico com mais embasamento e menos recursos que o quarteto ali de cima, e ainda por cima extremamente aproveitável, mostrando que pra ser girl crush, não é necessário desconstruir a música em mil pedaços e transformar em algo pedante que faz um esforço danado pra soar vanguardista. É só ter atitude e uma boa demo.
62. bugAboo – Pop

Dá até um gosto amargo na boca quando eu lembro que essa é a última vez que eu vou falar do bugAboo como uma novidade. O disband foi inesperado e doeu muito em mim, que esperava uma revolução emocionante por parte delas e recebi só tragédia grega. O bugAboo foi um acontecimento raro, daqueles astronômicos que surgem de muitos em muitos anos, e Pop cruzou o céu como um meteorito, em alta velocidade e ainda muito bonito de se ver. Tudo aqui é uma grande homenagem ao kpop, de prestar respeito e pedir permissão pra reutilizar o som, com aquela personalidade caricata e gostosa de se ver e que hoje em dia parece que não existe mais. Ainda que não seja tão fora dos limites quanto o debut, Pop faz jus ao nome que leva. É pop puro e mais nada.
61. Oh My Girl – Shark

O último suspiro do Oh My Girl, até o momento, foi Shark, que coincidentemente foi a última boa música que a plataforma Universe lançou. Essa é do finalzinho de 2021 e cresceu em mim de forma instantânea, provavelmente por conta do conjunto letra e música que entram na categoria “coisas estranhamente boas” do kpop geral. Não sei o que é se sentir como um tubarão sem levar pelo lado da ameaça iminente do filme do Spielberg, mas acho que nada aqui foi feito pra fazer sentido. O refrão totalmente dissonante do instrumental é esquisito, de um jeito que não tem como não prestar atenção e, como consequência, acabar se apegando. É tosco o bastante pra fazer a volta e passar a ser atrativo e, de alguma forma, é um caminho que o grupo poderia seguir depois de viralizar. Agora, em dezembro, sabemos que não foi assim.
60. ASP – Why don’t you KiLL me??

E esse ano foi tão maluco em tantos aspectos que não só me deixou mais próxima dos grupos da WACK como me fez amar dois deles. Esse, por exemplo, vocês devem lembrar por conta da polêmica com a sigla de significado demente que a empresa resolveu usar pra batizar as coitadas: o famigerado ANAL SEX PENiS tomou um chá de semancol e passou a se chamar ANTi SOCiAL PUNKS, mas essa não foi a única mudança estabelecida, já que elas lançaram um dos melhores single albums da história da WACK. Why don’t you KiLL me?? é uma música da zona de conforto desses grupos, um punk rock contagiante gritado por meia dúzia de adolescentes, mas é só parar pra ler a letra e a gente percebe que isso se trata de um pedido de ajuda. São quase três minutos implorando pra alguém acabar com a vida miserável que elas levam, e isso só vai se intensificando à medida que a faixa chega ao fim. E, ainda assim, consegue soar uma delícia.
59. MAMADOL – WooAh HIP

Enquanto que eu só soube da existência de um reality de ex-idols mães depois do lançamento de WooAh HIP, depois que eu ouvi pela primeira vez fiquei me perguntando o porquê dessa ideia não ter surgido antes. Ou melhor: porque esse grupo não se manteve por, pelo menos, um ano. A sinergia das MILFs do MAMADOL é eletrizante, mostrando que, de fato, algumas coisas eram construídas com muito esmero no kpop, e que se tornar mãe não é uma sentença de morte. WooAh HIP soa moderna o bastante pra se camuflar no meio dos demais lançamentos e, eventualmente, se destacar entre uma porção deles porque a química é tanta que é como se elas fossem um grupo estabelecido há muito tempo. Umas, como a Kahi e a Sunye, eu já acompanhava de outras épocas; outras eu tomei conhecimento agora. Mas todas aqui brilharam estonteantes.
58. WJSN Chocome – Super Yuppers!

Pode ser que Super Yuppers! tenha morrido cedo demais pra alguns que vão ler esse post. Eu até concordo: essa música foi minha personalidade por uns três meses antes de começar a gostar de outras coisas que foram saindo. E talvez o fato de ter ouvido isso de forma incessante tenha sido a ruína pra ela ter caído tanto, mas nossa… Como eu amo Super Yuppers! Tem certas coisas que eu nunca vou me cansar no kpop, não importa quantas vezes elas sejam reproduzidas, e uma delas são grupos que pegam esses samples de músicas icônicas dos anos 80 e trabalham em cima deles de forma maravilhosamente idiota, a ponto da vida de quem ouve depender disso. A genialidade e o apelo do Chocome, principalmente pras mais velhas da fanbase, é justamente isso. Pegar Maniac, do Michael Sembello, e transformar numa idiotice assim é apenas para intelectuais.
57. Rocket Punch – Chiquita

E por falar em retrô, também matamos Chiquita no mesmo post. Não porque eu tenha enjoado, mas o próprio Rocket Punch lançou coisas melhores esse ano. Ainda assim, essa daqui foi uma enorme sensação por alguns dias, quando eu mesma achava que elas não superariam o bliss. Chiquita é uma catarse embalada por sintetizadores frenéticos. Ela começa estranha, como se estivesse possuída, e logo encontra os eixos quando o refrão chega violento com as vozes mais ardidas que você talvez vá ouvir na sua vida. E esse sempre foi o charme do Rocket Punch, na verdade. Quando ninguém mais apostava nos oitentismos, elas chegavam pra fazer a alegria de quem ama viver por esse som, sem perder a essência de um lançamento de kpop. Afinal, por muito tempo, o que mais existiu por aqui foram menininhas inocentes cantando sobre o primeiro amor. Que seja em cima de um Yamaha DX7 então.
56. BIBI – Best Lover
– MELHOR MV –

Ao contrário de vocês, eu não fui arrematada pelo álbum da BIBI (tanto que ele nem aparece aqui). Apesar de não parecer tão chato quanto aquele EP do ano passado, eu senti como se ele não tivesse feito absolutamente nada por mim, ao contrário de Best Lover, pela qual eu me apaixonei de primeira. A BIBI já tinha dado início a sua peregrinação internacional através da 88rising, mas foi só aqui que ela conseguiu entregar algo que tenha apelo o suficiente pra chamar a atenção fora da bolha, ao mesmo tempo que mantém as características de qualquer outra coisa que ela lançasse na Coreia do Sul. Sem contar que, visualmente, isso foi o ápice do kpop em 2022. A estética vaporwave, que já tinha sido dada como morta, ressurge aqui, numa verossimilhança que me dá raiva, enquanto ela faz de tudo para programar o amante perfeito que satisfaça suas vontades, como “morder o pescoço, aprender meu dialeto e mostrar respeito pela maneira que ela ama”. Essa garota é detestável.
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Eu vi que meus colegas de blogosfera não deram a mínima pra Patbingsu e eu acho isso lamentável.” É que a música é chata, Rafa, vamos assumir isso
E quanto ao Kep´1er, tava reouvindo os álbuns das monas, e realmente focar num Teen Crush ITZY-esco em 2022 não fez nada bem quando temos b-sides ótimas (MVSK e Lion Tamer)
E eu ainda acho que a SM não encerrou com a BlackMamba, creio que ainda vms ver a queen por um tempo
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NUNCA!!! A MUSICA É UM GRAÇA
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Sobre Best Lover: essa música é CRIMINOSA de tão boa. Apesar de saber que é alto pra quase todo o resto do mundo, é top 10 contender pra mim, fácil. E ela bateu especialmente pesado em mim pois me lembra em tom e atmosfera Where U Are, da Rina Sawayama, quando ela estava naquela fase de abordar a liquidez e a virtualidade das nossas relações pela internet e ela + Clarence Clarity entregavam músicas exatamente assim: sensuais, hipnóticas, e mesmo que a Bibi não fale das mesmas coisas que a Rina na temática, o combo letra + vídeo dão exatamente essa sensação de um amante virtual, intangível e que só existe na nossa imaginação (e me lembrou, principalmente, que a Rina deixou de lançar Where U Are’s e Valentine’s pra lançar Hold The Girl’s…… 😀 rezando pra minha querida se curar logo)
Eu tinha ouvido falar brevemente desse Fifty Fifty, inclusive não sei se foi você ou outra pessoa que disse que preferia que elas ganhassem a atenção que o nwjns anda recebendo (o que eu discordo já que o nwjns são minhas rookies favoritas desse ano) mas elas são, realmente, muito boas. Essa Log In consegue ser fodona sem ser música de britadeira, mas o aespa não conseguiria fazer uma dessas nem com muito esforço afinal falta a parte da atitude pras minhas queridas, né? Como elas seguraram Illusion foi um milagre, ou talvez elas só sejam mortas assim porque a SM quase nunca dá bola dentro com elas. Que coisa 😛
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sobre o fifty fifty eu tinha dito que a empresa delas nasceu outro dia e conseguiram amarrar um conceito direitinho, coisa que o sooman não fez com as vespinhas
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uau, num post só… você matou não uma, não duas, mas QUATRO das minhas preferidas E o álbum da bibi. tudo bem… tudo bem…
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