Desculpem pelo atraso pra postar isso aqui. Quem me segue no Twitter sabe o que houve, mas vou explicar rapidinho. Natal é sempre a época mais corrida pra mim. Não tinha terminado de escrever a tempo de publicar essa parte na sexta e acabei deixando pro domingo de natal. Só que eu fui assaltada, rs. To bem, não sofri agressão e meu celular ainda tá comigo, mas o trauma ficou principalmente porque eram quatro caras e tinha arma no meio, então tirei o resto do dia ontem pra relaxar.
No post passado, já tivemos reclamações sobre músicas morrendo cedo demais; pois saibam que vai ter mais uma porção de pops bafônicos elizabetando aqui também.
85. (G)I-DLE – Never Stop Me

Que retorno triunfal teve o (G)I-DLE depois de tudo aquilo, né? A maioria, inclusive eu, achou que o grupo morreria na geladeira da Cube aos poucos, com um ou outro lançamento esporádico e sem muita importância, mas a Soyeon olhou pra situação toda, botou o resto das integrantes debaixo do braço e foi trabalhar. Comparando ao ano passado, não só elas produziram muito mais (o que é óbvio) como também houve uma ruptura de padrões. Já que é pra recomeçar, que seja completamente novo. E assim surgiu esse primeiro full álbum do grupo, voltado pra uma estética mais pop punk meio Joan Jett revolucionária das ideias. A album track que mais se aproxima dessa premissa é Never Stop Me, onde o (G)I-DLE assume uma faceta mais rock alegre da Avril Lavigne lá por 2007. É bom e funciona, principalmente por ser suja e feminista demais pro gosto do coreano médio.
84. Bed-In – Galaxy Police -Yoru no Tobikoete-

E aquele dia que uma das tias do Bed-In me agradeceu por escrever sobre o álbum novo aqui no blog? Foi, tipo, um dos acontecimentos do ano pra mim porque eu percebi que as minhas reviews podem chegar muito longe e, por isso mesmo, eu não me arrependo de nada do que eu escrevi lá, apesar do single não conseguir se manter na playlist e essa outra aparecer mais cedo do que eu gostaria. O ponto é que atos japoneses, muitas vezes, são muito mais legais de acompanhar. Você não vai ver microvestidos com estampas cafonas que esmagam os peitos e cortes de cabelo que parecem ter saído de algum salão em 1988 no kpop, e essa é justamente a magia de tudo aqui. Bed-In é maravilhosamente brega e Galaxy Police -Yoru no Tobikoete- condensa isso muito bem com a guitarra chorosa típica do glam rock. Uma coisa meio heróica rola aqui, como se fosse a trilha sonora de alguma batalha épica de Super Sentai, ao mesmo tempo que consegue se manter frenética o tempo todo.
83. Solar – Honey

Enquanto o MAMAMOO vai esfarelando cada dia mais, a pessoa que mantém o grupo vivo e unido, ao mesmo tempo que consegue ser uma unidade de ser humano com personalidade forte, fez seu retorno. E não, claramente não estou falando da Maria. Demorou um tempo, mas a Solar finalmente reagiu e retomou seu lugar de líder da porra toda com Honey. Porque a empresa até pode se aproveitar da “beleza exótica” (entre muita aspas) da Hwasa pra manter o legado do MAMAMOO, mas quem sempre teve o diva material do grupo era a Solar. Ela recebeu uma demo ballroom e fez história. E, ainda que não tenha sido a maior e melhor de todas, continua sendo uma daquelas ótimas histórias, simples e bem contada, onde tudo que importa é passar de ouvido em ouvido o quanto ela é bonita. De todas as atrocidades que o MAMAMOO poderia ter lançado esse ano, Honey é a mais relevante delas, levando o ditado de que quando o mel é bom a abelha sempre volta ao seu máximo.
82. Nogizaka46 – Actually…

Pra você que não conhece ou não costuma acompanhar, o Nogizaka46 é o grande nome do Japão no momento. E isso já tem alguns anos, principalmente porque elas são tidas como as rivais do AKB48 criadas pelo próprio Akimoto e certos acontecimentos fizeram com que elas ultrapassassem uma linha que ficou cada vez mais tênue e se transformassem na sensação idol por lá. Sempre tive a impressão que, de uns tempos pra cá, os grupos da Sakamichi Series foram mais bem trabalhados e aprofundados; isso começou com o falecido Keyakizaka, que passou o legado pro Sakurazaka e agora pro Nogizaka. Isso se consolida em Actually…, uma música dançante, performática, sóbria e até meio dark. O instrumental dos versos tocando num vazio e que, de repente, explode num EDM melancólico me arrepia. Não é por nada todo o sucesso que elas vêm fazendo.
81. Kep1er – MVSK

Ouvir isso depois de lidar com o debut minutos antes no dia do lançamento deve ter sido uma das experiências mais bizarras da minha vida de blogueira. Quer dizer, WA DA DA em dezembro não me parece tão ruim quanto no começo do ano, mas quando a gente coloca MVSK logo em seguida na tracklist, a mediocridade fica tão evidente que dá vergonha. Dito isso, acho essa música uma grande sacada pra um grupo recém-debutado, até porque temos menores de idade na formação e todas estão dando o máximo de si pra parecerem mulherões o suficiente, uma coisa que aconteceria normalmente há, sei lá, 10 anos atrás. Mas MVSK é elegante, com uma ótima interpretação por parte de todas do Kep1er. Eu fico até meio ressentida de não terem trabalhado melhor em cima desse conceito de uma forma mais visual.
80. ANGERME – Hade ni Yacchai na!

Dos grupos ainda vivos da Hello! Project, dois ainda conseguem entregar coisas dignas de notas. Um deles é o ANGERME, princesas do EDM que foram se arranjando como podiam conforme os anos passavam e, agora, refinaram o som delas pra algo que nunca falha com os japoneses porque é uma espécie de arroz com feijão musical: funk. E com trompetes percorrendo o instrumental como malucos. Só misturar isso mais dez meninas fashionistas cantando sobre amor próprio e você tem Hade ni Yacchai na!, um dos melhores lançamentos de uma empresa que sempre caminha no meio-fio, entre o ridículo e o divertido. Eu gosto, principalmente, quando tudo enlouquece lá pro pra ponte e se torna quase um espetáculo burlesco com a coreografia do nível que a Hello! Project sabe oferecer: todo mundo bem duro. Eu amo.
79. LE SSERAFIM – No Celestial

No primeiro comeback da carreira, o LE SSERAFIM extrapolou as barreiras musicais. Nada muito surpreendente no conjunto todo, mas é um diferencial enorme no meio de tanta coisa amorfa e sem graça que vinha surgindo nesses últimos anos. No meio do EP, elas resolveram encarnar as maiores divas do grunge em No Celestial, que soa como uma versão mais adolescente e comercial da excelente Celebrity Skin, do Hole. Mesmo que nada ali lembre a rouquidão sexy da Courtney Love, essa música brilha por ser mais uma dessas tentativas de pop rock que rolaram esse ano e foram muito bem executadas, tanto tecnicamente quanto na selvageria da coisa toda. No Celestial consegue ser rebelde e sensual nas medidas certas, um grito de liberdade feminina daquelas que só querem afundar os pés no chão e ser nada menos que elas mesmas.
78. Apink CHOBOM – Copycat

Acreditem: faltavam apenas duas gatas do Apink pra debutar solo e resolveram isso criando uma unit, decisão essa que eu achei mais do que acertada. Eu duvido que você escute as coisas da Eunji ou da Namjoo, e nem deve lembrar que a Hayoung já gravou um EP na vida. Mas o CHOBOM… Levando em consideração o fato de se parecerem fisicamente, rolou esse conceito de manequins gêmeas que querem conhecer e estudar sentimentos mais humanos, como o amor. E, visualmente, Copycat é linda. Talvez eu estivesse esperando algo mais camp e ousado do que uma reinterpretação da parceria entre Doja Cat e SZA, mas depois a gente entende que essa é uma música preparada a banho maria. No final, Copycat é um conjunto viajado e divertido como quase nenhum outro lançamento coreano se permitiu ser esse ano.
77. Yena – Smiley (ft. BIBI)

Quase porque a Yena resolveu se lançar solo e acabou entregando um dos trecos mais bobajados que eu vi nos últimos tempos. Nem nos meus melhores sonhos eu poderia imaginar essa garota assumindo a identidade de uma heroína tal qual Super Xuxa Contra O Baixo Astral, mas é tão maravilhoso acompanhar o primeiro capítulo das aventuras da Yena em Smiley. Tudo aqui é muito épico. O MV se aproveita das narrativas visuais de clássicos de HQs, com a BIBI encarnando uma vilã caricata que só quer saber de ver o mundo caindo em desgraça, e temas um pouco mais complexos em alegorias quase literais, como a neve servindo de depressão e que nos faz enxergar a desgraça no nosso próprio mundo representada pela figura do Mr. Shady. Tudo isso empacotado num pop rock energético e heróico, que dificilmente tem prazo de validade. O pós IZ*ONE só melhora depois disso.
76. ALICE – Dance On

Disseram por aí que, por conta de mudanças de empresa, o Elris começaria do zero a partir de outro nome. E elas deram o primeiro passo de forma incrivelmente horrível com uma balada sem graça que, provavelmente, ninguém lembra que existe, mas Sohee enfiou suas amigas debaixo do braço pra debutarem de verdade. Foi assim que Dance On, um dos dance-pop mais contagiantes dos últimos anos, surgiu. Não sei, mas tem algo no ALICE que me faz cativar muito o grupo. Talvez por serem de gerações cruzadas, além do fato de serem nugus, elas ainda guardem resquícios de personalidade e conseguem transmitir uma aura sexy brincalhona. Dance On me parece muito um número que o AOA lançaria na virada da segunda pra terceira geração, mas com o ALICE fica ainda mais saboroso. É como enxergar vida numa multidão de idols robotizados.
75. SNSD – You Better Run

Se fosse em outras épocas, o SNSD jamais emplacaria uma album track comigo. Por muitos anos, eu achava a produção das músicas muito piegas, e isso só se intensificava à medida em que o grupo ia envelhecendo. Mas isso não significa que elas saibam ser cool quando necessário, ou pelo menos não sabiam até a chegada de You Better Run, faixa que evoca o single de 2010 Run Devil Run exatamente de onde parou, só que numa mixagem EDM ainda mais violenta e apocalíptica. Quer dizer, lembram da profecia que a Taeyeon jogou na letra dessa música? “No dia que eu me tornar uma pessoa ainda melhor, eu vou me vingar”. Pois é exatamente de onde You Better Run começa, uma promessa de 12 anos que elas nunca esqueceram e que me causa arrepios toda vez que a Taeyeon faz a sua cobrança mortal nos meus fones. O SNSD nunca soou tão legal e inovador quanto aqui.
74. ExWHYZ – Obsession

Falando em anos 2000, ter sido adolescente nessa época me proporcionou as mais diversas fontes de música drogada e uma delas foi a demência genial do Cansei de Ser Sexy. Não existia ninguém mais legal que a Lovefoxx, e o catálogo da banda deixava isso muito claro, de ser aquele grupinho de esquisitos que faz festa em plena terça-feira na casa de alguém na Consolação, vomita dentro de um vaso de planta e que não toma banho há 3 dias. E onde o ExWHYZ entra nisso? É que Obsession tem essa energia de boate fedorenta justamente por serem os mesmos produtores de uma parceira lançada com a rainha do indie brasileiro. A magia de Obsession é criar esse cenário perfeitamente na minha cabeça, uma nostalgia estranha de desejar a adolescência de volta ao mesmo tempo que eu sequer vivi as situações descritas por ser puritana demais. São músicas assim que me fazem perceber que a Rafaella de 14 anos ainda é muito viva aqui dentro. E ela tá doida pra fugir de casa e tomar vinho barato num mercado do Baixo Augusta.
73. NMB48 – Janjan

Meus amigos da blogosfera ficaram malucos por um qualquer-sigla-48 aí, mas como eu sou culta, nessa guerra de retrôs do Akimoto, Janjan fez mais a minha cabeça. Os sintetizadores são escandalosos, quase me lembram a trilha sonora do Top Gear. E, graças a isso, consigo me imaginar afundando o pé no acelerador numa estrada 8 bits infinitamente reta enquanto o sol vai se abaixando por trás dos coqueiros. O NMB48 sempre foi meu grupo 48 favorito por motivos de Sayaka Yamamoto e coisas ridiculamente fashionistas como Kamonegix (cujo nome me lembra uma bugiganga qualquer da revista Recreio), então é como se Janjan continuasse esse legado. A música emana uma energia incrível, como se eu de repente adquirisse super poderes e conseguisse derrotar qualquer coisa na minha frente. Acho triste vocês não terem se importado com ela.
72. IVE – Royal

Apesar de terem sido gigantes esse ano, o IVE é muito fraco em b-sides, começando pelo fato da Starship estar trabalhando com single albums por três vezes seguidas e isso é uma coisa que vem me frustrando em relação ao grupo. A melhor delas é Royal, e ainda assim por uma margem muito grande. Gosto do caráter videogamístico da coisa toda, soa praticamente igual à última fase do primeiro Streets of Rage (mais uma vez o pop asiático invocando sentimentos e memórias passadas da minha vida mesmo que sem querer). Wonyoung e suas funcionárias demonstram potencial em levar um EP bombástico do começo ao fim no próximo comeback, e já torço pra ser algo meio Pussycat Dolls com alguma gata pronta pra roubar o protagonismo tal qual a Melody enfiando melismas por cima da Nicole porque a história mostrou que os melhores hits são feitos assim.
71. Taeyeon – Can’t Control Myself

Teve uma época que era comum (pelo menos na minha cabeça associar a Taeyeon a Taylor Swift. A bagagem musical dela deixava isso bem óbvio, ainda que ela tenha desencanado dessa por alguns momentos e brilhado com músicas autênticas por cima do hype adquirido, só que conversando com o mercado ocidental conforme a própria Taylor se movimentava por lá. Mas acho que o grande ano da Taeyeon como solista foi 2022, onde ela conseguiu provar de vez o seu status, imprimir sua individualidade artística e passar por cima das comparações. Can’t Control Myself é o começo disso. Pela primeira vez, eu não só curti uma música da Taeyeon espontaneamente, como também consegui me enxergar, de forma menos literal, dentro dela. Calhou dessa ter saído na mesma época que eu estava vivendo uma amizade tóxica e, de alguma forma, a Taeyeon conseguiu cicatrizar os machucados que o rompimento do ciclo deixou.
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Meio brava que eu esqueci Royal e No Celestial no churrasco, porque deus essas duas são ÓTIMAS. Na Rafa podemos acreditar em trazer uns trecos bons (ainda bem, porque se dependesse de mim…). Inclusive, espero que esteja tudo bem contigo, assalto assim deve ser extremamente traumatizante ):
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gosto de ver suas listas para checar o que eu deixei passar batido no ano. SEMPRE tem boas músicas que eu jamais teria descoberto sozinha ❤
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