Existem certos acontecimentos no kpop que parecem terem sido programados de propósito. O fato de duas ex-integrantes do falecido IZ*ONE resolverem dar as caras no mesmo dia é um ótimo exemplo do que eu quero dizer. Num momento em que um programa da Mnet rendeu mais gostosas lutando solo do que bocozinhas sofrendo num grupo irrelevante (isso não se aplica ao IVE), eu acho isso fantástico porque claramente foi um acordo entre as duas empresas pra nós, blogueiras fundo de quintal, termos esse momento de rivalizar as gatinhas num post só.
Vamos começar com a estreante, que esperou mais de um ano pra sair da geladeira, matando todo o hype que a fanbase guardou pra ela. Lee Chaeyeon foi a última das IZ*ONE a ter uma carreira divulgada (até a Lembo tá na mídia sendo desnecessariamente o Jorge Vercillo do pop coreano e lançando umas músicas horríveis) e, nem com o dinheiro que o Oh My Girl arrecadou com Dun Dun Dance aquela trolha de Real Love, a WM parecia se importar com o planejamento do futuro da coitada. Isso até Hush Rush ser anunciada quase que de surpresa, quando ninguém mais lembrava dela.
Vi a minha bolha meio desconfiada quando a prévia do EP foi divulgada por causa da disparidade entre os conceitos, mas eu mesma achei uma gracinha. Não queria uma coisa extremamente pesada, até porque acho que nem combinaria com a Chaeyeon, então um R&B bem bubbly (coisa que o Oh My Girl tem trabalhado nos últimos lançamentos) contrasta perfeitamente com o pano de fundo vampiresco, quase caricato. Aliás, essa abordagem exagerada é engraçada e fofinha ao mesmo tempo. É como se a WM estivesse estreando uma série adolescente sobre vampiros onde a Chaeyeon é a personagem principal. Me dá uma vaga lembrança sobre os crossovers entre as personalidades musicais da Tomoko Kawase.
O que me deixou com uma sobrancelha em pé foi a produção da música. Essas tags e outras onomatopeias ao longo de Hush Rush são bem conhecidas no kpop (o uivo do lobo ou o “and now the breakdown”) e não tem problema nenhum em usar, mas elas tão muito em evidência. Isso tira o foco do restante da faixa e da própria Chaeyeon, que deveria ser a protagonista justamente por ser uma cantora solo agora. Parece tão óbvio que me incomoda, é música de amador que não dá o destaque que ela precisa e muito menos dá destaque pro instrumental em si. Em mais de um ano, essa foi a melhor coisa que a WM conseguiu produzir pra ela?
Hush Rush deixa um gosto amargo no final das contas, apesar do esforço da Chaeyeon em trazer uma nova imagem mais divertida e mostrando que também tem gogó, porque a gente sabe pelo que a ela era conhecida no IZ*ONE: a dança. Quem esperou esse debut por tanto tempo queria ver uma querida que também saiu da Mnet pegando a coroa que a Chungha eventualmente deixou cair em algum momento, então esse conjunto todo aqui não traz um saldo muito positivo. Aliás, talvez seja a última vez que ouvimos falar da Chaeyeon, pelo menos na WM. Parece ser um lançamento formal de contrato e o resto tá nas mãos da vida mesmo.
Já a Eunbi, que é uma veterana no seu terceiro lançamento, finalmente encontrou seu nicho em Underwater. Em vez de relembrar alguém já conhecido ou sustentar mais presença de imagem do que ela realmente tem, aqui ela se encaixa direitinho e consegue trazer personalidade pela primeira vez pra sua discografia. Eu tenho sérios problemas com a Eunbi e talvez vocês saibam se leram os posts anteriores sobre ela. Enjoei rápido demais de Door, o debut IUnesco, mais do que a própria IU faria, a ponto de nem cogitar colocar na minha lista no ano passado. Com Glitch, considerada por muitos a melhor desse ano, nem passou perto de me conquistar; é chata do começo ao fim só porque é a Eunbi que interpreta. Por isso é importante pra mim reconhecer que, com Underwater, ela se torna uma peça única no kpop.
Se bem que eu ainda acho que isso nas mãos da Chungha num verão qualquer seria ouro, o que é justamente o problema que eu tenho com esse comeback: não tá muito atrasado? A gente tá em outubro e a Woolim simplesmente soltou um latin-pop nas mãos da Eunbi? Talvez fosse mesmo um comeback de verão que acabou atrasando e isso não deixa a música menos boa ou algo assim, é só estranho mesmo. E se tivesse saído na época certa, eu teria aproveitado e me lambuzado bem mais, já que eu acabei fazendo algumas relações com Play enquanto eu ouvia, mas com o instrumental muito mais refinado (uma característica comum das faixas da Eunbi). E o piano house na ponte? Coisa de gênio. É como uma bolha que te transporta pra outra dimensão por segundos e te devolve pro mesmo lugar de origem.
O fato de duas ex-IZ*ONE lançando suas músicas no mesmo dia me parece mais a Eunbi impulsionando a recém-carreira de solista da Chaeyeon, mas não exatamente com o intuito de ajudar. É tipo quando você e seu amigo saem de uma prova difícil preocupados por terem ido mal, mas você tirou 2,5 e ele 8. Sabe assim? É que, quando colocamos um lançamento do lado do outro, um abismo de qualidade se abre entre os dois. A Woolim realmente se preocupa em desenvolver a Eunbi como uma solista potente na Coreia do Sul; a WM só quer que o contrato com a Chaeyeon acabe logo pra ela sair sem reclamar. São direcionamentos diferentes e tá tudo bem. Quem sai ganhando sou eu, que consigo enfiar duas pautas em uma e ainda tenho tempo de fazer a janta.
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Essas duas me passaram sentimentos muito parecidos que você teve: não dá pra ficar sem comparar elas com outros lançamentos de outros artistas. Mas no final, acho que as duas deixaram saldos positivos.
A Chaeyeon foi realmente muita azarada com essa música, é um b-side muito agradável com ums maneirismos estranhos (ela já abre me lembrando uma faixa do nmixx??) porém como faixa principal é… letargica. Porém, o MV e a atuação dela são tão adoráveis e de um conceito tão amigável, bem-feito e convincente (se tem uma coisa que a WM nunca falha é conceptualização, mesmo que o produto final não fique a altura da ideia matriz) que eu não consigo deixar de sair com um sorrisinho no rosto. Não sei se valeu a pena sacrificar um break dance fervente pra isso, mas não foi uma decisão ruim. Dá pra notar como tentaram emular a inocência e down-to-eathness que o NewJeans entregou em Attention porém, é mais difícil fazer isso crível com uma só pessoa sendo quirky na tela, mas, novamente, acho que nos limites dela a Chae entregou potencial, e é isso que importa.
obs: não acho que esse lançamento foi só pra encher contrato visto as locações carrisimas que deram pra gata. Não é como se a WM tivesse porte pra queimar dinheiro assim.
Agora sobre a Eunbi, é claro que também é impossível deixar de comparar com a Chungha, a sua counter-part lacradora de boate GLS cria da MNET, mas, por íncrivel que pareça, para o tempo de experiência que ela tem, acho que a Eunbi está amadurecendo como artista muito mais rápida do que a Chungha, mostrando ainda mais potencial que esta. Claro, a Chungha de hoje em dia está a anos-luz de distância na entrega de identidade, presença de palco e vocais, mas tenta lembrar de quando ela tinha o mesmo tempo de carreira da Eunbi (na época de Roller Coaster): ainda era muita gente reclamando dos vocais desconfortáveis dela e, por mais que RC seja um banger, logo ápos ela foi e nos deu Love U que é um ZZZZ. Acho que a Eunbi tá num caminho muito bom, mesmo que eu não que Underwater é tão boa quanto podia ser.
obs parte 2: Glitch SOTY no meu prédio (quando eu ouço, todo mundo ouve)
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