Red Velvet lançou Feel My Rhythm e eu senti… Muitas coisas

As próximas semanas prometem muito para o Red Velvet, esse grupo que já deu chá de sumiço e gerou bolões no mundo inteiro apostando por mais quanto tempo elas resistiriam até a SM terminar o contrato. Não aconteceu: depois da Coreia fazer o favor de hitar a péssima Psycho, elas lançaram a péssima Queendom, e tiveram um 2021 tão patético e vergonhoso pra quem ficou quase dois anos fora que era melhor nem ter voltado.

Mas já que voltaram, aparentemente teremos uma agenda cheia de novidades (ignorando o fato bizarro da SM enfiar promoções coreanas e japonesas uma atrás da outra, quero só ver se as músicas não vão se boicotar entre si). Começando por Feel My Rhythm, o comeback coreano estava prometendo horrores com os teasers delicados mostrando as meninas de bailarinas e musas impressionistas de Monet posando em jardins franceses. É muito difícil a SM se comprometer com um conceito até o fim, ainda mais algo tão cabeçudo, então foi complicado não alimentar a expectativa.

Vamos logo embalar no ritmo do Red Velvet.

Cara, que difícil… Difícil no sentido de que, sim, Feel My Rhythm é um lançamento bem complexo, cheio de camadas, referências e detalhes que despertam algo em quem tá ouvindo e vendo. E isso é uma coisa meio fora da curva pra SM, já que normalmente o conceito se limita aos álbuns e o conteúdo deles (se você é kpopper novinho, só pesquisar EXO, EXODUS ou Pathcode pra entender a lógica da SM, ou falta dela, pra montar teasers). Mas no caso do Red Velvet, sempre me pareceu diferente. A empresa gosta de brincar com a imagem das meninas e expande isso pras músicas, por isso se costuma dizer que o grupo tinha essa característica experimental (que se perdeu ao longo do tempo, vamos deixar claro). Por isso é difícil não guardar expectativas pelo que elas lançam.

Mas aí vem a pergunta: Feel My Rhythm é, de fato, essa volta ao experimental que elas faziam lá no começo do grupo, ou é só um aegyo pretensioso demais? Bom, acho que dá pra ser os dois. O instrumental metálico, dissonante, confuso, me lembra muito Ice Cream Cake, que é aclamada por esse fator mais vanguardista (e, de quebra, considerada o verdadeiro debut do Red Velvet); de alguma forma, Feel My Rhythm traz a mesma coisa, mas com um toque mais refinado ao incorporar um sample da releitura de “Ária na corda sol” de Bach (um arranjo muito utilizado na música num geral inclusive, indo desde os Beatles até Neon Genesis Evangelion). Quando você compara essas duas músicas por sonoridades parecidas, fica algo do tipo: Ice Cream Cake é presunçosa, mas soa divertida; Feel My Rhythm é leve, mas soa arrogante. É um embate entre ousadia e audácia, e não é tão fácil assim enxergar esse limite.

Isso quer dizer que eu não gostei da música? Não, eu gostei mais do que achei que fosse gostar. Não é a primeira vez que a SM sampleia uma música clássica; em 1999, o Shinhwa lançava Twinkling of Paradise, interpolando “O lago dos cisnes”, do Tchaikovski, por inteiro. E, se eu gosto muito de Twinkling of Paradise, era quase certo gostar de Feel My Rhythm. O refrão, que é exatamente onde a sinfonia de Bach se faz mais presente, é uma mistura emocionante entre o clássico e o atual, onde os sons explodem da maneira certa e criam esse confronto saudável entre gerações diferentes. E eu acho que ele tem força e apelo suficientes pra continuar comigo por um tempo, porque o que eu disse no parágrafo de cima se aplica demais ao restante da música. Red Velvet é um grupo vocal e a falta de tato que a SM tem com isso, enfiando rap onde não deveria ter, é o que estraga a maioria das faixas do grupo que se propõem a ser sérias, como essa.

Sobre o MV, não tem nem palavras. É lindo, quase de tirar o fôlego. A fotografia supera a de Queendom, com o plus de ter um CGI impecável e várias referências artísticas como nunca a SM fez antes. Porém, o problema mora aqui: não sei vocês, mas quando um MV é detalhadamente construído a ponto de ter coisas que eu não consiga pegar de primeira, fica cansativo. Assim, eu sei que as cenas do jardim são inspiradas nas obras do Monet, principalmente suas mulheres de sombrinha posando num verde sem fim, mas têm dias que eu simplesmente não quero ter que pesquisar a fundo pra entender a mensagem que o diretor quis passar. É bonito (principalmente as cenas que misturam aquarela com o realismo do MV), é artístico e, pra mim, ele fica acessível dessa forma. Depois vai ter algum fã falando referência por referência e a gente vai ficar “nossa, é verdade”. 

Feel My Rhythm, com certeza, me fez sentir coisas. Acho que sempre vai existir essa dualidade nas músicas do Red Velvet daqui pra frente, uma incerteza sobre prepotência ou vanguarda. E eu acho muito melhor que seja assim; antes eu sentir mil coisas do que não sentir nada além de uma indiferença enorme como foi no ano passado (Psycho eu não conto porque eu senti coisas sim, tipo raiva). O refrão é meu ponto fraco e ele conseguiu a proeza de ecoar pela minha mente enquanto escrevia esse post, mesmo que não seja a ousadia divertida e adolescente sobre um bolo de sorvete, mas é um Red Velvet maduro e consciente de que é pomposo e audacioso, e que gosta de ser assim. Dessa forma, como diz aquele tweet famoso da Roberta Miranda: olho pro teclado e não sei o que dizer. Só sentir. 

Escute também: Beg For Me

Claramente eu tenho um problema: além de ter gostado do single, eu gostei do álbum. E TODO MUNDO TÁ ODIANDO ESSE ÁLBUM!!!! Não quero me prolongar muito falando dele porque talvez (talvez hein, to prometendo nada não) eu faça uma review, mas quero comentar duas coisas importantes sobre o Feel My Rhythm. A primeira é que esse já é o álbum mais vendido da carreira do Red Velvet, com pré-vendas que somam mais de meio milhão de cópias, coisa que o Finale nem chegou perto apesar de ter sido o material mais recente delas por quase dois anos e só isso alavancou Psycho nos charts de forma tardia. A segunda é que esse é um dos álbuns mais coesos do grupo, e um dos mais coesos que eu já ouvi no kpop todo. A tracklist é uma delícia e, mesmo que tenham estilos variados, todos eles caminham por uma linha R&B; se tem uma coisa que o Red Velvet sabe fazer direito é R&B. Dentre todas as faixas, eu escolhi Beg For Me porque é uma pegada bem diferente do single e, quem não gostou de Feel My Rhythm, pode gostar dela. Só isso mesmo. Quem sabe mês que vem não aparece um post sobre o álbum? 

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4 comentários

  1. Eu gostei bastante dessa música também, achei o refrão muito gostosinho! Não consigo imaginar nenhum grupo ativo além do Red Velvet lançando isso. Sempre acho legal quando um grupo lança algo que não é necessariamente um absurdo de inovação mas mesmo assim consegue chegar em um som mais autoral e com identidade. Acho essa uma característica do Red Velvet, acertando ou errando elas entregam algo, no mínimo, diferente.

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