Demorou um pouco mais do que eu esperava, mas a FNC, empresa classe C na indústria do kpop, finalmente deu um comeback pro Cherry Bullet, grupo classe C da FNC. Eu achei que eles fossem aproveitar um pouco da onda do Girls Planet 999, mas até entendo que sem os vocais estrondosos da Bora, a música corria o risco de não dar tão certo…
Enfim, Love in Space está aqui abrindo o super mês movimentado de março, prometendo ser um hit entre as LGBT (lésbicas, gostosas, blogayras e trabalhadores brasileiros num geral), assim como aconteceu no ano passado. E, bom, a essa altura eu, assim como o próprio grupo, não espero nenhum tipo de alcance viral; entregando música boa já tá ótimo pra mim, que foi justamente o que os teasers apontaram.
Prontas pra sentir um amor cósmico? Então bora espiar o MV.
A relação do kpopper médio com o Cherry Bullet é engraçada e eu sempre uso de exemplo (pelo menos na minha cabeça) quando quero falar sobre a falsa empatia que a galera sente em relação a elas. Quando Love So Sweet foi lançada, rolou uma comoção sem precedentes no Twitter, principalmente de certos youtubers, dizendo o quanto a música era fantástica e que merecia se tornar um viral, além daquela ladainha de grupo injustiçado. Aí, o Cherry Bullet teve a confirmação de três integrantes na line-up do Girls Planet 999; mais uma vez eu vi uma mobilização absurda pra tentar manter as coitadas até o final, ainda mais com a Bora, vocalista subestimada da nação coreana.
Onde eu quero chegar com isso? A comoção do kpopper é tão superficial que nem Love So Sweet, nem Girls Planet 999 rolaram de verdade pras coitadas. O programa acabou, o último comeback não alavancou como se esperava e elas ainda ficaram um tempão na geladeira da FNC antes de Love in Space acontecer. Eu, que acompanho o grupo desde o debut, fico especialmente mordida com essas fuleiragens de quem se diz “fã de grupo pequeno”; meu boga, entendeu? Foi tanta perfumaria pra cima de Love So Sweet e no final ficou tudo na mesma (até pior, eu diria).
Pois bem, vamos falar desse novo lançamento, que tá maravilhoso, apesar de alguns erros de execução. Não entendi porque os versos são tão rápidos. Óbvio que eu não sei uma palavra em coreano, mas é mais pelo ritmo mesmo; parece um trem descarrilhado com um vagão batendo atrás do outro, o famoso efeito Outsider (que só funciona com ele, inclusive). O bom é que isso logo é corrigido, e aí a música fica bem gostosinha de ouvir. Elas acabaram adotando a mesma fórmula de Love So Sweet, só que bem menos contida e muito, mas muito mais retrô, com essa camada de sintetizadores criando uma ótima tensão até o refrão cintilante na voz da Bora.
Sobre o MV, eu sinto que a FNC tentou, sabe? Ela reuniu um time de editores ali e disse “bora galera, mulheres”. Os efeitos não estão os melhores que você vai ver, mas rolou um esforço pra deixar o CGI, no mínimo, digno, mesmo que o resultado tenha ficado algo meio Uma Cilada para Roger Rabbit. Não julgo: o Cherry Bullet precisa contar moedinhas pra sobreviver e isso tudo é culpa de vocês que ficam de falso moralismo pra cima das moninhas porque elas têm tudo pra serem as fodonas da geração. Pelo menos a fotografia tá linda e a menina May não parece mais uma versão robotizada e loira da Momo, conseguindo arrancar umas expressões mais naturais.
Love in Space é, de longe, o maior acerto do Cherry Bullet. Quer dizer, um acerto com erros, mas que são tão mínimos que eu nem vou considerar. Colherzinha de chá pras gatas hoje, que meteram um retrozinho gostoso e aumentaram as expectativas pras demais coitadas que ainda vão fazer seus comebacks nesse mês que promete. Acho difícil enjoar dessa aqui, além de que a gente precisava de justiça depois da patifaria que fizeram com as pobis no Girls Planet 999. Kim Bora merecia muito mais.
Escute também: Broken
Como sempre, o Cherry Bullet entregou ótimas faixas no seu novo EP, que é muito mais coeso que o anterior. A tracklist do Cherry Wish tá uma delicinha, sem baladinhas ou músicas de elevador pra encher linguiça. Inclusive, fiquei sabendo que elas quebraram o recorde pessoal de vendas e mais da metade do álbum entrou no chart do FLO, algo até então inédito na carreira das gatinhas. Isso até pode ser um reflexo do Girls Planet 999, mas dá até um gosto a mais ver que elas conseguiram hitar com um lançamento tão legal quanto esse. Broken, por exemplo, é uma faixa que também segue os moldes de Love So Sweet no sentido de ter o instrumental mais contido, mas ela consegue ser muito mais rica e gostosa de ouvir por ser um pop meio melancólico; quase uma vibe Apink em I’m so sick só que bem menos brokenhearted hoe anthem.
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