Numa ascensão inacreditável nesse mar desesperado de rookies da quarta geração, o STAYC vem construindo sua história de forma muito interessante. Comandadas pelo Black Eyed Pilseung, dupla de sucessos históricos no kpop, as meninas estouraram a bolha das gays no debut e vêm servindo bops desde então (mesmo que alguns tenham demorado pra engatar).
O grupo também estava cotado para participar da line-up da segunda temporada do Queendom, mas com o próprio ato capenga da Mnet roubando a vaga de tão fiasquento que foi o desempenho delas em solo doméstico, a empreitada não aconteceu. Nem sei se precisaria também, já que com esse comeback elas prometeram uma surra de visuais, conceito e aclamação musical.
Com os dois anos de carreira cada vez mais próximos, vamos ver se RUN2U mantém essa linha crescente intacta.
Não tenho muita moral pra falar de cara se essa música é boa ou ruim porque vocês viram o que aconteceu meses depois de ter massacrado ASAP no dia da estreia, mas… A galera perdeu a mão aqui. Quer dizer, RUN2U começa muito boa e o instrumental cria uma tensão incrível, parecendo um número do T-ARA pós-Hwayoung que não hitava de jeito nenhum porque a Coreia do Sul simplesmente odiava o grupo; ou seja, excelente, já que foi a melhor fase musical delas. O sintetizador dos primeiros versos grita segunda geração, sem contar a introdução caótica e pesada no EDM farofento como há anos não se ouvia.
Combinado a isso, o STAYC oferece os melhores visuais da sua curta carreira. Já não era sem tempo, os cabeleireiros da High Up foram contratados pela escola de cabelos Teruya e tavam judiando das coitadas, mas aqui todas estão finíssimas fazendo jus a beleza que elas possuem. Provavelmente a Sieun precisou espancar alguém da equipe pra isso acontecer, e ainda bem que aconteceu: dá gosto de ver o MV, que já é o mais bonito e estético do grupo, e, principalmente, todos os closes nas integrantes. Tem aquele efeito de acompanhar um bando de adolescentes crescendo diante dos nossos olhos que eu comentei em Stereotype, já que em RUN2U elas parecem muito mais maduras que antes.
Só que o problema da faixa é, mais uma vez, essa estrutura estranha que a produção adotou. Se no último comeback eles corrigiram isso, aqui largaram de mão, e o refrão nem é o maior dos glow downs; ainda que ele seja comprido e vazio demais pro meu gosto, existe o fator chiclete e depois de umas três ouvidas você já começa a cantarolar de algum jeito. Além disso, eu gosto dessa sonoplastia que parece uma guitarra eletrônica porque dá um dinamismo maravilhoso e contrasta muito bem com a doçura da voz da Sieun. Porém, o defeito de RUN2U tá no que vem antes disso, onde a Isa, que sempre participa dos pré-refrões do grupo, simplesmente foi mal utilizada dessa vez. Não existe aquela tensão gostosa, e o pior: me faz querer que o refrão chegue logo (mesmo ele não sendo tudo isso).
Destaque positivo pra J, no entanto, que carregou o lançamento nas costas sempre que apareceu em tela. O fato da música começar com ela cantando me pegou de surpresa e foi o que me fez depositar esperança antes de tudo descambar. Essa garota tá cada vez mais versátil e eu acho uma ótima estratégia da empresa de usar os comebacks pra gente enxergar novas camadas dela, tanto como cantora quanto como rapper, ao mesmo tempo que a própria volta cada vez melhor e mais experiente (e sabe transparecer isso, como se estivesse recompensando a galera pela confiança depositada). Aliada a Sieun, esse retorno só conseguiu ser o que eu descrevi até agora nesse post por conta delas.
RUN2U representa uma quebra nos ótimos gráficos do STAYC, mesmo que tenha sido produzida na melhor das intenções. Ela consegue ser mais bold dentro dos moldes adolescentes que o próprio grupo estabeleceu, mas não cativa o bastante pra ser algo que vá morar no repeat do Spotify ou memorável o suficiente a ponto de dizer “era exatamente o que eu esperava do STAYC e muito mais” e isso não é culpa de ninguém. O grupo é novo, consegue ser inovador no seu nicho e ainda tem carta branca pra experimentar. Pelo menos por enquanto essa música é um não de pequeno a médio pra mim, mas nunca se sabe quando as monas vão me fazer dar a volta e correr pro coração delas com essa daqui, né?
Escute também: Young Luv
Infelizmente o STAYC continua fraquíssimo no quesito b-sides, e isso já tá virando um ponto de atenção pros produtores. Precisa ter mais gana de ousar nessa parte também, não só se preocupar em vender um single forte, principalmente porque esta blogueira aqui adora ouvir álbuns completos. Desse jeito, o YOUNGLUV.COM tem um nome maravilhoso, uma estética visual lindíssima, mas acaba se juntando ao rol de músicas completamente esquecíveis que o grupo vem lançando desde o debut. Dessa safra, acho que Young Luv acabou sendo a que mais colou comigo (mas é só pra não dizer que eu não gostei de nada), por ter essa sonoridade de jovem cantora da Disney nos anos 2000 lançando seu primeiro single promocional pra série em que ela faz parte. Tem uma vibe bem Selena Gomez & The Scene sofrendo por amor, coisa bem adolescente mesmo. Eu só espero que essas b-sides saiam da zona de conforto o mais rápido possível.
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