Com o fim esperado do IZ*ONE ano passado, as carreiras das integrantes vão aparecendo aos poucos (com mais solistas do que eu imaginei). Infelizmente, nenhuma dessas estreias foram tão impactantes assim pra mim, com a Eunbi imitando a IU, a Yuri imitando a Eunbi e o IVE sendo qualquer merda sem graça. Será que o Produce 48 não geraria nada tão bagaceiro quanto foram os grupos pós-IOI?
Então a Yena surge como mais uma solista despontando após o fim do grupo, o que me pareceu estranho, já que eu apostei que ela seguiria no ramo de MC nesses milhões de programas coreanos que surgem todo ano por causa do carisma da gata. Mas a Yuehua resolveu fazer diferente e marcou na agenda de todo mundo o debut dela, sozinha, sem teoria de sétima integrante do Everglow. Com essa falta de empolgação nos materiais das ex-IZ*ONE, será que a Yena poderia se destacar?
Vamos dar uma olhada no MV de Smiley.
Acho que toda empolgação veio pra cá. Sério, de primeira, eu já consigo dizer que esse foi o lançamento de uma ex-IZ*ONE que eu mais simpatizei até agora. Primeiro que ele não deriva nada, não existe a prepotência em emular a persona jazz da IU e nem a furada de colocar uma garota de 22 anos pra sensualizar em cima de um instrumental árabe tentando reinventar a roda. É só a Yena maximizando a personalidade dela, que sempre foi carregada de humor, num instrumental tão grudento e contagiante que fica impossível de não se deixar levar.
Aliás, pontos extras pela mensagem que Smiley carrega. Apesar da narrativa do MV ser bem simples, retratando a Yena como uma super-heroína responsável por “espalhar a felicidade pelo mundo e através do universo”, ela consegue impactar o suficiente, ainda mais nesses tempos complicados que a gente vive. Viver num lugar sem ódio e encher a galera de esperança é um desejo que todos temos em comum ultimamente, e o papel da Yena é justamente esse: mudar o tom das coisas onde quer que ela pise. Foi uma forma muito inteligente que a Yuehua teve de aproveitar o carisma e permitir que ela usasse isso da melhor maneira possível. Por isso Smiley é tão orgânica.
E a parceria com a BIBI foi algo inesperadamente bom. Apesar dos poucos segundos, ter a BIBI como uma espécie de vilã inimiga da alegria deu um contraste maravilhoso na música, principalmente pela diferença nas interpretações de cada uma. Assim que a Yena sai de cena em busca do dono deprimido do Shady’s Hotel, a história muda de curso, exatamente como num desenho animado quando o dia ensolarado se transforma em nuvens pretas e raios do nada. A diferença nos vocais mais doces e até infantis da Yena pra um rap provocante da BIBI, além das expressões caricatas dos figurantes, deixa tudo ainda melhor.
Eu gosto de como a música é, essencialmente, um pop rock dos anos 2000 aos moldes da Avril Lavigne pós-mudança de imagem com Girlfriend. Combinou tão bem com a voz dela e tem um refrão com ótimo replay factor, daqueles que fica por semanas na sua cabeça. Comparando com o debut da Eunbi no ano passado, onde eu falei que o instrumental jazz era muito bom, mas que com os vocais dela perdia força, aqui em Smiley eles se complementam. Não consigo enxergar nenhuma outra menina do IZ*ONE entregando um número assim sem parecer positividade tóxica ou um número ridiculamente constrangedor. A Yena facilmente desponta como um dos melhores debuts do ano até agora sendo exatamente ela mesma. Que ela continue trazendo felicidade pro mundo!
Escute também: Lxxk 2 U
Eu poderia recomendar praticamente qualquer música do EP de estreia da Yena porque a tracklist tá de EXCELENTE gosto. Sério, é muito difícil eu gostar de tudo num álbum de kpop, ainda mais sendo um debut, mas esse daqui conseguiu alcançar o feito, o que me deixa muito esperançosa pra ver mais do cenário em 2022. Se tratando de uma estreia, é normal que as faixas tenham estilos variados, até mesmo pra mostrar que a artista é versátil e consegue se dar bem com qualquer coisa que dão na mão dela (ou essa deveria ser a intenção, pelo menos). Porém, o legal desse EP é que a tracklist abraça muito bem os gêneros que fazem parte dela. Tem música de cafeteria, tem um pop colorido, tem retrô oitentista e tem o rockzão maravilhoso e diferenciado de Lxxk 2 U. Seguindo numa linha diferente da title, aqui a Yena dá uma interpretação mais dramática pra coisa toda, lembrando vagamente um número qualquer do Paramore se a Hailey Williams fosse uma adolescente fofa recém-saída de um girlgroup de kpop. Pode ser que até o fim do ano eu mude a minha b-side favorita, mas essa daqui definitivamente foi uma ótima surpresa.
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