Pacotão AYO GG | As 100 melhores de 2021 (55-41)

Edit 31/12: desculpem pelo atraso na continuação do ranking! Como eu falei no parágrafo original do post, eu fiquei bem doente e só comecei a me sentir melhor pra escrever ontem. Isso acabou atrasando muito meu cronograma, então as próximas partes vão sair nos dias 02, 03 e 04 de janeiro. Me perdoem, de verdade!

Sejam bem-vindo a mais um pedaço do meu ranking de fim de ano. Eu to bem doente hoje, talvez seja aquela mutação do vírus da gripe porque eu to me sentindo o mais puro lixo. Enfim, as coisas estão começando a se estreitar por aqui, já que comentamos metade da lista e, a partir daqui, começam a pipocar faixas que eu realmente tive dificuldade pra organizar e não ser injusta no final das contas. 

Não vou me estender muito. Vamos ver quem ficou nessa peneira. 

55. Rocket Punch – Ride

Digam o que quiserem do single (como eu já vi vários blogs fazendo, to de olho hein), mas o Rocket Punch foi uma enorme sensação esse ano no quesito musical, pelo menos aqui no meu mundinho. Era maio, mais dois comebacks marcados pro mesmo dia, a trend retrô já estava morrendo e PLAU! Surgiram um single álbum com três faixas extremamente oitentistas e gostosas de ouvir. A primeira delas aqui é Ride, uma midtempo sensual carregada de sintetizadores e de letra bem sugestiva. Pra quem reclamou que os timbres do grupo são muito agudos, aqui elas entregam um registro bem mais baixo e isso, de alguma forma, deixa a atmosfera de Ride tão única. É como ler um conto erótico mágico e sentir cada pedaço dele, se deixando levar pelo instrumental sofisticado e montado pra ser propositalmente nostálgico. Se acham que essa morreu cedo, relaxem: o Rocket Punch ainda vai aparecer de novo e eu acho que vocês já sabem em qual parte da lista. 

54. AiNA THE END – Dare Dare Dare

Se teve alguém que trabalhou em 2021 foi a AiNA THE END. Todos os álbuns lançados na carreira solo dela são desse ano e é muito curioso ver como a liberdade criativa dela é trabalhada, mesmo sendo agenciada pela WACK, que não conhece limites quando se trata de entretenimento. Ainda que Dare Dare Dare seja a única presença dela aqui, a AiNA consegue entregar qualquer estilo, até aqueles que ninguém espera, e esse é o maior charme de se acompanhar o ritmo frenético de lançamentos. O que me fez destacar essa música das outras é o sentimento de psicopatia que reina aqui, e o mais legal de tudo é que você nem precisa assistir ao clipe pra saber que Dare Dare Dare é puro desespero. Na verdade, o clipe é uma mídia a parte; a interpretação livre (intencional ou não) da cena do metrô em Possession arrepia até meu último fio de cabelo. É um rockzão louco e caótico que só o Japão poderia oferecer, daqueles que você levanta duas sobrancelhas com a descrição, mas se entrega de corpo e alma pra ouvir. 

53. Chanmina – Bijin

A catártica Bijin não foi só o melhor lançamento da Chanmina esse ano, como também é uma das melhores músicas que ela já serviu na carreira. É cru e visceral, apesar de tratar justamente da perfeição absoluta que ela precisa seguir pra ser aceita como uma artista fora dos padrões, ainda mais sendo coreana num país historicamente rival do seu. Eu gosto como o instrumental já é desconfortável o bastante pra fazer com que o ouvinte não se acomode tanto nos seus fones de ouvido, porque a Chanmina não começa fácil. E, a partir daí, Bijin desce como um soco no estômago. E é muito reconfortante assistir uma cantora da Coreia do Sul cantando em japonês e vestida em trajes japoneses como a rainha absoluta de tudo, quase uma reparação histórica de uma heroína incompreendida que morre por ter suas falhas expostas, mas com o grito de somos mulheres e somos bonitas pra caralho ecoando pra todo o sempre.

52. SOYOU x IZ*ONE – ZERO:ATTITUDE (ft. pH-1)

Antes do IZ*ONE morrer e do futuro se apresentar como um grande Wonyoung-gate, a Pepsi juntou algumas gatinhas de lá junto com a tiazona da SOYOU pra promoverem um novo sabor do refrigerante. E tanto o grupo quanto o kpop em si tavam tão capengas nessa época que ZERO:ATTITUDE se mostrou o lançamento mais empolgante pra mim naquele presente momento. O pancadão EDM disfarçado de classudo é absolutamente tudo, me lembrou Sugar Free do T-ARA numa roupagem mais “moderna”, principalmente pelos efeitos sonoros de latinhas abrindo, uma ótima mensagem subliminar da Pepsi que traz refrescância e vontade de experimentar o produto novo. Eu ainda acho hilário o rapper cantando sugar mommies look a little thirsty pra um bando de pirralhas do IZ*ONE, e também acho que a SOYOU promoveria isso aqui de boa, mas foi um ótimo coringa na minha playlist durante o ano.

51. Cherry Bullet – Love So Sweet

Mesmo sem entender o apelo massivo pra Love So Sweet, algumas coisas justas precisam ser ditas: a Coreia, num geral, dormiu bastante pra ela. A abordagem incrível do Cherry Bullet pra cima de um número meio apinknesco, mas que abrange as duas grandes fases do grupo, é maravilhosa, porque o resultado é um retrô suave, cintilante e mais inocente, mas que ainda assim dá sinais de maturidade. Aí eu já não sei dizer o quão afetado o grupo foi pelo caso AOA, ou se elas nunca tiveram popularidade o bastante, ou se o efeito Brave Girls aconteceu no mesmo momento de um possível viral, mas o refrão é TÃO chamativo! Aliás, a construção toda dele é muito legal, é tipo morder um bombom e ele ter um recheio gostoso. Uma quebra de expectativa deliciosa, quando tudo parece explodir e de repente… Para. O que me faz estranhar a comoção pra cima de Love So Sweet é o mesmo motivo que me faz duvidar da comoção por várias músicas que são potencialmente alguma coisa e fracassam. Eu só espero que a propaganda do Girls Planet 999 não seja em vão na próxima.

50. Billlie – flipp!ng a coin

Esse grupo ficou anos no forno, cercado de rumores, e até uma das integrantes originais do pré-debut cansou de esperar e foi vender NFT no Japão. Mas o Billlie nasceu, de nome estranho e música pior ainda, que tenta desesperadamente ser vanguarda e não consegue. Porém, flipp!ng a coin é um achado. É uma bagaceira só, sendo a prima pobretona de Pose (que talvez ainda apareça aqui), e eu acho engraçado como ela cresceu comigo depois da primeira vez que eu ouvi porque claramente soa menos pretensiosa e metida que a title. O instrumental metálico e pesado cria essa sensação de ser uma música de balada, mas tem uns elementos tão toscos no meio do caminho, tipo o drop depois do refrão ou uma espécie de fanfarra eletrônica ali nos segundos finais. Bateram tudo no liquidificador e o resultado foi esse, só que é tão divertido de ouvir, ainda mais com esses vocais meio fora do conceito todo. O Billlie atua como um grupo B do catálogo da SM, mas essas músicas mais bobonas assim dão uma vida a mais pro grupo (que funcionava muito bem como sexteto, inclusive). Lançar uma crocância dessas de vez em quando não mata.

49. aespa – Savage

Falando em ser avant-garde, quem diria que Savage correria tanto atrás de mim pra aparecer numa lista assim? Eu ainda tenho muitas ressalvas em relação ao aespa e a esse lançamento, e já quero começar dizendo que a SM inventar uma lore pras coitadas cantarem como se fosse uma sessão de RPG é o de menos. É mais sobre ser um projeto presunçoso demais, vendido como inovação. Quer dizer, grupos de antigamente faziam besteiras (e que besteiras) melhores que Next Level, e isso arrebatou o mundo como se fosse a mais suprema qualidade no quesito kpop. Não é bem assim. O que me deixou mais aberta a Savage é que me parece uma tentativa mais orgânica. E tudo bem, sabe? Tentaram duas vezes, só acertaram na terceira. Savage é apelativa do começo ao fim, mas o refrão é o principal destaque da faixa. E sim, eu acho ele bem original, ainda mais quando são duas levas faladas e outras duas cantadas, isso dá uma fluidez enorme mesmo que o pano de fundo seja um industrial pesadão. E, bom, tem alguma coisa na Winter que deixa tudo muito melhor. Oh my gosh don’t u know ima savage já entrou pra história. 

48. Brave Girls – After We Ride

Eu sinto que vou receber algumas ameaças nos comentários, e eu mesma lamento demais por After We Ride ter tido uma vida tão curta comigo, mas isso não tira os méritos dela ser um dos melhores baladões oitentistas, bregas e com cheiro de Whitesnake da história. Acho que a expressão que define melhor essa música é “chorar feio e não ter vergonha”; é exatamente a sensação que me passa, daqueles micos que a gente paga por estar bêbado demais. E chorar feio quando quiser chorar. After We Ride é uma das obras-primas do catálogo do Brave Brothers, mais uma daquelas situações em que eu não acredito que isso saiu depois de apertar um monte de botões. O aspecto pseudo-documental deixa tudo ainda melhor porque, ao mesmo tempo que parece continuar a história do ano passado, é palpável a melancolia do Brave Girls depois de comer o pão que o diabo amassou nesse pós-We Ride e os demais dez anos de carreira. Quando esse tipo de instrumental é bem feito, ele mexe com a gente. E saber do que existe por trás contribui muito com o apego à música.

47. Weki Meki – Siesta

É até estranho ver o Weki Meki nessa fase mais Dilúvio by Karol Conká, sem oitocentos instrumentos explodindo por segundo, mas eu mesma amei. Siesta pode não ser a melhor coisa que você vai escutar, só que é inegável que elas mandaram muito bem na concepção toda do negócio. Geralmente eu não presto tanta atenção assim pra elementos da época em que a música sai. Por exemplo, Siesta saiu no outono coreano e podia ser literalmente qualquer coisa, mas não; a paleta toda do MV é em tons terrosos, dá pra sentir o sol queimando a pele mesmo com o vento gelado batendo contra o rosto. E foi exatamente isso que me encantou nesse comeback do grupo, porque muitos tentaram trazer essa coisa mais sinestésica, mas só o Weki Meki conseguiu me fazer sentir coisas do começo ao fim, a ponto de me sentir mergulhada no vídeo ou de tocar o instrumental com as mãos. O único defeito é ser comprida demais; acho que os últimos versos são só firula pra deixar a música com incríveis quatro minutos e isso tira um pouco da imersão. Porém, achei ótimo viver essa mudança de imagem com elas. 

45. Sakurazaka46 – Nagaredama

Depois da morte do Keyakizaka46, ficou aquela dúvida se outro grupo ocuparia o lugar diferenciado que elas tinham, ou se o Akimoto retomaria o projeto de alguma forma. Fato é que os grupos 46 costumam seguir um caminho diferente dos 48, e isso pra mim sempre foi o mais interessante. O Sakurazaka46 começou mal, mas, aos poucos, tomaram forma e, ainda que tenha a aura alternativa que seus antepassados deixaram, elas se mostram cada vez mais performáticas, entregues, artísticas. Nagaredama é o ápice até agora, disfarçado de disco music com guitarrinhas funk típicos desses atos japoneses, mas o charme tá na coreografia. É como ver um número de dança contemporânea, onde os dançarinos sentem a música em todos os músculos. E é tudo muito louco, quase uma sociedade secreta entre as integrantes, da qual você tem muito medo, mas quer entrar de qualquer forma pra ser possuído pelo ritmo frenético da dança. 

45. TWICE – Alcohol-Free

Morro no quanto essa daqui foi criticada na época que saiu. Óbvio que não todo mundo, mas chegou em um determinado momento que eu não sei mais o que esperam do TWICE com quase sete anos de carreira, e ainda assim o porco do JYP consegue entregar uma das melhores composições dele. Alcohol-Free é o que eu chamo de quebra de expectativa máxima; eu acho que ninguém esperava uma bossa-nova bem carioca como comeback de verão. E é tão bom não esperar nada e receber tudo! A música é redondinha em tudo que se propõe: não faz mau uso do gênero que escolheu se apropriar e nem soa genérico; parece mais uma homenagem mesmo, como apresentar o país pra um amigo de fora. Aliás, o que mais chama minha atenção em Alcohol-Free é como ela consegue ser cult e pop ao mesmo tempo, sem abandonar as origens musicais do grupo e também não interromper o processo de amadurecimento delas. Além disso, a faixa consegue ser tão sensual abordando bebidas alcoólicas e os efeitos parecidos com os da paixão. É aí que o poder de escrita do JYP brilha, fazendo uma conexão sutil e natural com o conceito todo e ainda deixar isso extremamente grudento. Feito para todos os públicos, sem moderação. 

44. Purple Kiss – Zombie 

Apesar de ter sido um bom debut, o Purple Kiss tinha soado pretensioso demais pra mim, naquilo de fazer esses grupos mais novos soarem… Velhos, antes de amadurecerem de verdade. Zombie tem muito mais a cara delas, praticamente um win/win pra todo mundo envolvido. É uma música divertida que não tem medo nenhum de parecer divertida, cafona, trash, qualquer coisa nesse sentido. Foi uma decisão tão acertada da RBW que eu acredito que esse seja o primeiro caso onde a passagem da coroa entre gerações é a melhor solução. Com dois EPs, o Purple Kiss mostrou o enorme potencial pra ser um monster rookie; em Zombie, parece que elas já fazem esse tipo de música há anos, mostrando seu lado mais shineestíco num funk de Halloween fora de época. O refrão então nem se fala: é inteligente e bobo ao mesmo tempo e, mesmo que você não goste da faixa toda, pelo menos essa parte vai fazer questão de grudar na sua cabeça, numa consistência tão pegajosa quanto cérebro humano. O catálogo das gatas tá ficando uma belezinha.

43. Sunmi – You Can’t Sit With Us

Outra que pegou referências em filmes trash de terror foi a Sunmi, mas flertando com um conceito biruta de ser uma mamacita dos anos 2000 e toda essa viagem de ácido que faz com que You Can’t Sit With Us seja o que é. Já começamos com o título: Meninas Malvadas é o que rege a ideia de tentar superar um amor, conectando tudo mais que o jovem de hoje acaba encontrando em um feed do Pinterest quando pesquisa por Y2K (mesmo que a Sunmi não tenha abordado Y2K em nenhum momento). É assim que ela continua conquistando fãs novinhos, pegando coisas que ela realmente viveu sendo adolescente nessa época e transformando em algo que a geração Z consumiria, como uma Olívia Rodrigo da vida. E, se a gente for ver, nada aqui é a reinvenção da roda. Anos 2000, synthpop, caça aos zumbis, tente procurar conceito nisso e falhe miseravelmente. É até meio brega, e a Sunmi sabe muito bem ser brega, mas acho que a geração de hoje também não faz muito sentido pra gente, né? 

42. Utada Hikaru – Kimi ni Muchuu

Há quem reclame dessa fase mais alternativa-fazendo-música-em-casa de Utada Hikaru, ainda mais com o anúncio do oitavo álbum, chamado BAD Mode, cuja capa tem o filhinho delu correndo por aí pra dar esse aspecto mais homemade mesmo. Mas acho que, quanto mais envelhece, mais Utada vai entrar nessas lombras aí. Pelo menos com o material que a gente tem até o momento, parece ser mais promissor que o Hatsukoi. Kimi ni Muchuu mesmo é tão boa porque se sustenta muito no instrumental eletrônico e contínuo que cria uma sensação claustrofóbica muito palpável. E a interpretação de Utada se mantém na mesma linha. Claro, com todos os agudos que ela consegue alcançar, mas o fato delu seguir o instrumental com a voz adiciona muito. Kimi ni Muchuu é uma música desoladora, solitária, e ter um MV mostrando como funcionou os bastidores da produção e toda a logística por trás, principalmente Utada entregando tudo nos microfones, me faz crer que isso não é vendível; tudo depende muito da interpretação, de quem canta e de quem ouve.

41. YUKIKA – Secret

Assim como no Soul Lady, aqui também tivemos uma amostra diferente do habitual na discografia da YUKIKA, uma música que destoa bastante do resto do trabalho dela por soar “menos city pop”. Secret fez a vez nesse EP, mas não acho que ela esteja tão longe do que a YUKIKA gosta de cantar. Sim, dá pra perceber alguns elementos que fazem com que a música seja mais kpop que os padrões; é um aegyo que poderia cair nas mãos de qualquer grupo de terceiro escalão, mas será que o resultado seria algo suficientemente próximo disso aqui? Porque é aqui que o efeito YUKIKA acontece, de pegar uma demo comum e transformar no maior choque de cultura que você vai ouvir na sua vida. De um aegyo sem gosto, saiu uma explosão de sintetizadores coloridos, alegres, quase infantis, combinados com o timbre um pouco mais acima da YUKIKA, e aí a música ganhou novas camadas, personalidades, cada elemento sonoro faz sentido não só no conjunto todo, como na própria identidade musical dela. Pra quem ainda acha que a YUKIKA vai acabar caindo na mesmice, Secret e uma outra música mais pra frente provam exatamente o contrário. 

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3 comentários

  1. Eu não sei se fico em choque com Savage por aqui (tudo bem que eu vi você falando que acabou curtindo ela mas ainda CHOCADA) ou com Flipping a coin 👁👄👁 de qualquer maneira: meus dois hininhos ❤

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