Meu Deus, como essas meninas trabalham, né? Já é a terceira vez esse ano que eu comento sobre um comeback do TWICE, depois de curtirem uns bons drinks em Ipanema e calçarem as botas de sargento logo em seguida. Parece que a superexposição do grupo tem aumentado a cada ano, com o JYP ocupando todas além do seu limite perto da renovação do contrato (onde eu acredito que, pelo menos, 50% do grupo vai debandar).
Dessa vez, temos um single em inglês chamado The Feels, que depois foi revelado como um pré-release pra um terceiro full álbum (+ semana de aniversário + nova turnê). Vou ser sincera: não gosto de atos coreanos tentando acontecer no ocidente, mas isso parece ser uma tendência desde que *aquele grupo* resolveu mirar seus horizontes pra lá. E, bom, o teaser parecia gostosinho, eu não tinha nada a perder.
Vamos dar uma olhadinha no MV.
Surpreendentemente, as opiniões na blogosfera ficaram bem divididas, assim como foi com Alcohol-Free. E acho que eu também entendi a confusão dessa vez: depois de uma fucking bossa-nova em território coreano (e um girl power que soa exatamente como kpop no Japão), trazer algo tão simples pra tentar acontecer do lado de cá parece uma escolha preguiçosa. Mas, ainda assim, The Feels é muito além das expectativas que eu tinha.
Eu sempre tive uma relação estranha com o TWICE. Elas só chamaram minha atenção de fato com o lançamento de Fancy, e eu acho que não tem problema nenhum nisso, afinal o grupo teve seu coming-of-age e entregou uma das maiores daquele ano. Depois disso, eu sempre tirei um elogio do bolso pra elas porque, mesmo a pior das músicas dessa nova era, conseguiram me cativar muito mais pela ousadia do que os pops adolescentes que elas soltavam até 2018. TWICE virou um grupo muito querido desde então.
The Feels entra nessa história como um paradoxo interessante. Ela é bem simples mesmo, não tem um sininho ou efeito, nenhuma camada a ser descoberta conforme a música vai rolando (a não ser a linha de baixo, que é ótima). Mas é competente e contagia, além de ser um bom cartão de visitas do grupo pras rádios norte-americanas, quase como se dissesse “ei, nós temos outras iguais a essa, se der uma chance a gente te mostra”. O pop ocidental continua em decadência; olhando dessa ótica, The Feels me parece uma aposta refrescante.
O que acontece é que, esse tempo todo, o kpop planejou sua expansão global da forma errada. Quando eu comentei que não gosto de grupos cantando em inglês é porque as empresas condicionaram os fãs a ouvirem versões de singles que foram pensados em coreano, e isso NUNCA funcionou. Só pegar Cry For Me como exemplo, que surgiu numa tentativa fracassada de globalizar o TWICE. Querendo ou não, a ida do BTS pra novos mercados fez com que essas mesmas empresas mudassem a linha de raciocínio, e agora a tendência é lançar outros grupos à sorte.
Por isso The Feels faz do TWICE um dos únicos atos mais atuais que valem a pena acompanhar. Pra Coreia, tivemos a bossa de Alcohol-Free; pro Japão, o lado badass de Perfect World. Agora, com todas as guitarrinhas setentistas que só uma música retrô pode oferecer, elas emularam a Dua Lipa. Pode não ser complexa ou ousada, mas é um lado atrevido do TWICE que só acrescenta a uma miríade de conceitos que elas já tentaram. E, se o Future Nostalgia fez tanto sucesso, por que não tentar algo parecido? Pelo menos, eu acho que foi uma boa estratégia.
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