Como de praxe na blogosfera, a carreira solo da Chuu, pra mim, sempre foi a menos interessante. Tentaram impor na coitada uma imagem musical que não conversava com a sua personalidade apresentada na mídia até então, como se quisessem apagar, de alguma forma, a pequena palhaça que ela sempre foi. Sério, não tem cabimento uma pessoa que atormenta gays na rua cantar algo tão insípido quanto Underwater. Chega a ser ofensivo você tirar tantos pedaços únicos de alguém até deixá-lo sem nenhum aspecto ou traço que lembre que aquilo ali é um ser humano.
No período sabático do blog, a nossa reencarnação de Karl Marx lançou um segundo EP, o que é impressionante. Quer dizer, o fato é impressionante, não o EP em si; nesse caso, o EP é patético, pra dizer o mínimo. Senti como se fosse alguém sem a menor noção de quem é a Chuu a não ser pelo estático slightly uncanny do photoshoot do debut do LOONA lançando um prompt pra alguma inteligência artificial criar uma música que fosse a cara dela. Porque não tem nada dela ali também. É tudo muito artificial, forçado, feito pra vender (e não sei nem se vendeu).
A terceira tentativa costuma ser a derradeira.
Num primeiro instante (ontem, pra ser mais exata), achei que essa era mais uma água de chuuca enlatada pela nossa ex-loonática. Terminei de ouvir e senti absolutamente nada, assim como das outras vezes que me prestei a ouvir o que essa gatinha tinha a dizer. Simplesmente larguei. Deve ter quem goste, mas de repente não é pra mim. E tudo bem. Às vezes, galera, o mundo não gira ao nosso redor. Sei que pode parecer uma notícia chocante, mas é a realidade. A Dona Chuupasseios, por mais carismática e querida que fosse, não produzia música pra mim.
Só que algo me cutucou. A aba do YouTube ainda estava aberta e eu tomei aquilo como um sinal de que o universo queria conversar comigo, então dei play uma segunda vez. Talvez eu tenha perdido algum detalhe. Talvez o instrumental tenha uma virada escondida que eu não consegui captar antes. Não posso dizer que continuei com o mesmo pensamento, mas, ahm, não é pra mim mesmo. Tipo, eu já ouvi tantas músicas assim antes, por que justamente a versão da Chuu precisa me causar alguma sensação? Talvez amar seja deixar ir, e eu deixei.
Hoje eu acordei e, por algum motivo obscuro, eu lembrei, mais uma vez, dessa música. Não é possível, se essa desgraça não sai da minha cabeça é porque tem algo. Era meu terceiro play. Era a terceira vez que eu via, com atenção, as presepadas de Chuu e seus dois amigos que, obviamente, têm um pano de fundo complexo que o MV tenta retratar, mas sinceramente eu não dou a mínima. Eu quero sentir essa música. Eu quero entender o que ela precisa me dizer.
Não está na letra. Não está nas imagens e nem nas teorias mirabolantes que tomaram a caixa de comentários desse clipe. Não está nem na forma como a Chuu lamenta um amor perdido porque eu sou praticamente casada e não me relaciono com esse tipo de coisa. Mas, intrinsecamente, Only cry in the rain foi tocada em momentos aleatórios enquanto eu escrevia uma fanfic, a primeira depois de seis anos sem escrever nada depois de um evento traumático com um comentário que quebrou completamente minha confiança. E nessa madrugada, eu finalizei a primeira versão do primeiro capítulo de uma história que vem se formando na minha cabeça nas últimas semanas. De repente, eu entendi que precisava comemorar com algo tão melancolicamente eufórico quanto uma conquista tão pequena, tão sutil e banal, mas tão importante pra mim. Eu também tentei em três momentos diferentes, meio que somos spiritual twins.
Only cry in the rain é a melhor tentativa da Chuu enquanto cantora solo. O instrumental, embalado num synthpop tímido, é como se fossem aquelas gotas de chuva iniciais que caem bem devagarinho, quase imperceptíveis, até se juntarem e ganharem força em uma tempestade. Mas, ao contrário dessa minha analogia, a música nunca explode de verdade. A interpretação mais contida da Chuu é justamente o que dá corpo ao que ela quer dizer, precisa dizer. Por vezes, ela até se mistura ao restante, entrelaçando-se pelo caminho, se encontrando em diversos pontos, assim como… Lágrimas na chuva.
Chuu está de volta, assim como eu.

Música é impressionante. O impacto que uma canção pode ter na sua vida por n motivos me fascina muito
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prefiro escutar Taylor Swift do que essa porcaria dela repetindo “cuckoo” no refrão
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Tente de novo comediante chuu
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