Talvez esse não seja o exato título que as pessoas que leem esse blog estavam esperando por tantos dias. Quase um mês, na verdade. Pensei muito antes de abrir um documento em branco e botar essas palavras nele, quiçá postar aqui, mas confesso que não pensei tanto quanto eu deveria ter pensado, pelo menos comparando a uns meses antes. 

O que eu pensei mesmo foi na minha relação com as duas coisas que compõem o AYO GG. A primeira delas é a música, algo que faz parte da minha essência e, sem isso, eu seria apenas um recipiente vazio, sem vida. Ainda que eu não saiba o motivo do Twitter estar chamando o LE SSERAFIM de “le fracasso” ou algo do tipo, depois do show do TWICE eu passei a refletir sobre o papel que o pop asiático teve pra mim nos últimos sete, oito anos. Eu, que sempre fui bem elitista com a música, me permitir gostar de algo considerado “fútil” foi uma revolução interna dentro de mim. É como se a minha garotinha interna despertasse depois de anos adormecida. 

E aí vem a escrita, que também existe comigo desde os primórdios da minha existência. Escrever diários, fanfics, músicas, poesias, crônicas, textos, uma notinha perdida no caderno, qualquer coisa que pudesse acalmar a minha mente, que sempre foi muito mais acelerada que o restante do meu corpo. Minha mãe fala pra todo mundo que eu era uma menina precoce, que aprendi a ler antes das outras crianças, mas eu me orgulho mesmo de sempre ter tido um papel e caneta ao meu lado, com uma música de fundo me fazendo companhia. 

Aliás, sempre apreciei a minha própria companhia, mas, de um jeito paradoxal, morro de medo de ficar sozinha. O AYO GG nasceu disso, do desejo ardente de compartilhar meus pensamentos com quem quisesse ler, sempre solitária dentro do meu quarto, com o notebook refletindo contra os meus óculos anti luz azul e os fones estourando o último lançamento do pop asiático. Só que aconteceu uma coisa muito engraçada.

Depois do show do TWICE, senti um ciclo se completando, ainda que eu não entendesse exatamente. Depois disso, acabei ficando doente (como absolutamente todo mundo que estava naquele estádio), tive episódios de enjoo que a minha família especulou que fosse uma gravidez, mas eram só crises de ansiedade, e meu celular foi roubado durante o trabalho. Uma massa de acontecimentos desagradáveis que derrubam qualquer um, mas foi o tempo que eu usei pra entender o que foi aquele sentimento que surgiu no pós-show. 

Eu estou numa crise pré-30 anos, recapitulando tudo que eu fiz até hoje, balanceando minhas conquistas e meus fracassos, sofrendo, chorando, abrindo feridas e vivendo. E, principalmente, me perguntando se ainda existe lugar pra mim dentro dos meus nichos ou se eu sou só essa adolescente insistente com experiências tardias, experiências essas que acabam me machucando tal qual a minha idade que continua aumentando. Eu ainda sirvo pra isso ou deveria focar em ser uma adulta? 

Isso não é uma despedida, apesar do título apontar o contrário. Mas talvez eu precise entender algumas coisas pelos próximos meses, recuperar minha paixão pela escrita e pela música que, no fim das contas, são o combustível que me move. E vocês que me acompanham são a maior prova de que é possível ser alimentado pelas nossas paixões, ainda que a minha mãe costume dizer que amor não paga as contas. Não paga mesmo, mas bota a paz e tranquilidade que eu preciso pra botar a cabeça no travesseiro com a sensação de que, pelo menos, uma pessoa se alegrou com as minhas contribuições na internet. Por isso, eu ainda não desisti de tudo, e não digo só excluir o AYO GG. Assim como a música e a escrita, vocês me mantêm como parte desse mundo. 

Quem sabe não me convidam pra uma reunião extraordinária no Coachella?