Chill Kill é boa, principalmente se o Red Velvet quiser parar por aqui

Mesmo sem querer, eu acabo detonando muito as pobres do Red Velvet. Elas também fizeram por merecer: Birthday ainda é top 3 piores coisas da discografia de um ato da SM (entre homens e mulheres) e um dos comebacks mais desnecessários num geral, que afundaria o 2022 e a reputação das gatas se, meses antes, não tivessem entregado aquele EP redondinho pelo qual eu sou apaixonada até hoje. Mesmo assim, não gosto quando elas se metem nessas presepadas, ainda menos se eu não consigo defender. 

Aliás, a vida não tá fácil pro grupo já tem uns bons anos. As incertezas acabam rodeando a existência delas mais do que todo mundo gostaria, o que é uma pena porque, apesar de grupos de kpop terem curta validade na maior parte das vezes, eu sinto que o Red Velvet é um daqueles que eu ficaria bem triste se um dia saísse a notícia do disband. O que me deixa aliviada é que a vergonha de morrer com Birthday sendo o canto do cisne já não vai mais assombrar as noites de ninguém. 

Mas… E se o Red Velvet quisesse parar agora?

Foi uma pergunta que circulou pela minha mente enquanto escutava e, principalmente, assistia ao MV de Chill Kill. Pra falar a verdade, essa sensação de término é algo que vem incomodando grande parte da minha bolha desde a divulgação das primeiras fotos, se estendendo ao conceito todo do comeback e o ar meio soturno que as prévias do álbum indicavam. Sabe aquela tristeza estranha que a gente sente sem motivo aparente, mas que fica ali, cutucando e sussurrando, e ao longo dos dias, vai se materializando e tudo que a gente quer fazer é fingir que ela não existe? Como se fosse algo se acabando: as férias do trabalho, um encontro de um relacionamento à distância, uma festa maravilhosa com pessoas que você nunca mais vai ver na vida, essas coisas efêmeras que a gente tenta segurar com as mãos, mas não consegue.

Uma avalanche de sentimentos me atravessou. De repente, me vi pensando em um trilhão de acontecimentos, refletindo sobre como o Red Velvet praticamente cresceu comigo, lado a lado, desde o final da minha adolescência aos dias atuais. Já comentei algumas vezes que não falo mal delas por esporte, mas por ficar chateada de ver umas entregas que não se conectam com o que elas já fizeram no passado, porque foi o grupo que me acompanhou em toda essa trajetória de escutar e escrever sobre pop asiático. Logo elas completam uma década de vida, enquanto eu me preparo pra atravessar a terceira. Chill Kill pode até não ter sido feita pra isso, mas é um ótimo recurso pra ser usado de forma emocional. 

Como música, essa é uma daquelas amostras melancólicas-porém-meio-esquisitinhas que o Red Velvet tá acostumado a servir, tanto em titles como Psycho, como em outras dezenas de album tracks. Não sei onde Chill Kill se encaixa, mas achei o resultado bem curioso. Pensei que odiaria a mudança de tom no refrão, só que, como diz o nome, foi uma “matança suave”, numa tradução literal; quer dizer, não é o melhor refrão que eu já ouvi o Red Velvet cantando (quem dirá da vida), mas sinto como se estivesse num carro e ele fizesse uma curva fechada numa velocidade bem baixa, com o meu corpo praticamente intacto no banco do passageiro. É até uma reação interessante quando se tem essa construção de versos tão dramática. 

No fim do dia, ouvir Chill Kill é um misto de coisas que eu não sei explicar. Alívio, medo, tristeza, felicidade, amor, entre outros, porque, se elas quiserem, a missão já foi cumprida. É o gosto que a música tem, não importa o dia de amanhã. Pode não ter sido o grupo mais bem sucedido da SM, mas é uma das discografias mais positivas do kpop num todo, e isso é um baita marco. De alguma forma, o Red Velvet deixou seu impacto na indústria audiovisual, levando uma porção de referências no bolso e transformando em coisas novas para que outros pudessem usar. Se for mesmo um adeus, ele é bonito e bem feito. Descansem, divas.

Escute também: Underwater

Como eu comentei lá em cima, o álbum todo é cercado de momentos introspectivos, traçando paralelos com o ótimo Perfect Velvet. O que separa os dois, porém, é que Chill Kill soa muito mais maduro, como se estivesse só esperando, dentro de uma gaveta bem especial, os vocais do Red Velvet caírem delicadamente por cima dos instrumentais. O fato emocional não me deixa tirar o Perfect Velvet do topo, mas o novo álbum é muito bem confeccionado, criando um círculo perfeito de músicas que conversam perfeitamente entre si e conseguem manter a atmosfera necessária. O ponto mais alto de todos esses aspectos que eu pontuei é Underwater, que tem muita influência de mixagens “slowed and reverb”, que já fizeram sucesso no auge do vaporwave na internet e ainda fazem sucesso no Tiktok. A música é carregada, pesada, mórbida, mas também é linda e extremamente sexual, como só o Red Velvet sabe fazer.

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6 comentários sobre “Chill Kill é boa, principalmente se o Red Velvet quiser parar por aqui

  1. “Já comentei algumas vezes que não falo mal delas por esporte, mas por ficar chateada de ver umas entregas que não se conectam com o que elas já fizeram no passado […]” por mais que eu tenha minhas reservas com muitas das suas opiniões, rafa, é até assustador como nos meus grupos favoritos nosso gosto e o sentimento que a gente carrega pelos grupos é parecido de um jeito até meio perturbador. senti isso quando você fez o post sobre hula hoop, do loona, e senti agora. o red velvet, apesar de tudo que aconteceu, de hoje em dia eu não simpatizar muito com o lineup e estar acompanhando outros grupos, é um grupo que sempre me fascinou muito pela identidade tão forte e pela discografia tão consistente. que eu ficava empolgada de acompanhar mesmo não sendo fã porque elas sempre foram interessantes, magnéticas, e foi uma coisa que se perdeu pós-2019. e isso ter acabado DEPOIS de a gente saber que elas podem muito mais foi um sentimento muito, muito frustrante.

    no fim, o chill kill é mais positivo que negativo pra mim; apesar de eu ainda achar ele um pouco cansativo, em algumas ocasiões pouco inspirado (como eu falei no dougie, tenho quase certeza que vai crescer em mim) e ter achado a title ruim (essa acho que não se salva, mesmo), deixaria um gosto muito amargo na minha boca se o red velvet acabasse como um farrapo de si mesmo no birthday e eu fico feliz que elas resgataram, pelo menos um pouco, a magia hipnótica que elas traziam na discografia inicial delas. uma pena que isso provavelmente signifique que elas vão virar camisa de saudades, porque elas eram um grupo que eu gostava de torcer pra dar certo mesmo que a comunidade que acompanha kpop num geral tenha largado a mão delas há alguns anos.

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  2. Eu gostei de Birthday, não é tão horrível, e ainda mais quando as outras músicas do álbum são maravilhosas, você escuta até sem querer.

    Acho que o maior erro do Red Velvet foi Psycho, porque todo comeback delas o povo enche a paciência de todo mundo falando “Vem ai Psycho, quero lado Velvet”, e talvez essa seja a graça do grupo, não fazer o que se espera.

    E talvez, essa seja a maior perda do Kpop como um todo caso elas encerrem o grupo, os grandes nomes do kpop atual tem uma certa “receita de bolo”, você sabe o que esperar, principalmente do NewJeans que só tem uma demo e 5 instrumentos, alguém pode até tentar encaixar o IVE como imprevisível por conta de Baddie que ninguém esperava, mas isso não é uma coisa boa no caso delas.

    Red Velvet é o grupo que me faz esperar de verdade, que me deixa com dúvidas até depois de ouvir a música, elas tem a habilidade de lançar uma música e preencher tudo, se esse foi o fim, pelo menos foi um fim gostoso, ninguém merece ter um disband com Psycho.

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    1. E agora, parando pra pensar, o Red Velvet dando disband marca o fim da terceira geração mesmo né? Twice ninguém se importa faz tempo, blackpink tá na fase scrodinger, e o resto já foi.

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      1. No meu ponto de vista isso é triste, a terceira geração tinha tudo pra acabar perfeita, mas tá aí, os únicos bons grupos que temos nesse estado.

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  3. Cara, suas palavras me fizeram ter vontade de chorar. Apesar de eu nao ter gostado de chill kill, tbm fiquei aliviada ao ver que o rv nn parou em birthday pq aquilo é puro osso (mto ruim, nn sei como engoli aquilo na epoca). Eu tenho esse mesmo sentimento que voce demonstrou em questao do red velvet. amo muito todo o conceito do grupo e eu me apaixonei por aquela esquisitice que elas transmitem. Senti uma forçaçao de barra em queendom com aquele esqueleto e o tapete de simbolos capirotescos e os fans dizendo o quao “bizarras e assustadoras” elas estavam sendo. Senti isso tambem naquela cena de birthday onde todas estao com um chapeu de coelho ou algo do tipo.

    Sinto que muitos dos fans forçam essas coisas delas serem creepy, sendo que só parece forçaçao (isso ficou mto confuso?). Uma coisa que eu sempre gostei no rv era essa bizarrice, mas nao quando ela esta escrachada de forçada. Mas dai vem os fans dizerem que é super conceitual, outro nivel. Sinceramente, eu fico triste por esses fans nao enxergarem que o red velvet ta caindo cada vez mais. E isso me deixa mal demais, porque elas sao o meu grupo favorito e elas ja me inspiraram em tantas coisas, mas nao sinto mais aquela magia que o red velvet tinha. Eu fico mal de falar isso delas, pq eu realmente amo o rv e sinto falta dessa essencia delas.

    Chill kill é pao molhado pra mim. nao mudou em nada. amei algumas das bsides, mas ainda aim senti falta da receita de bolo do red velvet. Nao sei explicar exatamente, mas o perfect velvet e o dumb dumb tem essa receita e eu nao senti isso em chill kill.
    Infelizmente agora eu espero todos os cbs dela, sem esperar muita coisa, pois ja faz tem que o rv nao me cativa. Mesmo assim, ainda acompanho as meninas e ainda escuto elas dms.

    Se chill kill for uma despedida (coisa q eu tenho certeza q nn é), eu vou ficar triste, mas vou agradecer por nao ter sido birthday. Se nao for uma despedida, bom eu espero pelo proximo cb, como eu disse, sem esperar mto.

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