O Blackpink salvou o kpop? 

O assunto da semana no cuíter provavelmente é esse:

Um movimento muito curioso que rolou com a globalização crescente do kpop foi a migração de LGBTQ padrão fã de divas pop e artistas extremamente básicas para a fanbase do Blackpink, que deve ser a maior referência de yass slay que eles têm na vida. Eu mesma acho bem engraçado que uma pessoa abra os olhos pela manhã e se disponha a postar esse tipo de coisa sem a menor intenção de tomar chapisco, inclusive com proporções totalmente normais e dentro do tom como essa belíssima rede social costuma oferecer. É um ótimo entretenimento.

Comentários desse naipe sempre partem do mesmo pressuposto: Blackpink é a revolução musical que livrou o kpop de ser um gênero pescador de maníacos e pedófilos e toda aquela onda infantilóide que veio antes delas. Apesar da maioria dos quotes serem de rajadões pra cima do querido, um ou outro acaba concordando com a colocação, acrescentando (ou indo ainda mais baixo, eu diria) que fãs de grupos ditos “cute” são machos punheteiros, com as imagens sempre mostrando o típico asiático gordo e arquétipo nerd. Isso aí tem nome. Parafraseando aquela antiga canção: “X” é de Xuxa, e é de outra coisa também.

Enfim, cheguei do trabalho quase agora (mas provavelmente esse post vai aparecer no blog só no dia seguinte porque to exausta e com dor no pé) disposta a discutir essa lenda passada de gay normie pra gay normie: afinal, as Blackpink realmente são nossas salvadoras? Devemos isso a elas?

O ano era 1999 quando o S.E.S implorava numa ligação pro cara voltar e eles relembrarem aquele momento maravilhoso que tiveram enquanto o Sol encostava na linha do horizonte em Twilight Zone. Porque é óbvio que eles passaram a noite estudando pros exames finais. Caso você não saiba, a Coreia do Sul é um dos países mais rígidos com a educação dos jovens, tanto que, no ensino médio, é comum que os alunos frequentem um cursinho até tarde da noite depois do colégio, tudo isso pra passar em universidades renomadas. Quando a Bada canta “por favor, venha pra minha cama”, é pra ajudar a coitada nas questões de álgebra.

Coming of Age Ceremony é uma música clássica da primeira geração do kpop. Afinal, que menina não queria deixar de ser tratada como criança pra virar mocinha? Aqui, a Park Jiyoon fala sobre a festinha de debutante que ela tava ansiosa pra fazer e chamar todas as colegas da escola. A mesma temática é adotada em Invitation. Encarnando a Hebe no seu esquete icônico de Romeu e Julieta, a Uhm Junghwa diz que em breve completará quinze anos e quer muito que seu paquerinha do colégio apareça na festa com esse convite irrecusável. 

A grande sensação da virada do milênio no kpop era a Lee Hyori. Nossa Regina Duarte (namoradinha da nação) debutou forte contando até dez no pique-esconde da escola. Ué, pensou que 10 Minutes fosse sobre o quê? Tá mais do que claro que ela fala sobre se esconder a tempo, senão ela te pega mesmo. E se a Hyori brinca de esconde-esconde, a BoA parte pro pega-pega em Moto, com toda essa história de querer apostar corrida pra ver quem chega primeiro e tal. Se você já foi criança um dia, é bem fácil se identificar com esses dois absolutos clássicos do cute pop coreano. 

Já pro KARA sempre foi muito difícil disfarçar essa enorme vontade de subir pelas paredes e explodir em pedaços de tanto… Amor! Muito comum menininhas se sentirem confusas sobre os sinais da primeira paixonite no jardim de infância ou algo assim, então em Wanna elas só querem que o garotinho pelo qual elas estão doidas pra segurar as mãos e dividir a bisnaguinha no recreio se decida logo. Aliás, quando o kpop era todo fofinho pra mentes pervertidas se aproveitarem, era totalmente inimaginável pensar em cantar sobre o amor numa perspectiva mais sapeca. Ainda bem que o Blackpink mudou isso!

Inclusive, pensando em abrir ainda mais oportunidades no campo cute, foi criado um grupo chamado After School, que era justamente pra discutir essa questão de atividades extracurriculares, uma prática também bastante comum lá pela Ásia. Claramente as pentelhas do After School não respeitavam regras e acabam perturbando o professor que só queria dar aula. “Não quero ouvir nem mais um A”, ele fala. E aí sempre tem uma engraçadinha que sussurra um “ahh!” assim que ele volta a virar pra lousa. 

Ainda no âmbito escolar, o 9MUSES apresenta um seminário sobre cola de bastão em Glue, inclusive usando roupas que lembram muito a embalagem da Pritt e um clipe que parece mais um slide show. Um pouco literal e baixo orçamento, mas os trabalhos do colégio são essa crocância mesmo, né? Elas sempre serviram umas assim bem didáticas: falaram sobre as notícias do mundo em News, sobre a história das bonecas em Dolls e sobre o sistema de transporte público em Ticket. Inclusive, essa última poderia muito bem ter tocado na greve dos metroviários em São Paulo. 

Se você estudou em escola pública, essa é pra você. O Brown Eyed Girls lembrou esse momento tão feliz cantando sobre buraco quente, que em outros estados pode ser conhecido como carne louca. Também é um lanche famoso nas festinhas de criança, sempre batendo ponto por ter aquela parente que ama preparar uma carne desfiada no molho de tomate (na minha família é a minha mãe). Warm Hole substituiu a icônica Meu Lanchinho em muitas escolinhas, o que faz com que o Brown Eyed Girls tenha fincado a bandeira no conceito cute infantilóide no kpop. 

Tem muitas outras músicas tontas de coreanas sendo fofíssimas que vão nessa mesma linha, mas o meu veredito é: sim, o Blackpink salvou o kpop! Serei eternamente grata por isso. 

Vocês sabiam que agora eu vendo minhas artes? Lá na Colab55 tem algumas opções de produtos com estampas que eu fiz e você pode comprar pra ajudar essa pobre coitada que escreve o blog.

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Um comentário sobre “O Blackpink salvou o kpop? 

  1. Esse barraco começou com as Onces enchendo a paciência de todo mundo dizendo que o Twice é o melhor grupo no conceito cute, o twice não é o melhor no conceito cute nem em conceito nenhum, elas vivem nessa época de 2015-16 porque foi o momento que o twice teve relevância e querem que o cute volte a hitar pra ver se o twice consegue voltar pro top80 do Melon.

    Nossa, eu detesto esse grupo.

    Sobre o blackpink, eu adoro elas, mas musicalmente falando, já deu, elas tiveram uma responsabilidade de aumentar o interesse pelo mina fodona concept e muita empresa deixou de lado o chave de cadeia, mas o Kpop não precisava ser salvo porque naquela época a gente tinha muita coisa boa, o Kpop precisa ser salvo NESSE MOMENTO, e graças a Deus o IVE tá fazendo isso junto com o Gidle e o Aespa arrancando o conceito baixo orçamento no pacote música sem graça que o NewJeans faz e, transformando em baixo orçamento com música maravilhosa e deliciosa.

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