Entrei no Twitter hoje de manhã e me deparei com a notícia que ninguém queria dar:

O que é estranhamente cômico já que ontem mesmo eu parei pra pensar no Red Velvet e me questionei sobre a possibilidade horrível delas morrerem com Birthday sendo o canto do cisne. Quer dizer, em 2017, a gente também meio que se desesperou com o SNSD se despedaçando, mas elas tinham deixado uma All Night pra gente. É diferente, sabe?

Enfim, se o Red Velvet agora é um finado pelo qual devemos rezar ou não, ainda não sabemos, até porque não faz tanto tempo que eu acordei e nem corri atrás de mais nada. Mas! Pra não perder o timing da fofoca, aproveitei que o melhor momento do grupo com aquela divisão de conceitos completou oito anos na sexta passada e decidi revisitar. Enquanto isso, deixem suas orações para o Red Velvet que morreu tragicamente #setembro. 

Pra abrir o primeiro parágrafo sobre essa música, queria dizer que o Red Velvet foi o primeiro grupo feminino que eu acompanhei de verdade, daquilo de ver entrevistas nos SuperPops da Coreia e decorar as coreografias (eu era jovem e recém-desempregada, era fácil). Não sei dizer muito bem o que me chamou minha atenção nas boleiras, mas lembro de sentir uma transformação dentro de mim quando assisti o MV de Dumb Dumb. Até aquele momento, eu não tinha visto nada igual, nada que exalasse tanta alegria pura e simples. 

Comandado pela babilônica Min Heejin, o Red Velvet encarna um quinteto de bonecas numa linha de produção. Se até hoje eu tenho um pouco de dificuldade de saber quem é quem sem prestar atenção nas cores, imagina na época em que isso saiu? É porque as meninas foram produzidas de um modo que realmente seja quase impossível diferenciar umas das outras, principalmente se você for novo no universo delas, o que me leva a crer que Dumb Dumb, além de zoar com todos os seus valores sobre o que é arte ou não, também não é o lançamento ideal pra conhecer o Red Velvet. 

Essa inversão de conceitos se dá em todos os âmbitos. Dumb Dumb é visualmente muito bonito e bem produzido, tem uma fotografia bacana e a edição é maravilhosa, mas a mensagem que ela passa é que, sim, o kpop é essa fábrica de pessoas manufaturadas que nós embalamos e entregamos ao mundo, e isso dá muito dinheiro porque nós temos encomendas todos os dias. Essa mensagem fica muito clara a cada segundo, e mesmo que você tente falar mal, sabe que não vai conseguir porque Dumb Dumb é extremamente grudenta. Questionando ou comprando a ideia, o idiota é você. 

Sobre Dumb Dumb como música, a história se repete. É como se ela andasse em círculos, presa num pop fácil e genérico, mas as referências de James Brown e Nile Rodgers plantam uma semente de dúvida na cabeça: afinal, o que que eu to ouvindo? É engraçado como o kpop gera esse sentimento conflituoso que beira os extremos do amar e do odiar. E a gente acaba indo pro lado do ódio porque é senso comum detestar qualquer coisa que seja direcionado apenas pra diversão; amar é constrangedor. O que cria uma conexão com a macroesfera de Dumb Dumb, que é cantar sobre o amor como um sentimento desastrado que faz a gente passar vergonha.

Dumb Dumb é um ótimo exemplo da subversão de valores que o pop (num geral) consegue fazer: muito idiota pra gostar, muito legal pra odiar. É uma daquelas músicas que realmente me desarmou de todos os preconceitos que eu ainda poderia ter, carregados do passado e que me esperavam no futuro, porque é um negócio tonto, surtado, esquisito, mas que carrega seu charme pra quem quiser descobrir. Olhando pro Red Velvet hoje, eu sinto falta dessa característica peculiar que elas tinham no começo, de serem exageradas e espalhafatosas da forma mais natural, se é que isso é possível. Que a gente sempre se lembre de alimentar o lado mais red das nossas vidas. 

Vocês sabiam que agora eu vendo minhas artes? Lá na Colab55 tem algumas opções de produtos com estampas que eu fiz e você pode comprar pra ajudar essa pobre coitada que escreve o blog.

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