A quarta geração do kpop chegou e, com ela, um monte de incertezas. Nada parecia, hum, bom de ouvir. Acompanhar grupos virou uma chatice porque todos os idols têm aquele ar de subcelebridade que só os becos mais podres do Instagram são capazes de se importar por uma boa quantia no PIX. E, com isso, a idade daqueles que viveram a segunda e terceira gerações também veio, algo que parecia ser tão distante… Ou seja, pelo jeito, o kpop caminharia independente da gente estar aqui pra ver e essa é uma realidade um pouco triste de aceitar. A blogosfera fundo de quintal se recusa a morrer diante do fato e cá estamos nós, cobrindo os lançamento mais absurdos que já ousaram botar no mundo.

De repente, chega um quinteto de cabelos sedosos, jogando um MV no Youtube como se a plataforma tivesse nascido ontem. Ninguém sabia muito bem de onde elas vieram, mas absolutamente todo mundo foi tomado por um sentimento quentinho de épocas mais simples; não tinha um indivíduo preocupado com charts ou views, apesar deles virem à galope, o que pareceu ainda mais impressionante. Pela primeira vez em muito tempo, o kpop vivia de naturalidade, por mais contraditório que isso possa soar. Numa jogada inteligentíssima, Min Heejin, ex-SM, abria sua própria empresa com respaldo da HYBE pra lançar o atual titã conhecido como NewJeans. 

E hoje elas soltaram um EP novo…

…Que foi recebido de forma ingrata?

Mais uma vez o trem do kpop muda de curso, surpreende todo mundo e as queridinhas da geração viraram de cabeça pra baixo. Poderia dizer que foi um movimento esquisito que aconteceu em menos de um ano de debut, mas não: no começo de 2023, a fanbase aclamava com lágrimas a genialidade de OMG, lançamento que acrescentava um plot twist na história contada da também excelente Ditto. Elas levaram tudo nas premiações dos Domingões do Faustão lá da Coreia do Sul e eram tidas como as líderes dessa nova era de grupos cada vez mais homogêneos e entediantes. Até o dia de hoje.

Não sei que reação é essa porque, desde a colaboração com a Coca-Cola, o NewJeans vem se aproximando de uma abordagem mais alternativa; não é algo novo e, principalmente, sem planejamento. Elas tinham iniciado essa nova fase do grupo de forma bem aberta e espontânea porque, sendo sincera, Ditto e OMG já apontavam que as coisas mudariam de rumo. E a ideia da Heejin pelo jeito era intensificar mais e mais essa sonoridade nova, mergulhando profundamente na subcultura da música eletrônica. Pode não ser pra todo mundo ou pode até não ser a coisa mais extraordinária já feita, mas os indícios já existiam.

Nesse sentido, é possível dizer que ETA é o grande produto dessa experimentação. Ela extrapola os limites do drum and bass e, pela primeira vez, uma música pop sul-coreana do mainstream utiliza o Brasil da maneira certa. Lembram daquele tal de Bling Bling que a fanbase entrou num surto dizendo que tinha referências de funk carioca? Aquilo é merda, e mais ainda perto disso aqui. ETA, como disse o Lunei, é o puro suco de baile charme, de favela funk, de melody e todos esses gêneros extremamente nichados das periferias brasileiras que bebem da fonte do miami bass, remixado de tal forma até sobrar somente a lembrança de algo familiar. Ouvindo ETA, eu senti muita presença do absoluto clássico do funk Furacão 2000 – Tornado, que minha irmã ouvia todo dia quando eu era criança, quase como se a ADOR tivesse chamado algum ato tipo Bonde do Tigrão ou MC Naldinho pra bater ponto com o NewJeans. 

Claro que nada é feito pra todo mundo, essa é a graça da música num geral. Algumas pessoas vão se lambuzar e dizer, sob efeito da idolatria, que é a melhor coisa já produzida na história; outras vão encher a boca pra dizer que essa é a Funk Rave do NewJeans, o que eu acho desrespeito com qualquer um ser comparado com o fungo sonoro que a Anitta canta hoje em dia; e algumas até podem permanecer indiferentes, curtindo a self title ou Super Shy, ou até coisas mais velhas do grupo. O que me pega é esse extremo bizarro que o kpop sempre se encontra, de amar incondicionalmente alguém até acontecer um evento específico que desencadeia um ódio absoluto. Sei lá, nunca entendi essa parte porque acho que as coisas ocorrem de um jeito gradual. Pra mim tá tudo certo enquanto elas lançarem uma ou outra que eu achar legal. 

Não sei se vai dar tempo, mas talvez eu comente o EP num post separado.

Vocês sabiam que agora eu vendo minhas artes? Lá na Colab55 tem algumas opções de produtos com estampas que eu fiz e você pode comprar pra ajudar essa pobre coitada que escreve o blog.

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