Aguardar pelo que o IVE pode soltar é sempre um evento à parte do comeback em si. Desde Love Dive, elas vêm numa crescente de lançamentos emocionantes pra comunidade de gays e mulheres afeminadas, traduzindo o pop como ele deveria ser: bobo, alegre, sensual e dançante. E, principalmente, comercial. Quem diria que, com tão pouco, elas se tornariam uma das maiores potências dessa nova geração do kpop?
E, atendendo aos pedidos incessantes dessa blogueira, a Starship resolveu desembolsar mais que um EP. Mês que vem, o grupo vai surgir com um full álbum cheio de delícias radiofônicas que vai fazer a fanbase se descabelar de tanto prazer (assim espero). Por enquanto, temos um aperitivo do que esperar desse novo trabalho com um pré-single que prometia ser babilônico já nos primeiros segundos de teaser.
Vamos ver se Kitsch honra o legado que o IVE construiu até aqui.
Normalmente, Kitsch é uma música que eu não curtiria, por motivos óbvios. Começando pelo refrão, involuntariamente ou não chupinhado de Boss Ass Bitch, que vira tudo de cabeça pra baixo sem nenhuma preparação, jogando nossos ouvidos pra uma zona estranha e até desconfortável. Não que esses anti-drops precisem avisar quando vão aparecer, mas pra um grupo feito o IVE, que conseguiu fazer isso com maestria em Love Dive, soa meio disfuncional. É quase uma tentativa de ser a Ariana Grande em The Light is Coming, com o instrumental sendo o completo oposto do que os vocais cantam e criando essa atmosfera maluca, propositalmente mal executada.
E sabe o mais legal disso tudo? Eu gostei! A forma frenética com a qual Kitsch se desenrola lembra e, ao mesmo tempo, é totalmente o contrário de Love Dive. As duas guardam semelhanças entre si, mas atingem objetivos diferentes, como se uma fosse o extremo da outra. E é quando eu percebo isso que a música fica ainda mais viciante, porque meu cérebro acaba fazendo associações mesmo que sem querer, como se fosse inevitável procurar referências de uma na outra, e vice-versa.
E eu vou além: acho que Kitsch é uma metáfora pro amadurecimento e auto-aceitação, coisas que faltavam no grupo em Love Dive. Pra além das semelhanças entre cenários, takes, roupas e estruturas musicais, eu sinto que é como se um ciclo estivesse se fechando. As asas caíram e foram queimadas, num simbolismo acerca do crescimento pessoal e como grupo; a seita das cupidas não existe mais. Aqui, elas abraçam a própria estranheza e assumem a breguice, ainda que pouca coisa seja realmente kitschy e siga um propósito comercial dentro dos limites do pop.
Kitsch é uma jogada esquisita da Starship com o IVE, mas estrategicamente lançada como pré-single pra entender a resposta do público com essa nova era do grupo. Eu mesma queria muito saber o que vinha depois do like, que sozinha é uma música que abalou as estruturas. Porém, é curioso observar que, mesmo sendo uma ótima candidata a pior coisa que o IVE já lançou, Kitsch ainda consegue ser minimamente interessante. Mesmo soando como nugu, mesmo sendo barulhenta demais ou qualquer outro feedback negativo que as pessoas tenham a respeito do single, é só tentar imaginar outro grupo executando isso aqui da mesma forma; eu sei que a sua mente ficou em branco. O que um pouco de carisma e personalidade não fazem, né?
Vocês sabiam que agora eu vendo minhas artes? Lá na Colab55 tem algumas opções de produtos com estampas que eu fiz e você pode comprar pra ajudar essa pobre coitada que escreve o blog.
Acompanhe o AYO GG nas redes sociais: