Recentemente, algumas pessoas têm noticiado por aí que a empresa do Kep1er estuda uma extensão de contrato, mas não existe nada de muito concreto sobre. Daí eu queria entender como essa possibilidade surgiu, se foi na mesa de um boteco tomando o quinto balde de Skol ou algo assim porque não sei em que universo o Kep1er tem demanda a ponto de considerar uma extensão de contrato, visto que no último ranking de reputação por girlgroups, elas aparecem em #27. ATRÁS DO LOONA. E todo esse choque de realidade alternativa me abateu quando eu vi o teaser da música nova uns dias atrás e fui retrucada por ter chamado de básica.

Tipo assim, o Kep1er não só tem fãs, como eles me lacraram no Twitter. Por causa disso, fiquei um pouco ansiosa pelo comeback. Talvez eu não tenha escutado direito, talvez eu tenha mau gosto, talvez eu esteja velha demais pra continuar tocando um blog sobre pop asiático e receber indiretas de fakes com contas privadas pelos quotes. O fato é que, lendo posts antigos que eu escrevi, parece que eu tenho sido injusta com as tentativas do grupo de se fazer acontecer. Talvez eu esteja errada e o disco pop que tomou conta do teaser pode ser a coisa mais bucetuda que elas já ousaram cantar.

Ou talvez o Kep1er seja o grupo mais básico da atualidade e tá tudo bem conviver com isso, sabe? Eu só queria entender como elas conseguem fazer com que uma música chamada Galileo soe tão genérica assim, como se a Taylor Swift se multiplicasse em nove e lançasse a coisa mais “revolucionariamente” sem graça da história do pop. A essa altura, em seu quarto (!) comeback coreano, o Kep1er já não sabe como seguir sem parecer um espectro sem vida de coisas que já foram feitas milhares de vezes, o que é muito triste vindo de um grupo de uma emissora tão grande quanto a Mnet. 

Nada contra o básico ou as repetições. Dentro do kpop, ainda nesse mesmo ano, a gente tem vários exemplos de uma sonoridade simples sendo emulada diversas vezes; só pegar o último lançamento do fromis_9 e entender como trabalhar a simplicidade de vários ângulos e facetas diferentes. Elas mesmas já se usaram de referência numa caralhada de comebacks desde Feel Good, três anos atrás, mas, de alguma forma, desperta o mínimo interesse. Não é o caso do Kep1er: já é a segunda vez que o grupo se apropria desse tipo de som e consegue a façanha de soar tão sem graça quanto antes, tanto que eu nem lembrava que elas tinham retornado ainda esse ano com a tal de Giddy. Agradeçam à Wikipédia por eu ter tido o trabalho de pesquisar antes. 

Em Galileo, é possível ver que os mesmos erros continuam tomando conta. A Chaehyun, escolhida por voto popular como a center do grupo, ainda é tão desinteressante quanto eu tinha comentado no debut. Nada nela chama minha atenção e ela, infelizmente, não tem carisma ou força o bastante pra catapultar o grupo, como a Wonyoung e a Somi fizeram nos seus respectivos. Youngeun, vocalista principal dessa budega, permanece como a estrela perfeita dos bastidores. Xiaoting deve estar corcunda de tanto sustentar o pouco encanto que o Kep1er ainda tem. Bahiyyih continua não fazendo jus ao seu segundo lugar, apesar de eu querer mais dela a cada comeback. As outras não me importam. Numa era do kpop onde as posições individuais não definem mais os grupos como antes, parece algo que faz falta aqui. 

O template disco pop, embora overused por grupos femininos nos últimos anos, não funciona direito nas mãos do Kep1er. O que é estranho porque geralmente é o tipo de música que segue uma fórmula pronta e não abre margem pra erros. Na verdade, Galileo tem uma produção boa, consegue construir expectativa pelos versos, o refrão é explosivo e mantém a faixa lá em cima, tem aquele momento melancólico na ponte servindo de clímax pra um break, enfim. Fazendo uma lista imaginária, isso aqui cumpre todos os requisitos, mas o Kep1er falha justamente em ser certinha demais. A falta de carisma e organização no próprio grupo fazem com que Galileo não dê nó nos pontos cruciais pra fazer pop de verdade. É como se uma inteligência artificial tivesse gerado a música com os prompts certos; não tem vida.

“Mas nada que o grupo fez te agrada, né?” cara, realmente. Pra não generalizar, eu li todos os comentários que eu já fiz a respeito do Kep1er aqui no blog e eu até tenho algumas ressalvas, mas num geral, é um daqueles grupos que não deveria ser concebido. As integrantes não têm sinergia entre elas e não tem sinergia com os trabalhos produzidos, talvez seja por isso que a Mnet intervinha tanto nas decisões finais desses programas. Só ver o resultado das falcatruas: IOI, IZ*ONE, fromis_9, até o TWICE com a volta inacreditável da Momo no Sixteen. Em escalas diferentes, são grupos que se mantiveram com lançamentos sólidos, por vezes memoráveis, e conseguiram amadurecer conforme os anos, e aí foram dar poder ao povo e deu no que deu. Eu acredito sinceramente que essas meninas funcionam em configurações diferentes. Estender o contrato do Kep1er é aumentar o sofrimento de todo mundo envolvido. 

Escute também: Love on Lock

Se você que está lendo já estiver pilhado por eu ter falado mal do Kep1er de novo, eu tenho uma coisa boa pra te dizer: não é sempre que eu odeio esse grupo. Basta ver no meu top 100 do ano passado as quatro aparições que elas tiveram, em sua maioria com album tracks. Dreams ainda é uma das pouquíssimas que saíram dos nove furos da camada de ozônio que eu gosto de ouvir até hoje por ser a irmã mais nova dessas músicas de trilha sonora de soft porn que o kpop costuma soltar vez ou outra. Só que uma boa notícia sempre vem acompanhada de uma ruim, e a da vez é que esse EP é tão qualquer coisa quanto o single. Pouco inventivo e interessante de menos, o Magic Hour não tem um momento memorável pra chamar de seu, o que me leva a crer que esse segundo ano de vida do Kep1er tem sido uma bosta. Love on Lock, apesar de ser a mais agradável dessa leva, também não merece louros; o TWICE já fez uma dessa uma porrada de vezes, por exemplo, e até a pior tentativa delas soa melhor que isso. 

Vocês sabiam que agora eu vendo minhas artes? Lá na Colab55 tem algumas opções de produtos com estampas que eu fiz e você pode comprar pra ajudar essa pobre coitada que escreve o blog.

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