Pacotão AYO GG | As 100 melhores de 2021 (70-56)

E aí! Como passaram o natal? Eu passei belíssima pra ficar sentada no sofá de casa, mas foi um ótimo natal, até porque com a vacina eu me sinto mais segura pra ver outras pessoas da minha família e isso por si só fez com que a noite e o dia fossem muito mais alegres que o ano passado. Espero que todo mundo tenha se divertido também.

Óbvio que eu vou fazer minha propaganda de natal

Resolvi poupar todo mundo das minhas opiniões pra voltar à programação de posts hoje. Dessa vez, venho com a terceira parte da minha lista de fim de ano. No post passado, eu cortei mais algumas músicas que a galera deu uma surtada (principalmente a Bruna, coitada) e também quero aproveitar pra pedir desculpas pela baixa qualidade das fotos. É que eu viajei pra passar o natal fora e esqueci o carregador do notebook, então tive que terceirizar a formatação do post. 

Enfim, vamos ver quais as próximas músicas vão morrer nessa leva aqui.

70. aespa – Iconic

A segunda das vespinhas a aparecer nesse ranking, Iconic foi minha preferida desde o começo. Apesar de ser uma música que transmite exatamente o contrário do que o aespa realmente passa (assim como outra que vai pipocar mais pra frente), eu acho que ela é ousada. Não é sempre que alguém vai juntar gangsta rap com algo eletrônico e versos mais “fofos” e obter um número legal. Quer dizer, legal não é a palavra, mas o conjunto todo, com a letra tipicamente girl crush 101 que não faz o menor sentido, deixa tudo tão gostosinho e brega, sabe? Mas o ponto alto de tudo é como o título da música soletrado tem uma sonoridade bem interessante, e talvez seja o que mais tenha chamado minha atenção na música toda. Eu vivo pelos ai-si-ou-en-ai-si e eu sei que elas tão dando o máximo pra eu levar isso a sério, mas tem a essência de um ato cafona da segunda geração. 

69. LOONA (Heejin, Kim Lip, Jinsoul, Yves) – Not Friends

Se a gente consegue equiparar uma trajetória musical a do Brave Girls esse ano, é a do LOONA. Só que ao contrário. A BBC contraiu diversas dívidas ao longo dos anos e, sem conseguir bancar os funcionários, o futuro do grupo se tornou uma incógnita. Além disso, os trabalhos mais recentes não são de muito orgulho, né? Precisa ser fã e forçar muito uma Paint The Town da vida, porque o LOONA insiste em ser o novo Blackpink e falha em todas as tentativas. O bom de tudo é que o Ryan S. Jhun apareceu e fez um convite pras mais gostosonas do grupo bancarem as mafiosas de tensão sexual enorme no EDM country de Not Friends. E eu demorei pra curtir essa, viu? Achava sem graça, monótona, mas na verdade é uma ótima produção, com referências tão legais a Why Not que poderia facilmente ser comeback no lugar de Paint The Town. Depois do lançamento, o Ryan S. Jhun se envolveu numa polêmica pesada aí, provando que as coitadas são muito azaradas, mas não prejudica os méritos da música ser boa. 

68. Ailee – Don’t Teach Me

Depois de acontecer, trocar de estilo e flopar, a Ailee voltou com a sua melhor música em anos. Don’t Teach Me empacota toda a musicalidade jazz que ela tinha lá no começo da carreira, quando foi vendida como a maior cantora da história, mas de um jeito mais refinado, e ainda leva uma mensagem feminista disfarçada de shade pra antiga empresa porque, bom, homens engravatados não podem ensinar como a Ailee deve se comportar em relação a sua carreira. Eu gosto demais do conteúdo da letra; é difícil se identificar com algo que seja sério, só que em outra língua, porque eu acho que se perde muito. Mas aqui, a Ailee consegue se comunicar com qualquer mulher do mundo que queira aprender a se amar e se empoderar, e a escolha de um jazz classudo assim só potencializa a coisa toda. 

67. fromis_9 – WE GO

Apesar da posição baixa, saibam que o fromis_9 é o mais próximo de ter atingido a perfeição entre conceito e música, não só em 2021 como no kpop em geral. Enquanto o mundo sofria com o coronavírus, dificilmente se viu o assunto sendo abordado de alguma forma, sei lá se por medo (se bem que o kpop já abordou coisas tão sensíveis quanto e de um jeito horroroso). E aí surge WE GO usando a pandemia como pano de fundo pra TUDO. As fotos do álbum com todo mundo de máscara, o conceito de viajar pelas videochamadas, o MV literalmente todo montado no Photoshop, a máquina de lavar simulando uma janela de avião… A chamada de vídeo do fandom interrompendo tudo!!!! É algo que eu não canso de ver porque é tudo tão simples, mas tão criativo que, no fim, é cativante e extremamente icônico. WE GO se segura em um city popesque de verão, com o baixo bem forte que dá uma pegada funk no instrumental, e essa é a cereja do bolo. Acho que a Mnet nunca manipulou a formação de um grupo tão bem. 

66. ITZY – Sorry Not Sorry

Que ano trágico o do ITZY, viu? Não que elas fossem exemplo de qualidade musical, mas 2021 marcou as escolhas mais questionáveis do grupo a um ponto que eu achei que, sei lá, era proposital. E o pior é que elas sabem entregar coisas irônicas na medida certa (e, principalmente, cantáveis), e Sorry Not Sorry é um belo exemplo disso. Até digo pra mim mesma que é a title moral dessa era. A guitarra que repete sempre os mesmos acordes é ótima e traz um clima de velho oeste que poderia ser a continuação de Not Shy, eu amaria ver isso sendo gravado num saloon. Sorry Not Sorry é cheia de mistério e o ITZY sabe que isso aqui não passa de um teatro, de uma interpretação, ainda mais com a letra engraçada e é isso que fez a música ser tão duradoura comigo. Acho que nem o grupo, nem o JYP largam o osso, mas que pelo menos apareçam essas coisinhas escondidas nos próximos álbuns.

65. Weeekly – After School

Sendo um dos grupos mais legais de se acompanhar nessa nova geração do kpop, o Weeekly fechou nesse ano a sua trilogia escolar não-oficial (eu comentei sobre isso no post dessa música) com After School, um bubblegum pop de altíssima qualidade que quase se tornou um viral, devolvendo o reconhecimento merecido ao grupo. Eu gosto de After School (e do Weeekly em geral) porque elas são um ato de segundo ou terceiro escalão que não tenha imitar o Blackpink ou o ITZY sempre que pode. A sonoridade delas é única, divertida e, principalmente, cantada; parece simples, mas é difícil alguém soltar um lançamento sem trezentas onomatopeias no refrão. Isso acaba refletindo na imagem das integrantes. São todas tão novinhas que, às vezes, a gente só quer ouvir uma música sobre amores bobinhos de adolescente num instrumental fofo e borbulhante (sem aquela roupagem toscamente nostálgica do white aegyo). O direcionamento desse grupo como um todo tá maravilhoso e, mesmo que elas tenham escorregado ali pelo segundo semestre, eu fico ansiosa pra ouvir novos projetos. 

64. PIXY – The Moon

Diferente do Weeekly, eu não via esperança nenhuma no PIXY quando elas estrearam esse ano. Já tinha cheiro de nuguzagem, reciclando uma menina do Cherry Bullet, junto com uma galera bem low profile, e utilizando um conceito de “fadas em busca das asas”. Já é difícil hitar um plot complexo assim sendo de empresa grande, imagina saindo de um beco? Enfim, elas fizeram sua primeira tentativa e foi horrível, fizeram a segunda e foi menos horrível, e no meio disso tudo, no primeiro EP do grupo, tinha The Moon. E aí eu cheguei a conclusão que o PIXY sabe entregar b-sides como ninguém. É um house clássico que emerge na própria história do grupo por conta dos registros vocais baixos, causando um efeito mais etéreo como um conto de fadas de terror. Aliás, a música não se exceder em praticamente nenhum momento deixa tudo ainda melhor, porque você espera um drop no refrão, mas ele vem no verso em seguida, e isso faz com que a estrutura fique bem interessante. 

63. Pink Fantasy – Poison

Falando em coisa nugu com roteiro complexo, até hoje eu não entendi o que é o Pink Fantasy. As músicas que eu conheço não batem entre si e eu não sei porque tem uma integrante com máscara de gato (que antes era um capacete enorme de coelho) e ninguém nunca nem viu a cara dela. É o auge do conceito, daqueles que faz a curva e vira uma tosqueira enorme, e eu nem me prestaria a dar atenção a um negócio desses. Só que o grupo resolveu lançar Poison e, que música, viu? Não só por ser rock, que ainda é meio fora de mão pros padrões do kpop, mas existe uma carga dramática aqui que é impossível de ignorar. Ter trazido o ex-guitarrista do TraxX faz com que seja muito mais que um número com influências do rock; os riffs tem muita profundidade e conseguem despertar sentimentos de angústia e caos, principalmente quando o EDM forte pulsa no refrão com todas cantando em coro. Tem muita cara de visual kei, e só isso faz o Pink Fantasy ser muito mais do que um rival em possível ascensão do Dreamcatcher.

62. TWICE – Baby Blue Love

Em junho de 2021, o TWICE lançou o que tenho certeza que deve ser seu magnum opus, até mesmo pela vida do grupo, os tantos anos de carreira que passaram tão depressa que a gente quase se perdeu quando elas viraram a chave dois anos atrás com Fancy. O Taste of Love é o trabalho mais completo do grupo, mais que qualquer outro álbum delas que tenha vendido muito mais ou feito mais sucesso, e o único defeito dele é ser um EP de seis músicas com um pouco mais de 17 minutos. E mesmo que Baby Blue Love esteja tão baixa aqui, eu ainda acho essa uma música tão alegre que funciona super bem quando eu preciso de uma dose de serotonina extra. O EP todo tem os vocais bem mais graves que o normal, então Baby Blue Love atua como uma bomba de felicidade por ser a faixa mais pra cima, assim como um disco pop pede. É como se o TWICE relembrasse os lançamentos mais adolescentes lá do começo da carreira, quase como uma homenagem sutil, e condensasse isso numa embalagem bem mais bonita. 

61. YUKIKA – Leap forward

Se o meu ranking fosse dividido em premiações internas como o Lunei faz no Miojo Pop, Leap forward levaria o título de melhor introdução de álbum e melhor música instrumental. Sério, eu sou fascinada por meros um minuto e cinco de áudio, e isso explica muito do poder da YUKIKA de envolver seu ouvinte do começo ao fim do álbum. É como se ela abrisse a porta da sua máquina do tempo e dissesse “vem comigo que eu te explico no caminho”, e essa é a função de uma introdução quando se faz um EP conceitual. Eu me sinto rasgando a malha do espaço-tempo enquanto camadas de saxofone se sobrepõem umas às outras, até meu corpo ser ejetado pelo espaço, flutuando no vazio, à medida que o instrumental vai esfriando. Acho que essa pode ser uma das faixas mais fabulosas que eu já ouvi, justamente por não ser cantada. É a tradução máxima de sinestesia. 

60. GWSN – Like It Hot

Desse último EP do GWSN, saíram coisas muito boas. Like It Hot mesmo, que é a title, soa redondinha ainda que tenha o orçamento de centavos por conta das dificuldades e falta de retorno do grupo. Eu observei os números da música durante o ano, e fiquei desapontada porém não surpresa de ver que as views estacionaram depois de algumas semanas; não sei se porque o GWSN entregou uma coisa levemente diferente do habitual garage house, ou se os kpoppers protetores dos desfavorecidos são um bando de hipócritas mesmo, mas o fato delas se arriscarem em um campo desconhecido, com um tropical house que poderia dar muito errado e feder a azedo, ganhou muitos créditos comigo. Eu simplesmente amo o andamento da faixa como um todo, de como ela soa como qualquer coisa do IZ*ONE e desemboca numa linha de baixo inesperada, alcançando os registros vocais mais baixos que o de costume. Se o GWSN cantar pra subir com essa, eu vou ficar triste, mas extremamente satisfeita. 

59. LIGHTSUM – You, jam

Aposto que ninguém lembrou disso aqui, e se lembrou, provavelmente vai me ameaçar nos comentários por ter colocado no lugar de Vivace. Mas assim, You, jam é tão o que eu queria que o ITZY fosse, que eu acabei adotando essa música como um dos meus guilty pleasures desse ano. Óbvio que a produção nem é lá essas coisas, e a faixa poderia ser um minuto mais curta, mas eu fiquei completamente viciada em como os I like this phenomenon soam. É um teen crush eletrônico divertido, extremamente bobo e contrasta muito bem com a sonoridade mais dreamy do single. É um trabalho que, se for bem trabalhado pela Cube (e a gente sabe que isso não vai acontecer), pode definir os próximos lançamentos do LIGHTSUM e ser um ponto de destaque no meio de tantos grupos homogêneos. 

58. Blackswan – Close to Me

Sim, o Blackswan foi o grande bafafá do ano pelos motivos errados. Depois do lançamento de Close to Me, o grupo entrou numa espiral de fofocas sobre bullying, ridicularização de transtornos mentais e pessoas descontroladas pelo poder do racismo de ambos os lados. No meio disso tudo, a empresa ficou assistindo de braços cruzados tudo desmoronar (até porque esse grupo é amaldiçoado, quantas coisas não aconteceram até a existência desse barraco), e só lançaram uma nota dias depois dizendo que tudo foi resolvido. Enquanto isso, a Larissa tá no Brasil mandando indireta em português pelo Tiktok. Enfim, sei lá quanto tempo mais o Blackswan vai sobreviver, mas Close to Me é a tentativa mais certeira em uma década de raniaverso, mesmo que a produção não seja aquelas coisas. Elas funcionam muito bem como um quarteto e a música soube aproveitar todas as integrantes da forma que merecem, vendendo a principal proposta do projeto todo: ser global. 

57. Miliyah Kato – The Fate

Esse ano eu me aproximei dos lançamentos da Miliyah Kato, e sinceramente foi uma das melhores coisas que eu fiz. O primeiro da lista é The Fate, uma música feita em parceria com a Federação Japonesa de Caratê como forma de homenagear um esporte tão local e comemorar sua inclusão nas Olimpíadas (fique sabendo que em Paris já vão tirar). Existe uma mensagem motivacional por trás, falando sobre o significado da verdadeira vitória, fazendo relação com os princípios filosóficos do próprio esporte, enquanto passam imagens de vários atletas da confederação. Apesar de contida, eu gosto da força que essa faixa carrega, principalmente pela base de jazz que faz o instrumental ficar gigante no final. Dá pra entender que o propósito de The Fate é influenciar novas gerações do caratê com aquela ideia de país guerreiro que os japoneses carregam desde muito tempo. 

56. Chungha – Demente (ft. Guaynaa)

E pro desespero do Guilherme, olha aí Demente fazendo sua aparição no ranking como a melhor tentativa latinocoreana da Chungha em tempos. O maior fator pra me fazer gostar de Demente são os trechos em espanhol na maioria da música, principalmente os da Chungha, porque eu não sei quando a gente veria uma artista coreana se arriscar nesse nível (o que é bem diferente de meter palavras aleatórias em espanhol pra dar um ar latino falsificado). Aqui ela se entregou de verdade, assim como se entregou no Querencia todo, e a parceria com o Guaynaa ficou tão natural que eu não me surpreenderia de ver essa daqui em um top 50 latino do Spotify. Ouvir a Chungha ser chamada de mami, então, é minha morte. Demente é sensual, tem compasso, dá vontade de dançar lento com um amorzinho. Jamais na história do kpop um reggaeton foi tão bem feito.

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12 comentários sobre “Pacotão AYO GG | As 100 melhores de 2021 (70-56)

  1. Eu estou pleno tomando meu cafézinho enquanto assisto Locky & Key para me preocupar com Demente subindo feito palhaçada num TOP 100

    Narrador: Os olhos tremiam, as mãos suavam, e Guilherme fazia um abaixo assinado para derrubar Demente e colocar Arisong do Cignature só de birra hahahahah

    E eu quase coloquei algumas b-sides do Alcohol Free do Twice, mas do nada elas pareciam fracas para as que eu coloquei

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  2. Achei que “Not Friends” morreu muito cedo no seu top 100… que pena.

    Quanto ao PinkFantasy, concordo que a discografia delas não tem coerência – mas também, fica complicado esperar coerência na sonoridade entre um single e outro quando a agência delas mal consegue manter a mesma FORMAÇÃO do grupo entre um comeback e outro (acho que “Poison” foi a primeira vez que elas conseguiram manter a mesma formação do single anterior, “Lemon”). Mas realmente essa música ficou excelente!

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  3. Dessa vez eu nem tenho objeções sobre as colocações (e paro de encher tanto seu saco eu JURO).
    Mas ai, ainda to esperando o Pixy lançar A título delas, de b-sides elas estão ótimas falta uma título babadeira pra me fazer pedir desculpas por tanto massacrar elas.

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